Resenha: Brujeria – “Esto Es Brujeria” (2023)
Existem bandas que são excelentes tanto no estúdio quanto em cima do palco. Há outras bandas que conseguem ainda ser melhores no palco. Existe ainda um terceiro grupo das bandas que só funcionam no estúdio, pois ao vivo são um verdadeiro desastre. O Brujeria está neste último grupo. E a sensação veio depois de assistir a recente apresentação da banda por terras brasileiras e comparar com seu mais recente álbum, “Esto Es Brujeria“, o quinto álbum da banda.
A grande verdade é que o Brujeria de hoje não tem mais quase nada a ver com aquele Brujeria dos anos 1990. O único remanescente daquele projeto que “enganou” a todos nós, fazendo se passar por uma banda formada por narcotraficantes mexicanos procurados pelo FBI, Juan Brujo vem mantendo o projeto, mas, com exceção de alguns lampejos, o Brujeria não tem o mesmo brilho de quando Shane Embury, Dino Cazares e Billy Gould estavam na banda.
Hoje na companhia de outros músicos, o vocalista faz um novo álbum do Brujeria vir a luz do dia. Seis anos depois do último álbum, “Pocho Aztlán” e trinta anos depois do álbum de estreia, o icônico “Matando Güeros“, a banda apresenta algumas diferenças. A primeira e principal é em relação a qualidade da produção, que dá uma melhor experiência ao ouvinte. O som também sofreu profundas mudanças em relação aos primórdios.
A bolacha saiu pela Nuclear Blast lá na gringa no último dia 15. O Brasil não foi esquecido e ganhou a versão tupiniquim pela Shinigami, que relança quase tudo que a gigante alemã solta no mercado. O play é um tanto quanto extenso, são 53 minutos e 16 faixas, trazendo um Brujeria um pouco mais sério, pelo menos até a página dois, pois duas músicas estão entre as impagáveis: a faixa-titulo, que traz uma paródia com músicas típicas mexicanas e uma versão para “Cocaine” de Eric Clapton, que não precisou de tradução, é escrachada por si só.
O Brujeria deixou aquele Grindcore grotesco de lado e a sonoridade aqui trafega entre o Death Metal e o Metalcore, o que não chega a ser ruim. Ao contrário, como dissemos lá no início desta resenha, o lendário grupo (ou o que restou dele) se enquadra na categoria de “banda de estúdio”. As músicas estão bem acima da média e a curiosidade é acerca da funcionalidade destas músicas ao vivo. Como a banda passou pelo Brasil antes do lançamento deste play, a dúvida só será sanada em um próximo retorno da banda a estas terras.
Temos bons momentos durante a audição. Não temos mais aquela aura que a banda exalava em seus primeiros discos, que são sensacionais e inigualáveis. Aqui temos músicas mais trabalhadas. A produção aqui é caprichada e na parte da engenharia de som contou com Eddie Casillas, baixista do Tribe of Gypsies e da banda solo de Bruce Dickinson. Pode não agradar o fã do Grindcore feroz que o Brujeria fazia no passado, mas não vai passar despercebido.
NOTA: 7