Alice in Chains: 30 anos do álbum auto intitulado

Há 30 anos, em 7 de novembro de 1995, o Alice in Chains lançava seu álbum homônimo, o terceiro de sua carreira e o último com o inesquecível vocalista Layne Staley, que é assunto do nosso bate-papo desta sexta-feira.

O álbum encerrou um jejum de três anos sem lançamento de um álbum inteiro. Entre “Dirt” e o aniversariante do dia, a banda lançou um EP, “Jar of Flies“, em 1993, quando eles passaram pelo Brasil para tocar no saudoso Hollywood Rock, na companhia do Nirvana. Em 1995, haviam rumores de que a banda havia se separado e até mesmo de que Layne Staley havia morrido. Então eles se juntaram para provar que todos estavam errados.

Haviam razões para as suspeitas, pois o Alice In Chains se viu obrigado a cancelar uma tour que faria com o Metallica, Suicidal Tendencies e Fight, pois Layne Staley que havia parado em uma clínica de reabilitação para se tratar do vício em cocIna, teve uma recaída no uso da droga. Então a banda deu um tempo. Layne montou o Mad Season, um projeto com o guitarrista do Pearl Jam, Mike McCreaddy, enquanto que Jerry Cantrell trabalhou em um álbum solo.

Jerry Cantrell deu uma resposta aos boatos na letra de “Grind“, em que ele canta “In the darkest hole, you’d be will advised not to plan my funeral before my body dies (No mais escuro dos buracos, você é aconselhado a não planejar meu funeral antes que meu corpo morra)”, logo no primeiro verso da música.

Todos foram ao Bad Animals Studio, em Seattle, acompanhados do produtor Toby Wright, onde ficaram entre os meses de abril e agosto daquele ano. O álbum é comumente chamado de “Tripod”, “The Dog Album” ou “The Dog Record”, devido a arte da capa, que retrata um cão com três patas. Tripod era o nome de um cão que aterrorizava o baterista Sean Kinney, quando este era um entregador de jornais em sua juventude e isso inspirou a capa do álbum. Alguns cães foram utilizados para a sessão de fotos, mas nenhum deles pertencia a Jerry Cantrell como diziam os boatos na época.

Se este foi o último álbum com Layne Staley, como dissemos no início deste texto, esse álbum marca a estreia do baixista Mike Inez e também é o último álbum pela major Columbia. Este também é o álbum do Alice in Chains a contar com o major número de composições por Layne Staley. À exceção de “Grind“, “Head Creeps” e “Frogs“, todas as demais letras foram escritas pelo frontman. As letras tem temas sombrios, que giram em torno de assuntos como morte, depressão, relacionamentos, isolamento, uso de drogas. O vocalista deu uma declaração sobre as duas letras:

“Eu apenas escrevi o que estava em minha mente… então muitas das letras são muito soltas. Se você me pedisse para cantar as letras para provavelmente qualquer um deles agora, eu não poderia fazê-lo. Eu não tenho certeza do que eles são porque eles ainda são tão frescos. Por muito tempo eu deixei problemas e relacionamentos azedos governarem sobre mim, em vez de deixar a água rolar pelas minhas costas… Achei legal poder escrever uma música tão sombria e deprimente. Mas então, em vez de ser terapêutico, , estava começando a se arrastar e continuar doendo. Desta vez eu apenas senti, ‘Foda-se. Eu posso escrever boa música, e se eu me sentir à vontade e com vontade de rir, eu posso rir.’ Não há uma mensagem enorme e profunda em nenhuma das músicas. Era apenas o que estava acontecendo na minha cabeça naquele momento. Tivemos bons e maus momentos. Gravamos alguns meses sendo humanos.”

