Bangers Open Air, dia 3: último dia da edição conta com calor intenso de dia, celebrações de debuts, lendas do Metal e apresentações apoteóticas
O último dia da edição de 2025 do Bangers Open Air encerrou o evento com o poderio das 22 bandas presentes que se apresentaram nos quatro palcos do evento – Ice, Hot, Sun e Waves -, no Memorial da América Latina, no último dia 04 de maio. O calor recorde do domingo, junto ao frescor da noite, criaram climas favoráveis para receber atrações nacionais e internacionais do Power Metal, Metal Gótico, Heavy Metal, Metal Sinfônico, Thrash Metal e Death Metal, por exemplo.
Os grandes destaques do domingo estiveram nos palcos Ice, Hot e Sun. Nos dois primeiros – os principais -, a dobradinha alemã de Beyond the Black e Lord of the Lost trouxe, em meio ao sol quente, o melhor do Metal Sinfônico e Metal Gótico de seu país, respectivamente. Já o Kamelot variou seu setlist para a segunda apresentação no festival, enquanto Kerry King, pela primeira vez, tocou no Brasil em seu projeto solo, com grandes nomes do Metal e com “doses” de Slayer no repertório. Já no final da tarde e início da noite, o Blind Guardian, nome lendário do Power Metal, moveu uma multidão para coros atrás de coros em cada música, enquanto o W.A.S.P. celebrou os 40 anos de seu álbum de estreia, com direito a um discurso emocionante de Aquiles Priester. E para finalizar o evento, Tobias Sammet trouxe o Avantasia e diversos convidados para uma apresentação apoteótica.
Já o Sun Stage merece um parágrafo à tarde para destacar a brutalidade de seu repertório: o “Almoço” com Black Pantera, no Sun Stage, trouxe um prato cheio de mensagens importantes antirracistas, antifascistas e contra preconceitos, seguidos das lendas brasileiras do Dorsal Atlântica. Da mesma forma, o Vader trouxe o poderio de seu Death Metal e, depois, o Haken veio como representante raro para o Metal Progressivo no festival. Para a reta final, lendas como o Nile e o Destruction terminaram de “derrubar” o palco com o poderio sonoro do Death Metal Técnico da primeira banda e com o Thrash Metal poderoso dos alemães, pautados na celebração de “Infernal Overkill” (1985).
Veja a seguir como foram as apresentações do terceiro e último dia do Bangers Open Air, com as bandas citadas (exceto o Vader):
Black Pantera e público fazem show histórico e engajado no Bangers; sol quente vira mero detalhe em pista frenética
Texto: Tiago Silva
Foto: André Tedim
Nem mesmo o sol do meio-dia mais quente do final de semana de Bangers Open Air, no domingo (04), foi empecilho para que o Sun Stage fosse aberto da forma mais frenética, potente e politicamente engajada por uma legião de fãs do Black Pantera, trio mineiro de Crossover Thrash e Hardcore Punk que, novamente, mostrou sua grandeza e importância no cenário nacional atual ao propagar, com total precisão e com a ajuda de um público engajado na causa, suas mensagens antirracistas, antifascistas e contra outros de preconceito.
Pontualmente e após os testes finais de som, Rodrigo Pancho (bateria), Charles Gama (guitarra e vocal) e Chaene da Gama (baixo e vocal) entraram no palco sob a introdução de “Tenha Fé, Pois Amanhã Um Lindo Dia Vai Nascer”, do grupo Originais do Samba, recepcionando o público presente e aqueles que chegavam na pista, lotando-a cada vez mais. Chaene mal começou a cantar os primeiros versos de “Candeia”, faixa em homenagem ao sambista de mesmo nome, e uma roda já tinha se formado no meio da pista, explodindo na parte mais agitada da faixa.
E para ler a resenha completa do show do Black Pantera, clique neste link.
Beyond The Black traz seu gótico moderno ao Bangers Open Air
Texto e fotos: Marcio Machado
Pela primeira vez no Brasil, o Beyond the Black trouxe o seu gótico modernoso ao Ice Stage, abrindo o trabalho nos palcos principais.
Divulgando seu disco homônimo de 2023 (leia resenha aqui) abre com a poderosa “In the Shadows“, em pleno meio dia e a vocalista Jennifer Haben, trajada a caráter, com um vestido preto e branco, e mostrando uma voz um tanto afinada.
Logo de cara ela agradece a boa recepção de um público que começava a se achegar naqueles primeiros momento de muita música que ainda viria pela frente, e ela não escondeu a felicidade de estar vivendo o seu momento aqui no Brasil, um público em sua grande maioria, receptivo.
