Testament reúne os herdeiros do thrash metal no Rio
Texto: Carlos Monteiro
Foto: Ian Dias
Em meio a uma profusão de camisas de Ozzy Osbourne, já que foi um dos primeiros shows de música pesada após o falecimento do Príncipe das Trevas, os norte-americanos do Testament foram recebidos por uma plateia ensandecida neste sábado (24/3) no lendário Circo Voador, no Centro do Rio.
Nada como um bom show de thrash metal para aquecer um dia de já bastante sol na capital carioca, após uma sequência de outros dias gelados (pelo menos para os padrões locais). E o Testament mostrou porque é uma das mais importantes bandas do gênero, embora não faça parte do seleto grupo das “Big 4”.
Faltando cinco minutos para o início oficial, marcado para 22h, inusitadamente surgiu nos alto falantes do Circo o rap-rock “Fight For Your Right (To Party)” dos Beastie Boys. Era a deixa para o Testament emendar logo chutando a porta com o clássico “Practice What You Preach”, do álbum homônimo de 1989.
Plateia na mão, logo vem “Sins of Omission” e “Perilous Nation”, todas de 1989, mostrando porque o álbum é mesmo um dos favoritos do público. Outro destaque da primeira parte do show é “Rise Up”, canção “mais recente” de “Dark Roots of the Earth” (2012). A mais cadenciada “Low”, do álbum homônimo e mais alternativo (1994), também não faz feio.
Chega então um momento emotivo quando o vocalista Chuck Billy menciona suas raízes indígenas e faz um discurso lembrando que tem orgulho disso e que devemos sempre “fazer nossa voz ser ouvida”. “Vocês são meu povo”, diz, ao mesmo tempo em que mostra os braços indicando que o “sangue nativo” corre em suas veias. É a deixa para “Native Blood”, também de “Dark Roots…”, logo seguida por canção que aborda tema semelhante: a mais delicada “Trail of Tears”, de “Low”.
O carisma do vocalista grandão é sempre um destaque, mas a banda toda continua ótima, sob o peso dos veteranos guitarristas Alex Skolnick (e sua indefectível mecha branca no meio do cabelo) e Eric Petersen. Junto com eles, Steve DiGiorgio, o baixista de currículo invejável que inclui Megadeth, passando por Death e até Sebastian Bach. Apesar dos quilos a mais, sua performance é marcante, assim como a execução do instrumento.
Antes de “Eletric Crown”, que retoma o peso do show, Skolnick lembra que recém-lançaram o clipe para “Infanticide A.I.”, do futuro álbum “Para Bellum”, que chega às plataformas em 10 de outubro. No entanto, eles não tocam a música. Mas houve novidade no setlist em relação aos shows anteriores com a inclusão de “The Ballad”, que realmente é o último momento calmo do show.
Daí em diante, um rolo compressor de canções leva o público a um êxtase mais “violento”. A sequência final com “First Strike Is Deadly”, “Over the Wall”, “More Than Meets the Eye” e “Into the Pit” deixa todos sem fôlego, suados, porém muito satisfeitos. A banda então se despede e Chuck Billy solta a velha máxima de que foi a melhor plateia da tour brasileira, que passou por seis cidades.
Entra então no som mecânico do Circo a também inusitada escolha de “Foreplay/Long Time” do Boston e a plateia tenta se recuperar desse show arrasa-quarteirão.
O show de abertura coube à banda carioca formada em 2012 “Reckoning Hour”, que apresenta um som metalcore e que, embora não seja do mesmo estilo dos headliners, atraiu a atenção dos headbangers em canções como “Away From The Sun” e “Shadow Of The World”. O setlist contou também com o novo single “Clarity”.
Durante a sua trajetória, o grupo teve o reconhecimento de bandas internacionais e nacionais ao tocar junto a bandas como Dream Theater, In Flames, As I Lay Dying, Sepultura, Angra Sabaton e Children of Bodom. O currículo inclui registros como o EP “Rise of the Fallen” (2013), e os discos “Between Death and Courage” (2016) e “Beyond Conviction” (2020).
O vocalista JP disse que estava muito feliz em ter aberto para o Testament também em Belo Horizonte dias antes, mas que “nada como tocar em casa”. O show foi curto, apenas meia hora, e – embora tenha começado com o público um pouco mais disperso – conseguiu aquecer a galera para a atração principal, atraindo fãs cantando suas canções.
Uma das melhrores bandas do estilo, valeu!!!!