Resenha: Electric Callboy – “Tekkno” (2022)
Surgindo para o mundo por volta de 2010, o Electric Callboy veio na proposta de diversas bandas de metalcore que estava explodidas naquele período, mas com o passar do tempo, a banda foi optando por acrescentar alguns elementos a mais em sua fórmula e saindo do quadro geral de um grupo do gênero.
Em 2022, com “Tekkno”, a banda já caminhava bem distante disso e incorporava o dance e o pop em meio a dissonâncias do metalcore. Lançado pela Century Media e trazido ao Brasil pela Shinigami Records, o álbum traz momentos bem divertidos e caótico, porém, a certo ponto a fórmula escorrega é começa a causar um certo enfadonho em sua audição.
Convenhamos que fazer piada dentro do metal não é nem de longe uma fórmula original hoje em dia, pois é algo que todos os dias brota um novo exemplar de algum lugar com a proposta de fazer anedota com os “tiques” do heavy metal. A mistura dos “Callboy” é bem arranjada, como a trilogia de abertura “Pump It“, que mistura o dance oitentista a caóticas linhas de guitarras e vozes, a seguinte “We Got the Moves“, uma das mais brutais do disco nos versos e caindo em um refrão que tira risos do ouvinte devido a troca de dinâmica e “Fuckboi” que começa brincando com as “boy bands rockistas”, inclusive contando com o Conquer Divide no registro. Ambas com vídeos hilarios. Após isso, chegamos a “Spaceman” que parece repetir a mesma fórmula e dinâmica das duas primeiras e simplesmente parece reciclar a mesma música com uma nova letra. “Mindreader” é uma das melhores do disco, onde a mescla de pesado e melódico parece melhor ser dominada. O refrão da faixa é grandioso e os andamentos dos versos é ótimo. “Arrow of Love” de novo parece carecer de imaginação e só recicla algo que já ouvimos aqui. “Parasite” é caótica na mistura do trance com metal e realmente mostra que a banda poderia se acertar um pouco mais, pois aqui, eles mostram domínio total da proposta. “Tekkno Train” poderia até seguir o mesmo caminho, mas escorrega feio em um refrão apático e apagado, que não empolga em nada. “Hurrikan” e “Neon” encerram a pouco mais de meia hora do trabalho. A primeira reflete completamente a aura dance dos anos 70, para na sequência virar um deathcore insano, sendo impossível não se espantar com o rompimento das sonoridades, porém o final sem sentido parece deixar algo maior passar. Já a última encerra de forma mais linear o disco sendo somente a última música.
Essas subidas e descidas, a inconstância da obra, parecem omitir um potencial muito maior que poderia ter sido entregue. Ainda que um disco divertido e bem pensado, falta algo para amarrar em definitivo todas essas ideias. Algumas pontas soltas impedem do produto decolar em definitivo, mas ainda assim, a audição acaba sendo interessante e no mínimo engraçada de se seguir. Entre os bate cabeça e a fritação, há bons momentos que merecem seus fones de ouvido.
NOTA: 7