“Hallellujah” vem na sequência e parece despertar felicidade em fãs da banda que estavam ali especialmente pelo grupo, e a faixa funciona muito bem com suas dobras entre guitarras e teclados. E contando ainda um reforço de voz do guitarrista Chris Hermsdörfer.
A sequência vem com “Songs of Love and Death” e “Wounded Healer“. Ainda do novo álbum, “Reincarnation” vem em seguida e tem uma ótima sequência de teclados e um tema que lembra algo sobre piratas. Chris manda ver em guturais durante o refrão, e nesse momento, já é notável que o som mais uma vez estaria bem alto e com a bateria de Kai Tschierschky alta enquanto o baixo de Linus Klausenitzer era quase inaudível, a não ser que você prestasse muita atenção ao instrumento. A próxima, “Heart of the Hurricane” poderia muito bem figurar entre uma faixa do Nightwish, e coloca o público para cima, pulando em plena luz do dia, e a esse momento, gotas de suor já escorriam pelo rosto de Jennifer, mas que em momento algum perdeu o pique do show, pulando e cantando afinada.
Indo para o final da apresentação, “Is There Anybody Out There?“, uma das melhores faixas do último disco é apresentada e todo o seu poder do estúdio consegue ser ainda potencializado ao vivo, trazendo um grande momento do show com o seu refrão poderoso e marcante, e que colocou o público para cantar junto, embalado pelo peso do instrumental virulento e ótimas dobras das guitarras de Chris e Tobi Lodes.
Dorsal Atlântica mostra força do pioneirismo do metal brasileiro
Texto: Marcio Machado – Fotos: André Tedim
Correndo para o “outro lado”, era hora de acompanhar uma lenda do metal brasileiro, o Dorsal Atlântica.
Em meio a correria, chego a tempo de presenciar o final de “Caçador da Noite“, com um som impecável e um bom público para o Sun Stage.
Antes da próxima, Carlos Lopes fala sobre suas convicções e como acreditava que venceria na vida, mesmo que para outros ele fosse um “fracassado”, se a sua música alcançasse alguém, ele teria sido vitorioso, acreditando na sua arte, na sua ideologia e em seus pensamentos. Assim foi o prenúncio para a porrada, “Vitória”. A todo momento, como pano de fundo, eram mostrados imagens da banda no início, de Carlos ao lado de Lemmy Kilmister, e reportagens falando sobre um novo grupo que mostrava a força do heavy metal nacional. A paulada “Stalingrado” veio na sequência e abriu diversas rodas no mosh e teve seu refrão cantado pelo público.
“Belo Monte” parece o canto de um mantra e coloca o público para agitar mais uma vez. Antes do fim, Carlos pediu uma prece ao irmão falecido, Cláudio Lopes, mesmo aqueles que não acreditassem em algo sagrado, que só levantassem as mãos e aplaudissem aquele o ajudou a fundar uma das bandas mais icônicas do nosso metal.
Mostrando que ainda tem muita lenha para queimar, o Dorsal Atlântica coroa o palco que antes foi do Black Pantera, e mostra que através de gerações, o metal brasileiro ainda é forte.
Paradise Lost traz sombras em meio ao sol escaldante e entrega um dos melhores shows da edição
Texto: Marcio Machado – Fotos: André Tedim
Assim como o Meshuggah no Knotfest 2024, o Paradise Lost foi totalmente injustiçado no horário que foi escalado para subir ao palco. Em plena 2 da tarde, com sol tricando, a banda iniciou o seu show.
A mistura entre o doom/gótico/alternativo que a banda traz, merecia ser algo apreciado sob a luz do luar, mas obviamente com a competência que a banda tem, não seria isso, ou o som extremamente alto, que iria atrapalhar o desempenho do competente grupo.
O início é com a hipnótica “Enchantment”, do icônico “Draconian Times”. Assim somos vislumbrados com Nick Holmes (vocal), Greg Mackintosh e Aaron Aedy (guitarras), Steve Edmondson (baixo) e Guido Montanarini (bateria) em suas posições de ataque e com uma aura densa e carregada.
Um memorial já bastante cheio, traz cabeças balançando ao som da cadencia das faixas, e uma pena que a bateria extremamente alta ofusque o baixo, algo tão presente na música de abertura. “Forsaken” vem na sequência, vindo do disco “Obsidian”. A música é tão densa que quase faz se esquecer do sol triturador do momento. Os presentes ali parecem sentir o mesmo, com visuais carregados em preto e pouco se importando para o clima de fogo. A voz de Holmes infelizmente estava abaixo do instrumental, dificultando a sua audição até este momento, o que é uma pena, pois é a conjunção perfeita do clima que a banda traz.
