Após adiamentos, Geoff Tate celebra grande noite em São Paulo

Texto por Tarcísio Chagas
De volta aos shows e em São Paulo! Depois de algum tempo sem comparecer a eventos, lá fui eu diretamente do Rio de Janeiro para terra da garoa especificamente, ao Tokyo Marine Hall (antigo Tom Brasil), casa de show de excelente porte e bem ampla e que foi palco para uma apresentação super especial do grande Geoff Tate tocando dois álbuns clássicos de sua ex-banda, Queensryche, o subestimado “Rage For Order” (1986) e o seu maior clássico “Empire” (1990), com direito a abertura da excelente banda gaúcha Marenna. A expectativa era grande, senhoras e senhores!
MARENNA
Na hora marcada (20h40), o quinteto Marenna liderado pelo incrível vocalista Rod Marenna entrou no palco com a faixa-título do seu mais recente álbum “Voyager” e já deu para perceber que as pessoas que não conheciam o som dos gaúchos começaram a se interessar pelos caras e não é para menos. O que vimos ao longo de 45 minutos foi uma aula de Hard Rock moderno com uma pegada AOR e uma banda muito entrosada e se movimentando bastante pelo palco.
FOTO: BEL SANTOS
Músicas como “Never Surrender“, “Wait” e a excelente “Breaking The Chains” que foi um dos singles mais recente de “Voyager”, caíram nas graças do público que não as conheciam e cada vez mais participante. Eu assisti o show na parte de trás do público e foi muito interessante perceber como isso foi crescendo ao longo da apresentação e um fato curioso aconteceu foi que do nada, um rapaz que estava passando, virou para mim e falou: “Como tem coisa boa e a gente ainda não ouviu!” e foi embora!!! Parece mentira, mas não é, foi como ele chancelasse tudo o que muitas pessoas estavam sentindo.
Com a pesada “Too Young To Die” e a MARAVILHOSA “Had Enough“, a excelente apresentação chegou ao fim e que eu posso dizer é que o incansável Rod Marenna e sua turma são uma banda que você tem que ficar de olho e se eles tocarem na sua cidade, por favor, não percam.
GEOFF TATE
O recém operado do coração e um dos melhores vocalista da história do Heavy Metal entrou no palco com a seminal “Walk In The Shadows” de um dos álbuns mais injustiçados de todos os tempos. Lançado em 1986, o “Rage For Order”  do Queensryche foi muito mal divulgado pela gravadora (EMI) na época e o fato dele ter uma aura mais dark não ajudou muito, mas a maioria das pessoas que não gostaram ou sequer o entenderam, parece que mudaram de opinião depois de pouco mais de 35 anos. Vamos voltar ao show…
Como os álbuns seriam tocados na sua sequência original, “I Dream In Infrared” e “The Whisper” mostraram a disparidade do material de “Rage For Order“, pode parecer esquisito, mas ao vivo ficou ainda melhor, muito em razão da excelente banda que acompanha Geoff Tate com destaque ao tecladista brasileiro Bruno Sá e ao performático guitarrista escocês Kieran Robertson. A prova disso é que a única faixa do disco que nunca gostei era “Gonna Get Close To You” e ao vivo ela ficou muito boa, obviamente com umas pequenas mudanças no arranjo e muito mais pesada.
Minha preferida veio na sequência. “The Killing Words” além de ser linda, tem uma das mais belas letras da música em si, pelo menos para mim e nunca pensei que iria ve-la sendo tocada ao vivo e Tate mostrou que procede toda fama que ele carrega…que interpretação.
FOTO: BEL SANTOS
Por alguns breves minutos, Geoff Tate falou um pouco sobre “Rage For Order” e como ele tinha sido pouco reconhecido na época por ter essa aura mais dark e que a música seguinte não seguia essa linha. É claro que ele estava falando de “Surgical Strike” e que foi dedicada ao povo da Ucrânia. Tivemos o restante do disco como “London”, “Neue Regel” e outras até a derradeira balada “I Will Rememer” tocada inteiramente de forma elétrica, diferente dos elementos acústicos originais. Pausa para o próximo e mais esperado capítulo.
Por longos 20 minutos esperamos pela volta do sexteto e quando começou a introdução de “Best I Can” eu não resisti e me rendi a uma performance de uma air guitar. Não tinha como. Fui testemunha do show do Queensryche em janeiro de 1991 no Rock In Rio 2 aos 17 para 18 anos e aquele momento me remeteu a um momento especial da minha vida. “Empire” foi um dos primeiros cds que comprei na vida e um dos que eu mais escutei, mas até aquele momento não tinha parado para pensar a respeito, o que tornou tudo mais especial.
FOTO: BEL SANTOS
O hit “Jet City Woman” colocou todo o Tokyo Marine Hall para cantar e como cantamos! A sucessão de hits como “Another Rainy Night“, “Empire” e a nem tanta e mais fraca do show “Resistence”, fizeram a cama até o momento mais esperado do show. Qualquer pessoa que curte uma boa música, escutou ou ainda escuta muito rádio e que é da “geração MTV” conhece “Silent Lucidity“, música de maior sucesso da carreira do Queensryche e, consequentemente, do Geoff Tate. Curiosamente ela não foi escrita por Tate, mas sim inteiramente pelo guitarrista Chris DeGarmo, tido como muitos como a alma do Queensryche. Fiquei de olhos fechados por quase 6 minutos de duração dessa música e muita coisa veio na minha mente nesse momento. Tudo que eu vivi naquela época e de quanto importante a música foi em um momento tão difícil da minha vida. Esse é o poder da música e nunca duvidem disso.
FOTO: BEL SANTOS
Para a minha surpresa, “Hand On Heart” também foi bem ovacionada, mas a maior surpresa de todas foi ver a minha música menos preferida do “Empire” sendo tocada de forma tão energética. Estou falando de “One And Only“. Realmente foi um dos melhores momentos do show e tudo culpa da banda de Geoff Tate, que ficou rejuvenescido ao lado desses rapazes, mesmo depois de uma operação no coração feita recentemente.
O que falar de “Anybody Listening?“? Outro momento esperado por muitos e foi realmente especial. Ver meu amigo Igor Alves do site Harderapedia chegando as lágrimas também me emocionou. Me desculpa, irmão, mas tinha que citar esse momento tão especial.
Com esse momento, chegamos ao fim…opa, não, espere aí. Geoff Tate e seus companheiros voltaram ao palco e tocaram a clássica “Eyes Of A Stranger” do álbum “Operation:Mindcrime” (1988) com direito ao insano guitarrista Kieran Robertson subindo no P.A. e agitando sem parar.
Agora sim, chegamos ao fim de um show inesquecível, aliás, o evento todo foi muito bem organizado pela Top Link, a quem agradecemos pelo credenciamento e parceria, especialmente a incansável Isabele Miranda. Foi uma grande noite em São Paulo, uma verdadeira celebração da música!

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