As sessões de estúdio foram marcadas pelos atrasos de Layne, em decorrência do seu vício em heroína. A gerente da banda, Susan Silver deu a seguinte declaração:

“Foi uma sessão realmente dolorosa porque demorou muito. Foi horrível ver [Layne] naquela condição. No entanto, quando ele estava ciente, ele era o mais doce, cara de olhos brilhantes que você gostaria de conhecer. Estar em uma reunião com ele e fazê-lo adormecer na sua frente foi angustiante.”

Jerry Cantrell disse também que “Muitas vezes foi deprimente, e fazê-lo parecia como arrancar os cabelos, mas foi a coisa mais legal, e estou feliz por ter passado por isso. memória para sempre”. Layne, por sua vez, disse que iria amar o álbum para sempre, pois foi o único que ele se lembrava de ter feito.

 

Dando play na bolacha, temos o Alice in Chains de sempre, intenso e visceral. O álbum não é tão pesado quanto “Dirt”, o antecessor, mas tem seus grandes momentos. Temos 12 faixas e duração de 65 minutos, onde podemos destacar as músicas “Grind“, “Brush Away“, “Sludge Factory“, “Heaven Beside You“, “So Close”, “Frogs” e “Over Now“. Mais da metade do álbum é acima da média.

Nosso aniversariante é pra lá de depressivo, mas que dá vontade de apertar o play novamente quando ele se encerra. Você sente uma tristeza no disco, como Jerry Cantrell relembrou em uma entrevista no ano de 2018:

“Há uma tristeza nesse disco – é o som de uma banda desmoronando. Foi nosso último álbum de estúdio [até aquele momento]. É um disco lindo, mas também triste. É um pouco mais exploratório, um pouco mais sinuoso. Não é tão elaborado quanto o resto de nossos discos.”

Embora não tão bem sucedido quanto “Dirt“, o álbum teve bom desempenho: alcançou o topo da “Billboard 200“, ficou em 4° na categoria de álbuns de Rock e Metal do Reino Unido, 5° na Austrália e no Canadá, 11° na Suécia e na Noruega, 13° na Finlândia, 28° na Nova Zelândia, 37° no Reino Unido e na Escócia; 75° na Holanda e 93° na Alemanha. Foi ainda certificado com Disco de Prata no Reino Unido, Ouro no Canadá, Platina no Reino Unido e Duplo Platina nos Estados Unidos. Os videoclipes de “Grind” e “Again” foram indicados para o Grammy, na categoria “Melhor Performance de Hard Rock” e o clipe de “Again” foi indicado ao MTV Music Awards, na categoria Melhor Vídeo de Hard Rock.

A banda fez poucos shows para divulgar este disco, sendo que a maior delas foi em abril de 1996, quando gravaram o acústico MTV. Esse é uma das maiores apresentações de sempre deste formato. Em 2002, o mundo ficaria de luto ao saber da passagem de Layne Staley, vítima de overdose. Mas Jerry Cantrell não esmoreceu, recrutou o vocalista/ guitarrista William DuVall e a banda segue na ativa até hoje, fazendo poucos shows, é bem verdade. Layne faz muita falta e será lembrado para sempre.

Hoje é dia de celebrar o mais novo trintão do Rock. Enquanto aguardamos o álbum sucessor de “Rainier Fog“, lançado em 2019, quando vivíamos em um mundo pré-pandemia de COVID-19. Longa vida ao Alice in Chains, os fãs precisam de novas músicas da banda.

Alice In Chains – Alice in Chains
Data de lançamento – 07/11/1995
Gravadora – Columbia

Faixas:
01 – Grind
02 – Brush Away
03 – Sludge Factory
04 – Heaven Beside You
05 – Head Creeps
06 – Away
07 – Shame in You
08 – God Am
09 – So Close
10 – Nothin’ Song
11 – Frogs
12 – Over Now

Formação:
Layne Staley – vocal
Jerry Cantrell – guitarra/ vocal em “Grind”, “Heaven Beside You” e “Over Now”
Mike Inez – baixo
Sean Kinney – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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