Mystic Circle – Mystic Circle (2022)
Dizer que um disco de black metal é visceral é chover no molhado, independente de você gostar ou não do som ali. O fato é que geralmente trabalhos do gênero captam uma força barulhenta que para uns é a glória e para outros uma verdadeira tortura em poucos segundos. Ao longo dos anos, o estilo foi se moldando e incorporando diversos elementos ao que antes era um som primordial e grotesco.
Assim era a dupla Beelzebub e A. Blackwar, e o Mystic Circle. Após um longo hiato, instabilidades na formação e total incerteza, a dupla volta a ativa e com um disco novo, homônimo, lançado pela Atomic Fire e distribuído pela Shinigami Records, e se distanciando daquele som primitivo de outrora e construindo um álbum com a força que o som pede, mas atraindo para si momentos mais cadenciados e melhores trabalhados, que fizeram bandas como o Dimmu Borgir crescerem tanto e chegarem a um público maior.
O trabalho se inicia com “Belial is my Name“, que traz algo mais cadenciado, mesclado a outros mais velozes e cheios de fúrias. “Seven Headed Dragon” segue a linha da anterior, com sintetizadores dando o tom nos versos, criando ambientes climáticos. “Hell Demons Rising” tem uma introdução muito bem desenhada e é uma das melhores faixas que o trabalho nos entrega. “Letters From the Devil” é uma das mais diferentes no seu andamento, mostrando uma veia quase punk em muitos momentos. Mais adiante, o encerramento fica por conta de “Satan Mistress“, um épico e ápice do disco com tudo que o black metal velho e novo podem proporcionar.
Cabe ainda ressaltar a bela capa que traduz fielmente o conteúdo do disco e feita pelo artista brasileiro Rafael Tavares.
Foram 22 anos de espera até que o Mystic Circle voltasse a ativa e entregasse algo novo ao seus seguidores, mas o resultado não decepciona e faz a espera valer a pena. Disco consistente e bem realizado que a banda realmente voltou e as profundezas de seu recôncavo lhe fizeram muito bem.
NOTA:8