Aqui falamos de uma banda que carrega quase 20 discos em sua discografia e temas de difícil degustação, então imaginamos como é para eles se decidirem qual música ou tocarem ou não dentro de um tempo curtissímo de apenas 1 hora. Ainda assim, eles conseguem acertar e fazer um show até mesmo para os nãos fãs.
E para ler a cobertura completa do show do Paradise Lost, clique neste link.
Lord of the Lost faz show enérgico e, junto a fãs, supera calor de início de tarde com bom repertório Industrial e Gótico
Texto: Tiago Silva – Foto: André Tedim
Das bandas presentes no terceiro dia de Bangers Open Air, talvez a Lord of the Lost tenha sido a que mais sofreu com o calor incessante do início de tarde – o que deixou sua presença no Hot Stage ainda mais literal. O sexteto alemão, que tem predomínio nas vertentes Gótica e Industrial do Metal e do Rock, voltou ao Memorial dois anos após sua estreia, no primeiro Summer Breeze, e tocou e se entregou durante e após o derretimento das maquiagens de alguns dos membros, para a alegria de um público que, de dois anos para cá, pareceu crescer devido a uma boa quantidade de pessoas animadas durante o show.
Chris “The Lord” Harms (vocal), Klaas “Class Grenayde” Helmecke (baixo e backing vocal), Gerrit “Gared Dirge” (teclado e percussão), Pi “π” Stoffers (guitarra e backing vocal), Niklas Kahl (bateria) e Benjamin “Benji” Mundigler (guitarra e backing vocal) puxaram um setlist de 13 faixas que, além de mostrar o melhor das vertentes musicais da banda e os elementos sombrios da sonoridade do Lord of the Lost, trouxe grande sinergia entre os membros. E isso já foi visto de cara, com as quatro primeiras músicas – “The Curtain Falls”, “The Future of a Past Life”, “Loreley” e “Destruction Manual” -, com ótimos riffs dos guitarristas, boa cadência da bateria de Niklas Kahl e um poderio vocal impressionante de Chris Harms. Tudo isso com momentos em que o público, apesar do calor, pulou junto com a banda
Os impactos do calor forte atingiram parte dos integrantes em certo momento do show, o que ficou evidente nos exemplos de Klaas Helmecke, que teve que colocar uma toalha em sua cabeça e de Chris, que teve que tirar seus manguitos para não esquentar mais os braços e soltar os cabelos. No entanto, o ritmo da banda não caiu, o que permitiu com que todos seguissem enérgicos para faixas como “Raining Stars”, “Six Feet Underground” e “Born With a Broken Heart”, com parte do público bangueando em algumas partes da última faixa citada.
“Live Today”, “Die Tomorrow” e “Drag Me to Hell” foram músicas que ficaram entre o meio e a reta final do show e foram muito bem cantadas pelos fãs da pista, que acompanhavam qualquer interação que Chris e os demais integrantes pedissem no palco. Já para o final da apresentação, com mais ênfase nos agradecimentos pelo retorno ao Brasil, vieram as músicas “We’re All Created Evil” e “Blood & Glitter”, com maior peso sonoro e até mesmo breakdowns que gastaram as últimas energias da banda para um show muito impactante.
Kamelot encanta fãs com setlist diferenciado em segunda apresentação no Bangers Open Air
A segunda apresentação do Kamelot no final de semana passou de uma resolução para o último desfalque pré-festival – a não vinda do I Prevail – e se tornou um show necessário para fãs e público. Além do setlist diferenciado do dia anterior, com músicas que não são comumente tocadas pela banda ou que ficaram de fora do setlist do dia anterior, somados a sucessos que foram tocados novamente, a banda também contou com mais participações em faixa tanto de Melissa Bonny (Ad Infinitum), quanto a surpresa de Adrienne Cowan (Seven Spires).
Alex Landenburg (bateria), Oliver Palotai (teclado), Sean Tibbetts (baixo), Thomas Youngblood (guitarra) e Tommy Karevik (vocal) entraram na sequência, sendo o vocalista o último, depois da introdução “The Mission” e já durante o riff de “Phantom Divine (Shadow Empire)”, na primeira participação de Adrienne no show e sob um misto de líricos vocais e performances no centro-fundo do palco, enquanto a banda vinha num ritmo envolvente. “Rule the World” deu sequência, com uma banda animada, diferentemente do público – ao menos o do Lounge, que ficou mais comedido naquele momento.
