Resenha: My Dying Bride – “A Mortal Binding” (2024)

Este pode não ser o disco mais aclamado da carreira de mais de três décadas que o My Dying Bride tem. Nem o mais experimental, ou qualquer outra adjetivo do tipo, mas pode-se afirmar sem dúvidas que foi o mais caótico a ser finalizado.

A Mortal Binding“, lançado pela Nuclear Blast Records e trazido ao Brasil pela Shinigami Records, trouxe atribulações a banda, ao ponto de logo em seguida de seu lançamento, cancelarem todos os shows já agendados e anunciarem que estão entrando em um hiato devido a tudo que vinha acontecendo recentemente.

Como dito, ao fãs ardorosos, esse não será o disco mais destacado de sua história ou muito menos, aquele mais experimental. Esse período de “testes” que o My Dying Bride teve, ficou para trás. As coisas agora são em outro rumo, são confortáveis, e talvez esse possa ser o selo mais certo ao se colar nesse registro.

Her Dominion“, a abertura mostra isso, trazendo o andamento arrastado do doom e característico da banda. Vocais rangidos e grotescos, e bateria marcada, formam a atmosfera que lança a penumbra sonora nos ouvintes. “Thormwyck Hymm” já é um pouco mais melódica, e traz os vocais limpos de Aaron Stainthorpe, colocando a música em um tom ainda mais obscuro e sendo um dos melhores momentos do disco, junto dos belos arranjos de violino. “Unthroned Creed” é agressiva na abertura e dá sequência na faixa anterior, buscando montar um tenebroso clima, que mesmo em meio a sua brutalidade, cria um ambiente aconchegante, ainda que gélido. “The Apocalyptist” volta os vocais grotescos e é arrastada, medonha e busca ares do death metal, em tudo aquilo que fãs amam em um épico de nada menos do que 11 minutos.”Crushed Embers” é a menos interessante, que passa despercebida, até o encerramento com a melancólica e doce “The 2nd of Three Bells“, que não vai muito além da anterior, mesmo que traga passagens bastante bonitas e interessantes.

A questão do cair na “cama arrumada”, preferindo a segurança ao novo é um ponto que não podemos se dizer exclusivo do My Dying Bride, mas ao se tratar de um estilo que por sua natureza acaba se repetindo em muitas fórmulas, o disco não vai atrair a diversos ouvidos ou nem vai saltar aos amantes da banda. Claro, eles vão apostar entregar seus ouvidos ao que foi entregue, mas no final da audição, talvez concordem que esse tempo, seja lá o quanto ele durar, seja uma boa pedida para o momento.

NOTA: 7

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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