Andrew Watt relembra último dia de vida de Ozzy Osbourne

Em entrevista recente a Rolling Stone, o produtor e guitarrista Andrew Watt compartilhou lembranças marcantes de sua convivência com Ozzy Osbourne e destacou a importância da parceria que mudou sua carreira.

Watt esteve ao lado do lendário vocalista no show especial Back to the Beginning, em Birmingham, e descreveu a experiência como “inacreditável, quase como uma sequência de sonho”. Ele contou que estava em Londres trabalhando em um projeto e aproveitou para viajar até a cidade natal de Ozzy: “Cheguei lá e havia uma grande sessão de fotos, todo mundo estava presente. Ver [o guitarrista] Jake E. Lee reencontrando Ozzy após 30 anos foi incrível. Parecia um acampamento de verão do heavy metal”, relembrou.

Além dos reencontros, Watt recorda momentos íntimos ao lado da família Osbourne: “Na véspera do show, saí para jantar com Sharon. Levamos comida de volta para o hotel e ficamos no quarto de Ozzy por horas, conversando. Foi uma noite especial”, disse, emocionado.

A conexão pessoal e artística

Para o produtor, a relação com Ozzy era muito mais do que profissional e fala sobre o último dia de vida do cantor:

“Tudo estava normal e no dia seguinte a notícia veio foi um choque gigante. Ele via em mim coisas que eu mesmo não enxergava. Quem teve a sorte de ser amado por ele sabe disso. Ele tinha uma intuição quase mística, parecia prever situações antes de acontecerem”, afirmou.

Essa parceria se consolidou especialmente nos álbuns Ordinary Man (2020) e Patient Number 9 (2022), gravados enquanto Ozzy ainda se recuperava de um acidente doméstico: “Ali eu percebi que a música podia ser mais do que apenas canções: era uma forma de dar propósito, de fazê-lo rir, cantar, dançar e se curar”, explicou Watt.

Ele também reconhece o impacto pessoal que Ozzy teve em sua trajetória: “Antes disso, eu não era visto como produtor de álbuns completos. Ele acreditou em mim, me deu confiança e me ensinou muito sobre como mixar rock. Além disso, me deixou tocar guitarra em seus discos. Foi um sonho realizado. Mais do que tudo, sinto falta das risadas. Ele era a pessoa mais engraçada que já conheci”.

Lições de estúdio com o Madman

Entre os aprendizados, Watt cita a obsessão de Ozzy pelo baixo nas mixagens: “Ele sempre me dizia: ‘Ouça o Led Zeppelin e diga qual é o som mais alto’. Eu respondia: ‘A bateria, o John Bonham’. Ele corrigia: ‘Não, é o baixo’. Para ele, o baixo era a ponte entre a bateria e a guitarra, o elemento que dava peso às músicas. E se você ouvir nossos discos, como ‘Under the Graveyard’, vai perceber a força do grave”, explicou.

Watt ressalta que Ozzy estava envolvido em cada detalhe do processo: “Ele tinha ouvido absoluto. Às vezes parecia distraído, desenhando durante as audições, e de repente soltava um comentário certeiro que mudava tudo”.

Material inédito?

Questionado sobre possíveis músicas inéditas guardadas no estúdio, Watt preferiu manter o mistério. “Não posso falar sobre isso”, respondeu com um sorriso enigmático.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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