Melissa apareceu pela primeira vez, neste show, em “Opus of the Night (Ghost Requiem)”. Seu figurino contou com uma máscara/coroa que a vendou e permitiu uma atuação mais contorcida durante a faixa, contando os momentos em que cantou. Depois, “Insomnia” alegrou de vez o público, que bateu palmas e pulou tanto no ritmo inicial da faixa, como no poderoso refrão. Vale destacar os bons solos alternados de Thomas e Oliver ao longo da música.
Depois, o misto de sonoridade e performance voltou muito bem para “Sacrimony (Angel of Afterlife)”, onde Melissa e Adrienne voltaram ao palco e foram muito bem junto à banda, a ponto de serem aclamadas e ovacionadas pelo público. Já “The Human Stain” foi amplamente cantada pelos fãs, acompanhados pelas ótimas linhas de baixo de Sean Tibbets e da afinação impecável de Tommy.
Melissa voltou ao palco para mais duas faixas, “Center of the Universe” e “New Babylon”. A primeira foi muito comemorada e cantada, enquanto a segunda ainda contou com a presença de duas pessoas encapuzadas, numa veste vermelha que foram suporte performático da backing vocal para esta faixa. Na reta final, o Kamelot ainda trouxe “Forever”, mais uma entre as músicas comemoradas e que também teve Tommy abraçado a uma bandeira personalizada do Brasil. Para o gran finale, “March of Mephisto”, além de seu peso sonoro e das nuances da faixa, ainda contou com Melissa e Adrienne, juntas, no palco pela última vez, naquele show. A apresentação sacramentou uma dose dupla de final de semana que, principalmente para os fãs do Kamelot, foi um agrado excepcional devido aos setlists diferentes.
Kerry King ainda é “escravo” do Slayer em estreia no Brasil
O domingo do Bangers Open Air, trazia entre as suas várias atrações, Kerry King e sua estreia como banda solo no Brasil.
É claro que a expectativa de ver dois ex membros do Slayer juntos novamente, era grande ao seus devotos fãs de tantos anos e anos de trajetória, ainda mais agora com a banda em hiato e pontuando alguns shows esporadicamente, sem sabermos se o Brasil estará em seu rumo em algum momento dessa nova suposta volta.
Compõe a banda além de King, Mark Osegueda (vocal), Paul Bostaph (bateria), Phil Demmel (guitarra) e Kyle Sanders (baixo), e com alguns minutos de atraso, eis que finalmente vemos aos poucos seus integrantes chegando um a um ao palco.
Para ler a resenha completa clique neste link.
Haken faz “hora do Prog” com setlist curto, porém impactante no Sun Stage
A única representação concretizada do Metal Progressivo desta edição do Bangers Open Air veio dos ingleses do Haken que, em sua terceira passagem pelo Brasil, dois anos após a anterior, praticamente hipnotizou o público com o misto da sonoridade impecável dos instrumentistas com o ânimo de seu vocalista, Ross Jennings. O setlist, de seis faixas longas, porém impactantes, fez a alegria dos que tinham a vontade de ver uma banda do gênero ou, simplesmente, ver esta banda em específico – mesmo com Kerry King tocando no Ice Stage, do outro lado do Memorial.
Além de Ross Jennings, o lineup contou com Ray Hearne (bateria, backing vocal), Peter Jones (teclado), Conner Green (baixo, backing vocals), Charles Griffiths (guitarra, backing vocal) e Richard “Hen” Henshall (guitarra, backing vocal). O diferencial, logo de cara, foi os instrumentos de corda sem Headstock, numa configuração mais minimalista.
A proposta da banda veio logo de cara, com “Puzzle Box”: linhas de impacto e constantes, somadas a uma performance vocal e corporal animada de Ross, que acenava para o público, para as câmera e para os drones, sempre tentando notar a todos os presentes – até mesmo os que ficavam mais ao fundo. “Prosthetic”, grande sucesso do grupo, veio em seguida com uma sonoridade mais agitada, porém sem perder o que há de melhor na essência da banda.
O grupo ainda trouxe pedradas como “1985”, “Cockroach King”, “Carousel” e “Falling Back to Earth”, que mantiveram uma sonoridade Prog primorosa no palco e que, no final das contas, mostrou que o Metal Progressiivo, quando bem representado, é um atrativo e tanto e que, claro, pode ser melhor explorado no futuro, pelo festival.
