Asesino: 19 anos de “Cristo Satánico”

Há 19 anos, em 18 de julho de 2006, o Asesino lançava “Cristo Satánico”, o segundo e até então último álbum lançado por este power-trio da música extrema, capitaneado por Dino Cazares. Este é apenas um de seus vários projetos e o álbum homenageado de hoje é uma pérola do Grindcore contemporâneo e que é assunto do nosso bate-papo desta sexta-feira.

Para quem ainda não conhece, o projeto conta ainda com o baixista Tony Campos, que usa aqui o pseudônimo de Maldito e que interessante é que tanto ele quanto Dino Cazares estiveram na formação da banda dos irmãos Cavalera, que passou pelo Brasil em 2022, na turnê “Return to Roots”, onde o álbum “Roots” foi tocado na íntegra. A relação dos membros do Asesino com o Brasil é ainda maior, pois aqui em “Cristo Satánico”, ninguém menos que Andreas Kisser participa em algumas faixas. Mas ele utilizou o Pseudônimo Sepulclo, por problemas de liberação da gravadora com a qual ele tinha contrato à época.

Andreas Kisser gravou solos de guitarra que podem ser ouvidos em três faixas: são elas “Rituales Salvajes”, “Twiquiado” e “Perro Primero”. Outra figura conhecida que também participou das gravações de nosso homenageado é o vocalista do Hatebreed, Jamey Jasta, que assim como Andreas Kisser, também utilizou de um pseudônimo, El Odio, provavelmente pelas mesmas razões contratuais que o brasileiro.

A banda havia vinha do álbum de estreia, “Corridos de Murete”, lançado quatro anos antes e se o disco não havia sido tão bem sucedido, a ideia era se superar. O aniversariante não só conseguiu a façanha, até com relativa facilidade, como também se consolidou como um disco “cult” do estilo. Então eles foram ao “Undercity Studios”, em Los Angeles, por onde ficaram durante o mês de janeiro de 2006. Dino Cazares assinou a produção. Logan Mader atuou como engenheiro de som e Roy Mayorga (que usou o pseudônimo Rata Mahatta) atuou também no design sonoro.

A capa pode ser considerada bastante agressiva, principalmente por uma parcela do público que curte Rock/ Metal atualmente, que é formada por aqueles que se dizem conservadores. E aqui, essa turma não é bem-vinda, pois a imagem é chocante, mostra uma bíblia com marcas de sangue e uma cruz invertida a ponto de perfurar o livro. A arte é assinada por Richard L. Jones III e por Dino Cazares.

Ainda que alguns de nós saibamos que em sua maioria, as letras de músicas tratam de temas abstratos ou ficcionais, aqui em “Cristo Satánico”, na primeira faixa, chamada “Advertencia”, antes mesmo de qualquer riff de guitarra aparecer, eles dão um aviso ao ouvinte do que eles irão escutar caso prossigam com a audição. Iremos reproduzir a narração abaixo:

“Atenção, o álbum que você está prestes a ouvir é uma história de eventos, horror, morte, estupro, satanismo e imundície… ouça por sua conta e risco.”

O álbum é composto por dezessete petardos, incluindo dois covers do Brujeria, banda da qual Dino Cazares e Tony Campos fizeram parte. Eles regravaram as músicas “Misas Negras” e “Matando Güeros”, que ficaram ainda melhores do que as versões originais. A duração do play é de 53 minutos e os grandes destaques ficam por conta das músicas “Regressando Odio”, “Maldito”, “Rituales Salvajes”, “Yo no fui”, “Padre Pedófilio”, “Enterrado Vivo”, “Adelitas”, “Twiquiado”, “Perro Primero”, “Sadistico” “Batalla Final” e a engraçada e impagável “Y tu mamá también”.

“Cristo Satánico” é uma aula de Death Metal, com riffs rápidos, modernos, pesados e impiedosos, além de vocais sujos e uma bateria violenta, unindo tudo o que o fã de música agressiva curte. Dino Cazares mostrou porque é um dos guitarristas mais importantes do Metal extremo atual.

Em 2021, o álbum foi relançado pelo selo francês Listenable Records e conta com mais sete faixas bônus, todas gravadas ao vivo, sendo seis que foram originalmente gravadas aqui em “Cristo Satánico”, que foram “Regresando Odio”, “Padre Pedófilo”, “Enterrado Vivo”, “Adelitas”, “Y tu mamá también”, “¿Puta con Pito?”, além de  uma versão para “Angel of Death”, do Slayer. Em dezembro de 2024, o álbum foi relançado também em cassete.

Nosso aniversariante é um disco que merece estar na primeira estante dos melhores da história da música extrema. Oficialmente, a banda segue na ativa, em 2022 eles andaram fazendo shows para comemorar os vinte anos do primeiro álbum. Entretanto, este “Cristo Satánico” é até o momento o último álbum lançado pelo trio que canta em espanhol, mas que é originário da Califórnia.

No ano de 2008, os brasileiros tiveram a oportunidade de assistir ao Asesino ao vivo: a banda desembarcou em nosso país, onde realizou dois shows no mês de dezembro daquele ano. As cidades de São Paulo e Curitiba foram as escolhidas e além do Asesino, também assistiram a apresentações do Divine Heresy, outro dos diversos projetos paralelos de Dino Cazares, cujo paradeiro atualmente é desconhecido. O guitarrista segue em plena atividade com o Fear Factory, sua banda principal.

Hoje é dia de celebrar esse álbum que envelhece muito bem, obrigado e se encaminha para o grupo dos álbuns que completarão vinte anos em breve. Enquanto aguardamos notícias sobre um possível novo álbum do Asesino, vamos escutar essa bolacha no volume máximo.

Cristo Satánico – Asesino
Data de lançamento – 18/07/2006
Gravadora – Koolarrow Records:

Faixas:
01 – Advertencia
02 – Regresando Odio
03 –     Maldito
04 – Rituales Salvajes
05 – Yo no fui
06 – Padre Pedófilo
07 –     Enterrado Vivo
08 – ¿Puta con pito?
09 – Adelitas
10 –     Twiquiado
11 – Perro Primero
12 – Sadístico
13 – Batalla Final
14 – Cristo Satánico
15 – Y tu mamá también
16 – Misas Negras
17 –     Matando Güeros

Formação:
Asesino – guitarra
Maldito X – baixo/ vocal
El Sadístico – bateria

Participações especiais:
Sepulclo (Andreas Kisser) – guitarra solo
Santos – vocais adicionais em “Rituales Salvajes” e “Y tu mamá también”
La Ametralladora – vocais femininos em “Y tu mamá también”
El Odio (Jamey

Jasta) – vocal adicional em “Regressando Odio”

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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