Andreas Kisser fala sobre a “importância do Sepultura na vida de pessoas”

Andreas Kisser falou em uma nova entrevista ao Diário do Grande ABC, como ele vê a importância do Sepultura na vida de diversas pessoas. Quando questionado sobre como ele planejou a “Celebrating Life Through Death”, ele diz:

“Pois é, começou há uns dois anos. Antes de a gente fazer o anúncio (do encerramento da banda). E depois foi um processo bem pensado e tranquilo. Acho que a pandemia tem um pouco a ver com isso, dessa coisa de encerramento de ciclos e você procurar novas possibilidades. Uma porta que se fecha e dez outras se abrem. A minha esposa também faleceu há dois anos, de câncer, foi um processo difícil… Um ano e meio desde o diagnóstico até ela falecer. Os últimos dias foram muito difíceis, todo aquele aspecto do cuidado paliativo. Por que que não se fala de eutanásia nesse País? Por que a gente não conversa sobre a morte em geral? Acho que tudo isso que eu passei tem muito dessa coisa de acabar, e de respeitar a finitude. A gente acaba com vários ciclos todos os dias de nossas vidas praticamente, e você tem novas possibilidades e novas experiências. E acho que eu vejo mais por isso, é um processo de agradecimento realmente pelos 40 anos de uma banda, de uma história maravilhosa, a gente está no melhor momento, muito organizados, e vamos parar conscientemente, tranquilos e em paz com essa decisão. Falei individualmente com todo mundo para ter certeza mesmo se era isso, e acho que é a melhor coisa que a gente pode fazer. Os shows estão sendo muito emotivos, estamos vendo como o Sepultura é importante na vida de cada um e como os fãs são importantes na nossa vida e são esses 40 anos que a gente está aqui graças a isso, a esse relacionamento de altos e baixos, mudanças dentro da banda, mudanças tecnológicas, e mesmo assim, tocando pelo mundo inteiro, em mais de 80 países que a gente já visitou, sempre crescendo, sempre trabalhando com o presente. Acho que respeitar a finitude, respeitar finais de ciclo, é a coisa mais saudável que tem, a morte tem sido para mim a minha maior professora, me deu uma nova vida. E em relação ao Sepultura é muito isso também, a gente tá se sentindo jovem apesar dos nossos 40 anos de história. Tenho uma motivação para começar outros projetos, para trabalhar com gente diferente e levar minha música para outros lados. Isso é cultura, não vai acabar nunca, o Sepultura tá aí, os discos vão continuar, mais projetos envolvendo a banda, é um processo muito saudável sabe.”

Andreas também falou sobre como ele enxerga a evolução do Sepultura o longo desses anos de estrada:

“Eu acho que a gente não parou de evoluir. A gente sempre buscou informações. Eu estudo até hoje. Estudo violão com professor, com lição de casa. Tempo para estudo, para se dedicar e estudar é a melhor coisa do mundo. Eu acho que a música e a arte, elas são um fator de união, de tolerância, de saber trabalhar em grupo, saber ouvir crítica, saber ouvir um não, de procurar novas soluções, novos caminhos para problemas, não ficar só preso a uma certa coisa. Tipo, você é criativo mesmo? A arte te ensina isso, de você ver novas possibilidades para os mesmos problemas. Enfim, a gente se manteve. Você ver que a profissão que me escolheu, eu posso tocar até os 100 anos de idade, você ver aí o Jerry Lee Lewis fazendo uma turnê com mais de 90 anos, Paul McCartney, Rolling Stones. Cara isso é muito motivante, o Andrés Segovia (violonista espanhol) morreu com 91 anos e cancelou o show porque morreu. É isso que eu quero, viver bem velhinho e com a música você se adapta. Não é como outras várias profissões aí, a música você pode ir para sempre. É muito legal isso e acho que tem muito a ver com essa coisa do Sepultura também parar, de dar essa chance para a gente mesmo. A gente não precisa ser escravo de uma marca ou do que as pessoas acham que a gente tem de ser. E tem essa liberdade e essa paz de ter essa decisão é realmente uma coisa sensacional

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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