Blind Guardian emociona fãs engajados com volta de faixas ao setlist e clássicos que levaram a coros expansivos
Pouco menos de dois anos se passaram desde as últimas passagens do Blind Guardian pelo Brasil, como no Summer Breeze, em abril de 2023, e uma série de shows pelo Brasil em novembro daquele ano. A saudade dos fãs, no entanto, foi evidente no Hot Stage, com uma legião que, do início ao fim da apresentação do grupo de Power Metal, não deixou de cantar por um segundo, principalmente nos refrões. O mais incrível – e sim, eu presenciei isso no Lounge – foi ver pessoas que, mesmo que não tivessem trocado meia dúzia de palavras na vida, se abraçaram e cantaram as letras das faixas da banda alemã de Power Metal como se fossem amigos de longa data.
Frederik Ehmke (bateria), Marcus Siepen (guitarra), André Olbrich (guitarra), Johan van Stratum (baixo), Michael Schüren (teclado) e o icônico Hansi Kürsch (vocal) entraram no Hot Stage às 17h30, ovacionados sob o inicio de “Imaginations From the Other Side” e sendo acompanhados pelos coros do refrão da música. A dupla de guitarristas, inclusive, fizeram o melhor em seus solos. Em seguida, além das saudações enfáticas de Hansi, o vocalista também lembrou que, no dia anterior, André Olbrich fez 58 anos, o que levou a um coro parte de “parabéns”, parte em nome do guitarrista.
Leia a resenha completa neste link.
Nile une técnica e brutalidade no Sun Stage com setlist repleto de “pedradas”
A sexta passagem do Nile pelo Brasil, em pleno Bangers Open Air, foi como uma chuva de pedradas, porém sonoras, que deu continuidade (ou até mesmo elevou) à energia das bandas e do público no Sun Stage desse último dia de evento. A técnica das cordas e das vozes de Karl Sanders (vocal, guitarra), Brian Kingsland (guitarra, vocal), Dan Vadim Von (baixo, vocal) e Zach Jeter (guitarra, vocal), somadas à tecnicidade e as pancadas do lendário George Kollias (bateria), foram suficientes para “derrubar” o palco e ser um contraste benéfico à simplicidade visual no local, somando isso a um público fiel e ativo seja nos bangings, seja participando da incansável roda da pista.
Do repertório de dez álbuns lançados pelo Nile, apenas três não foram representados no setlist de dez músicas desse show: o álbum de estreia “Amongst the Catacombs of Nephren-Ka” (1993), “Ithyphallic” (2007) e “At the Gate of Sethu” (2012). Os demais tiveram ao menos uma faixa tocada no show.
Mesmo com o pequeno atraso, a pancadaria sonora do grupo de Death Metal Brutal e Técnico começou com “Stelae of Vultures”, seguida de outros sons poderosos como “To Strike With Secret Fang”, “Sacrifice Unto Sebek”, “Defiling the Gates of Ishtar” e “Vile Nilotic Rites”, esbanjando toda a técnica sonora da banda e a boa alternância dos guturais dos vocalistas. A sequência ainda se deu com faixas como “In the Name of Amun”, Kafir!”, “Sarcophagus” e “Lashed to the Slave Stick”, além do encerramento com a clássica “Black Seeds of Vengeance” e “Kheftiu Asar Butchiu” como uma faixa gravada que marcou a saída da banda do palco, após pouco menos de uma hora de uma das sequências de faixas mais brutais do evento.
Destruction encerra Sun Stage com celebração de “Infernal Overkill” e público ensandecido nas rodas
O clima do Sun Stage pareceu um pouco mais tranquilo no intervalo de uma hora entre o poderio do Nile e o início do Destruction, que voltou ao Brasil após seis meses da celebração de 40 anos da banda, num contexto da responsabilidade de completar o lineup após os cancelamentos ocorridos antes do festival. Porém, o início do “cenário infernal” que encerraria o palco no terceiro dia de Bangers começou, de fato, há dez minutos do início deste último show, quando já havia uma concentração de fãs na pista e, de forma massiva, vieram diversas pessoas que tinham acabado de ver o Heavy Metal nostálgico do W.A.S.P. e sua celebração ao debut homônimo de 1984. A coincidência é que o grupo de Thrash Metal alemão também celebraria os 40 anos de seu álbum de estreia, “Infernal Overkill”, de agosto de 1985 – nove meses de diferença -, naquela noite.
Para o show, um palco totalmente pautado na capa de “Infernal Overkill”: do telão aos banners laterais e até na coloração pela iluminação, em alguns momentos. Certo é que isso emergiu ainda mais o público a um show brutal na sonoridade e numa pista que contou com a “bênção” da lua em quarto crescente e com duas rodas com tudo que tinha direito: mosh pits, circle pits, bate-cabeças e até mesmo sinalizadores. Um cenário perfeito para que Randy Black (bateria), Martin Furia (guitarra), Damir Eskić (guitarra) e Schmier (baixo e vocal), presentes no Sun Stage conforme tocava a introdução de “Imperial March”, de John Williams, fizessem uma performance com maestria desde o começo.
