Resenha: Hammerfall – “One Crimson Night” (relançamento)
Quando uma banda resolve gravar um álbum ao vivo, a expectativa é dupla: capturar o momento e manter a identidade. No caso de HammerFall, com “One Crimson Night”, essa tarefa foi realizada em sua cidade natal, durante show em Gotemburgo, Suécia, o que lhe confere um caráter intimamente orgulhoso.
Lançado pela parceria entre Nuclear Blast com parceria da Shinigami Records em uma bela edição digipack, o álbum oferece dois discos (com faixa-bônus) que percorrem os grandes momentos da banda. A produção sonora é sólida: boa clareza nos instrumentos, força nos vocais, e o público aparece como elemento coadjuvante, mas presente — é possível sentir parte da plateia junto.
A abertura com instrumental “Lore of the Arcane” prepara o terreno antes de um dos hinos “Riders of the Storm” disparar em frente. A banda segue explorando seus clássicos — “Heeding the Call”, “Steel Meets Steel” e “Hearts on Fire” estão entre os momentos que mais vibram no palco e que, para quem já acompanha o grupo há tempo, trazem a catarse do coro coletivo.
A formação com Joacim Cans (vocais), Oscar Dronjak e Stefan Elmgren (guitarras), Magnus Rosén (baixo) e Anders Johansson (bateria) mantém a solidez do conjunto — músicos que sabem o que fazem em contexto ao vivo. No entanto, nem tudo é perfeito: o álbum inclui solos de baixo e de guitarra que alguns críticos consideram dispensáveis, sugerindo que, em alguns momentos, o espetáculo soa mais ritualístico do que espontâneo.
Um dos trunfos do álbum é justamente trazer ao vivo o repertório cantado como se fosse para a galera, com entrosamento visível e energia visível — mesmo que quem busca inovação ou mudanças de direção talvez sinta um certo tédio. Afinal, o que HammerFall oferece aqui é exatamente aquilo que já conhecemos: riffs de galopar, refrões que convidam o coro, uma produção que exibe músculo.
Em resumo, “One Crimson Night” funciona muito bem como documento de uma banda que se orgulha do que faz e quer que seu público participe desse momento. Se você já gosta de HammerFall, esse álbum é quase obrigatório para reviver o show em casa. Se ainda não é fã, talvez seja um bom ponto de entrada — com a ressalva: não espere experimentações radicais. Você vai encontrar o metal direto, sem firulas.
NOTA: 8
