Resenha: Meshuggah – “Koloss” (2012)
Nascido nos anos 90, o Meshuggah é sem dúvidas uma das bandas mais fora de eixo que o heavy metal já deu luz em toda a sua trajetória.
Aos poucos, a banda foi criando um estilo único e galgando caminhos realmente escabrosos de sua sonoridade e disco após disco, o seu som foi se transformando em um titã, melhor, um colosso.
Justamente de “Koloss” que vamos falar hoje. O sétimo disco do grupo que recentemente foi relançado pela Shinigami Records no Brasil, mostra uma complexidade monstruosa e sem perder o ritmo faixa após faixa, criando um dissonância sonora que mexe com a cabeça do ouvinte mais tradicional. Ainda que cause aversão nos mais lineares, foi aqui que a chave virou de vez e o Meshuggah se tornou uma potência imparavel.
“I Am Colossus” é a abertura e já descarrega sua carga de uma vez na cabeça do espectador. Faixa densa, criada em contratempo com uma dinâmica que sai totalmente do óbvio e já mostra que a experiência adquirida pelos músicos ali já era surreal, principalmente o baterista Tomas Haake que é um dos maiores gênios no instrumento. “The Demon’s Name is Surveillance” da sequência e continua o furacão sonoro trazendo um turbilhão de riffs disparado sem piedade amarrados em um groove impressionante. “Do Not Look Down” é o que o seu nome diz. Não olhe para baixo porque a vertigem sonora está aqui. “Behind the Sun” é dark, soturna, tem um andamento climático e dona de uma atomesfera que nos joga em um pesadelo nebuloso e hipnótico. A faixa se destaca por vermos como hoje dez anos após, o Meshuggah se tornou tão importante na continuidade do metal, onde vemos bandas como o Sleep Token e o Vola beber tanto de sua fonte. “The Hurt That Finds You First” traz a banda em seu lado mais dos primórdios, em algo que pode ser visto mais “comum” para seus padrões em uma música sem freio e tempo para respirar com tacadas da guitarra que te tiram de órbita. “Break Those Bones Whose Sinews Gave It Motion” é um dos cartões de visita principal da banda e são daqueles que representam totalmente o que o Meshuggah é. Vocais raivosos, instrumental desconcertante e impressão de que o mundo é um apocalipse completo. “Demiurge” é outra presença surreal dali e uma das obras mais caóticas e sanguinárias que já foram produzidas por esses caras.
Com “Koloss”, o Meshuggah encontrou seu caminho e fez uma escola que ainda hoje rende “novos alunos” e colocou uma nova identidade dentro do heavy metal.
NOTA: 9