A trinca inicial da íntegra do álbum de estreia do Destruction foi uma prova de tudo o que foi citado anteriormente: “Invincible Force”, Death Trap e “The Ritual” – a última tocada pela primeira vez desde 2019 – trouxeram a essência da sonoridade que aclamou o Destruction como uma das bandas do Big Four Alemão, no Thrash Metal: poderio nas baterias, riffs pesados e solos de guitarra arrasadores. “Tormentor” foi bem executada a ponto de levar o público a gritos altos em nome da banda, ao final da faixa.
Em seguida, o poderio e a velocidade de “Bestial Invasion”, o instrumental motivador (para mosh, claro) de “Thrash Attack” e a brutalidade “mais lenta” de “Antichrist” mantiveram a energia da banda e do público, cujas rodas não pararam em momento algum. A finalização da íntegra do “Infernal Overkill” veio com “Black Death”, faixa que, por curiosidade, não era tocada pela banda desde 2018, o que foi suficiente para ativar o lado mais frenético dos fãs, conforme o ritmo da música atingia picos de velocidade. Nas rodas, bandeiras de outros países da América do Sul, como Chile, Bolívia e Equador, apareceram na roda mais próxima do palco, numa cena que escancarou que a América Latina tinha seus representantes no Memorial.
O clima de “quero mais” do público coincidiu com o roteiro da banda para aquele show: também tocar faixas clássicas de outros álbuns do repertório. Essa sequência, com seis músicas de quatro outros álbuns do grupo alemão, veio após uma pequena pausa que acabou com a pequena introdução antes de “Curse of the Gods”, faixa que por si é espetacular e pesada desde o riff, o que reacendeu a energia do público. E isso seguiu com “Total Desaster”.
Schmier deixou para que o público escolhesse entre “Thrash ‘Til Death”” e “Nailed to the Cross” para a 11º faixa da noite. A segunda foi escolhida na base do “voto por grito” do público e, claro, foi bem aproveitada por ambas as partes, principalmente para quem estava nas rodas e as intensificou ainda mais. Na sequência, as clássicas “Mad Butcher” e “Destruction” vieram para manter esta temperatura no palco e na pista, intercaladas por um discurso emotivo do frontman sobre seu amor incondicional ao Brasil.
Quis a banda que o encerramento fosse com… “Thrash ‘Til Death”, faixa que não foi escolhida na votação de minutos antes, mas que entrou como um encerramento de grande calibre para aquele show, para o palco e até mesmo para o evento – pensando que poucos ficaram para ver o fim do Avantasia -, em um dia em que o Sun Stage foi o mais brutal possível de todos os dias desta edição. As saudades e a vontade por uma nova edição vieram desde aquele fim do show até a caminhada pela passarela, rumo à saída do evento…
W.A.S.P traz show nostálgico para público a caráter e entre clássico na íntegra
Banda liderada por Blackie Lawless, o W.A.S.P sobe ao palco deixando ainda no ar a dúvida de seus fiéis fãs; o disco homônimo de estreia seria ou não tocado na íntegra? E a resposta foi um, SIM! Acompanhado pelo guitarrista Doug Blair, o baixista Mike Duda e o baterista Aquiles Priester, precisamos contextualizar um pouco as coisas por aqui.
Para quem se lembra ou viveu os “tempos grandes” do W.A.S.P. sabe que a banda cresceu por além do seu visual, por letras quem provocativas e críticas, algo que permeava diversas bandas dos anos 80, e não era diferente aqui. Mas hoje, um “senhor”, Lawless é exatamente o oposto do que foi e figura mais como um dos que ele criticava. Ele aderiu a religião e se tornou seguidor do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Então, os contextos são diferentes de todo aquele barulheto primórdio anos e anos atrás.
Sendo ele próprio o único membro da formação original, os movimentos são mais lentos e sua voz, deixa no ar em alguns momentos se não há uma dublagem ali, fato que não irei me ater por aqui, mas que pude observar muitos questionando sobre isso.
Focando no que interessa, como dito, foi executado em sua totalidade o disco lançado em 1984, e que já completou suas quatro décadas de jornada. Em meio a isso, ainda que como dito um Blackie mais lento, tivemos uma grande presença dos demais integrantes, que além de fortalecer as linhas vocais, rodopiam, correm e batem cabeça enquanto emendam seus riffs.
