Tsjuder dá aula de Black Metal Norueguês em SP
Por Metalphysicist
Leandro Cherutti (em cobertura para o Metal no Papel)
Neste sábado teve aula de Black Metal, ao vivo e a cores (corpse paint), para cerca de 100 metalheads que compareceram ao show do Tsjuder em São Paulo. A banda é de Oslo, faz parte da cena norueguesa de Black Metal desde os anos 90 – por isso trouxe consigo para o palco toda essa carga da tradição underground da segunda escola do Black Metal, o que é um acontecimento raro, no Brasil.
O mais incrível é que o Jaí Club fica a 12 minutos de carro daqui de casa. Quais as chances que eu teria nessa minha vida de ser credenciado para o show do Tsjuder, num sábado frio e chuvoso? Foi, tipo, como ir à Noruega assistir a um show em Oslo, sem precisar pegar 15 horas de avião e ainda gastar uma pá de Euros. Tmj, Confere Rock \m/!
O set da banda, de cerca de 70 min, é tirado dos seis álbuns de estúdio do Tsjuder, promovendo nesta tour Sul Americana seu último trabalho, “Helvegr” (2023). Confesso que eu não conhecia muito bem a banda e, ouvindo alguns álbuns do Tsjuder, eu tinha achado a banda muito ‘retona’, meio no esquema tocar o Black Metal arroz com feijão, ainda que com composições acima da média e inquestionável habilidade instrumental de Nag (vocal e baixo), Draugluin (guitarra e vocal). Completa a formação ao vivo o baterista Jon Rice (*pelo o que eu puder apurar).
Mas, ao vivo, a banda me deixou de queixo caído e pescoço doendo de tanto head banging que fui obrigado a praticar, possuído por músicas como “Helvet”, “Ghoul” e, na linha norueguesa ‘sutilmente’ satânica, merece destaque para “Kill for Satan”. Os caras impõem mais agressividade e energia na execução das músicas ao vivo e o baterista da banda é muito foda! A locomotiva que toda banda precisa para engatilhar um puta set de Black Metal com perfeição.
O som da casa está bom o bastante e a dupla Nag e Draugluin ocupam o palco com toda aquela elegância Norueguesa – dois mano maloqueiro e descabelado, de corpse paint, batendo cabeça e vociferando blasfêmias pelos microfones.
A banda está afiada nesta noite e já era sabido que os caras do Tsjuder se influenciaram bastante no Sepultura, dos tempo do “Bestial Devastation”, “Morbid Visions” e “Troops of Doom”. Essa influência do Thrash/Death desgraceira praticado pelos Cavalera naquela época é melhor sentida ao vivo, em músicas como “Slaict” e “Antiliv”. Por sinal, os mano fizeram um cover de “Troops of Doom” no final do show.
Também teve cover para “Sacrifice”, do Bathory, que caiu muito bem para introduzir a porradaria geral da última parte do show, cujas composições devem muito a Quorthon (Bathory) e Celtic Frost, bandas que já delineavam o Black Metal no início dos anos 80.
É isso aí, para quem não sabe, o Black Metal tem uma tradição de cerca de 50 anos, contando com escolas tradicionais e uma série de subgêneros contemporâneos que são muito foda, mesclando parada atmosférica, às vezes Industrial, até folk dando um clima ainda mais pestilento para a já soturna sonoridade do Black Metal.
Hail, Hail, Tsjuder!
Agradecimentos para a Confere Rock, que me propiciou esta rápida viagem à Noruega, bem como para todos os responsáveis pela produção, que atuou de forma competente e profissional, ao lado dos colaboradores da Jaí Clube.