After Forever – After Forever (relançamento)

O After Forever encerrou sua trajetória em 2007 com um disco homônimo que se revelou um verdadeiro testamento artístico. Agora relançado, o trabalho volta a evidenciar por que a banda holandesa foi uma das mais criativas do metal sinfônico dos anos 2000. O disco é lançado pela parceria Nuclear Blast e Shinigami Records, trazendo nova roupagem sonora e alguns bônus que completam o pacote.

Se por um lado nunca alcançou a popularidade massiva de grupos como Within Temptation, por outro o After Forever sempre soube caminhar com identidade própria. Sob a liderança da voz monumental de Floor Jansen – hoje à frente do Nightwish –, o grupo equilibrava peso, melodias grandiosas e experimentações ousadas. O resultado é um álbum que, mesmo passados mais de quinze anos de sua estreia, ainda soa relevante.

O repertório mostra essa versatilidade em faixas como “Withering Time”, marcada por sua atmosfera agressiva e arranjos orquestrais imponentes, e “Transitory”, que mergulha em riffs ásperos e um metal mais moderno. Já “De-Energized” flerta com o death metal melódico graças aos vocais guturais de Sander Gommans combinados a guitarras densas e dissonantes. Mas é em “Dreamflight” que a banda atinge seu auge criativo: uma viagem épica de mais de 11 minutos, repleta de mudanças de clima, texturas orquestrais e um senso progressivo que a transforma no coração do álbum.

A força do disco, porém, está em grande parte na performance de Floor Jansen. Ela alterna com naturalidade entre o soprano lírico de “Withering Time”, os refrões explosivos de “Energize Me” e a delicadeza quase intimista de “Cry With A Smile”, uma das canções mais emocionais da obra. Sua interpretação é tão marcante que ajuda a entender a escolha da cantora como sucessora no Nightwish alguns anos depois.

A versão remasterizada traz um som mais robusto, com guitarras reforçadas e maior impacto geral, ainda que alguns detalhes atmosféricos tenham perdido espaço no processo. Além disso, há duas faixas bônus: a melancólica “Lonely”, conduzida apenas por piano e voz, e a acessível “Sweet Enclosure”, que dialoga com o lado mais direto da banda. Embora não tragam surpresas para quem acompanhou o grupo em sua época, funcionam como complementos interessantes.

No fim, este relançamento de “After Forever” não reinventa o material, mas reafirma a qualidade de um álbum que soube captar o auge de um estilo. Para os fãs que não tiveram acesso ao disco original, trata-se da oportunidade ideal de mergulhar na despedida de uma banda que soube unir técnica, emoção e ousadia em um mesmo registro.

NOTA: 7

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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