O show acabou atrasado por dez minutos, e ainda parecia não ter de fato “entrado nos eixos”, já que o telão só começou a funcionar após longos minutos de show rolando, e mostrava imagens dos tempos áureos da banda, cenas de filmes de terror e outros.
Ao final do set com o disco de estreia, Aquiles foi a frente do palco, após Blackie dizer que “havia um de nós ali com ele”, e tomou o microfone, dizendo que a oportunidade havia lhe sido oferecido fazer um solo de bateria ou um discurso rápido, o qual ele ficou com a segunda opção, e disse:
“Ah, não é por ter a gente aqui nessa noite… É uma noite muito especial, e eu tenho certeza de que vai ficar na história.
Então, pra mim, está sendo — com certeza — o show mais importante da minha vida.
E eu só quero dizer a vocês, que não há nenhum lugar no mundo em que eu gostaria mais de estar do que aqui, celebrando essa grande noite do metal com cada um de vocês.
Muito obrigado! Vocês são simplesmente fod@s!”
Na sequência, “The Real Me” do The Who foi executada em uma versão bastante particular, com a banda ainda afiada, mas quem parecia cansado era o público, que aos poucos começou a “migrar” para o outro lado, a espera do Avantasia, que nesse momento, já estava tendo o seu palco preparado.
O show fecha com “Wild Child” e “Blind in Texas, ambas do segundo disco, “The Last Command” e coloca um misto de sentimentos aos que presenciaram o penúltimo show dos palcos principais. Era hora do encerramento.
Avantasia encerra Bangers Open Air com cores e uma verdadeira festa do metal
Eis que nos aproximávamos do momento derradeiro, a despedida da edição do Bangers Open Air 2025, e quem teve a responsabilidade de fechar a noite foi o Avantasia. Tobias Sammet e o seu “circo” do metal retornam aos palcos do festival, sendo que em 2023 já havia fechado o domingo quando ainda sob outro nome.
Pistas lotadas, palco devidamente montado e lá vamos nós para “Creepshow”, do último lançamento “Here Be Dragons“, que abre a apresentação com uma energia sinérgica do público. “Reach Out For the Light” é o puro suco do power metal, com bateria e riffs rápidos e traz a primeira participação da noite, a vocalista Adrienne Cowan. A faixa é um deleite com refrão grande, com corais e melodias pegajosas, e Tobias mostra que com 47 anos ainda tem um domínio forte sobre sua voz. “The Witch” vem fechar a trinca de abertura e faz o lugar desabar com a participação de Tommy Karevik do Kamelot, assim como na faixa original e encontro que já era esperado pelos presentes e nem por isso foi menos ovacionado.
Tobias conversa rapidamente com o público, pois o que parece é que ele quer entregar música o máximo que puder, e aí vem “Devil in the Belfry“, do clássico “The Scarecrow“, e que conta com a participação de Herbie Laghans. Logo chegamos a mais um clássico com “Dying For An Angel“, e que originalmente contou com Klaus Meine nos vocais, para a apresentação ninguém menos do que Eric Martin do Mr. Big sobe ao palco e não faz por menos, entregando tudo no refrão grandão que a faixa tem, e faz um momento vislumbrante diante dos nossos olhos.
E por falar em vislumbre, não há como não notar o palco que o Avantasia entrega. Recheado de elementos, com escadas, portais e as imagens do telão, a banda é equipada para impactar visualmente e de fato isso acontece, mesmo aos que não são fãs da banda ou mesmo do estilo que tocam.
Outro grande momento vem em seguida, com “Twisted Mind” e seus riffs pesados. Para os vocais, Tobias dá vez a Eric que continua o palco, agora, ao lado de Ronnie Atkins do Pretty Maids.
E para quem achava que não haveria mais fôlego, “Avalon”, “The Scarecrow“, “The Toy Master” fazem uma trinca certeira e com convidados retornando ao palco. E para quem achou que os feat havia acabado, eis que para “Shelter From The Rain“, Jeff Scott Soto, o cara que já está quase ganhando o seu cpf, sobe ao palco dividindo as vozes com Tobias.
Ainda havia tempo para o bis de “Lost in Space” e o final apoteótico com “Sign of the Cross“, com todos os convidados no palco, com um encerramento de luxo.
E é justamente com essa imagem que nos despedimos do Bangers Open Air, que entre alguns perrengues, se consolida e se coloca no panteão de grandes festivais do Brasil, e que assim perdure por anos a frente.
Confira os setlists abaixo:
Black Pantera
Intro: Tenha Fé, Pois Amanhã Um Lindo Dia Vai Nascer (Originais do Samba)
Candeia
Provérbios
Padrão é o Caralho
Seleção Natural
Ratatá
Mosha
Perpétuo
Fogo nos Racistas (com dinâmica de “agacha e pula” coordenado pela banda)
Sem Anistia (mosh feminino)
Tradução
Revolução é o Caos (com wall of death)
Boto pra Fuder
Beyond the Black
In the Shadows
Hallelujah
Songs of Love and Death
Wounded Healer
Reincarnation
Heart of the Hurricane
Is There Anybody Out There?
When Angels Fall
Lost in Forever
Shine and Shade
Dorsal Atlântica
Guerrilha
Caçador da noite
Vitória
Belo Monte
Burro
Lord of the Lost
The Curtain Falls
The Future of a Past Life
Loreley
Destruction Manual
For They Know Not What They Do
Raining Stars
Six Feet Underground
Born With a Broken Heart
Live Today
Die Tomorrow
Drag Me to Hell
We’re All Created Evil
Blood & Glitter
Kamelot (show 2)
Intro: The Mission
Phantom Divine (Shadow Empire) – com Adrienne Cowan
Rule the World
Opus of the Night (Ghost Requiem) – com Melissa Bonny
Insomnia
Sacrimony (Angel of Afterlife) – com Adrienne Cowan e Melissa Bonny
The Human Stain
Center of the Universe – com Melissa Bonny
New Babylon – com Melissa Bonny
Forever (com snippet de “We Will Rock You”, do Queen, e outras intros da banda)
March of Mephisto (com Melissa Bonny)
Kerry King
Intro: Diablo
Where I Reign
Rage
Trophies of the Tyrant
Residue
Two Fists
Idle Hands
Discliple (Slayer)
Killers (cover de Iron Maiden)
Shrapnel
Raining Blood (Slayer)
Black Magic (Slayer)
From Hell I Rise
Haken
Puzzle Box
Prosthetic
1985
Cockroach King
Carousel
Falling Back to Earth
Blind Guardian
Imaginations From the Other Side
Blood of the Elves
Mordred’s Song (pela primeira vez desde 2017)
Violent Shadows
Into the Storm
Tanelorn (Into the Void) (pela primeira vez desde 2016)
Bright Eyes
Time Stands Still (At the Iron Hill)
And the Story Ends
The Bard’s Song – In the Forest
Mirror Mirror
Valhalla
Nile
Stelae of Vultures
To Strike With Secret Fang
Sacrifice Unto Sebek
Defiling the Gates of Ishtar
Vile Nilotic Rites
In the Name of Amun
Kafir!
Sarcophagus
Lashed to the Slave Stick
Black Seeds of Vengeance
Outro: Kheftiu Asar Butchiu
W.A.S.P.
Intro 1: The End (som de The Doors)
Intro 2: W.A.S.P. Medley Remix
Ato 1: íntegra de “W.A.S.P.” (1984)
I Wanna Be Somebody
L.O.V.E. Machine
The Flame (com extensão de solo de guitarra)
B.A.D.
School Daze
Hellion
Sleeping (in the Fire)
On Your Knees
Tormentor
The Torture Never Stops
[discurso de Aquiles Priester]
Ato 2:
The Real Me (cover de The Who)
Forever Free / The Headless Children
Wild Child
Blind in Texas
Destruction
Intro: Imperial March (música de John Williams)
Ato 1: “Infernal Overkill” (1985)
Invincible Force
Death Trap
The Ritual (primeira vez desde 2019)
Tormentor
Bestial Invasion
Thrash Attack
Antichrist
Black Death (primeira vez desde 2018)
Ato 2:
Curse the Gods
Total Desaster
Nailed to the Cross (coros do público antes da faixa)
Mad Butcher
Destruction
Thrash ‘Til Death
Avantasia
Creepshow
Reach Out for the Light (com Adrienne Cowan)
The Witch (com Tommy Karevik)
Devil in the Belfry (com Herbie Langhans)
Dying for an Angel (com Eric Martin)
Twisted Mind (com Ronnie Atkins e Eric Martin)
Avalon (com Adrienne Cowan)
The Scarecrow (com Ronnie Atkins)
The Toy Master
Shelter from the Rain (com Jeff Scott Soto)
Farewell (com Chiara Tricarico)
Let the Storm Descend Upon You (com Ronnie Atkins e Herbie Langhans)
Death Is Just a Feeling
Encore:
Lost in Space
Sign of the Cross / The Seven Angels (com todos os participantes no palco)