Belphegor – “Conjuring the Dead” (relançamento)
Com “Conjuring the Dead”, o Belphegor mostrou em 2014 que não tinha pressa em repetir fórmulas. Após um intervalo de três anos — o mais longo da banda desde “Lucifer Incestus” (2003) — o grupo austríaco voltou com um trabalho que, embora sólido, não chega a superar seus melhores momentos, como o clássico “Pestapokalypse VI” (2006).
A proposta aqui é clara: trinta e cinco minutos de blackened death metal direto ao ponto, repleto de atmosfera blasfema, riffs cortantes e a habitual perversidade lírica que acompanha a carreira da banda desde 1992. Produzido com a assinatura poderosa de Erik Rutan, o disco soa cristalino sem perder a sujeira underground que é marca registrada do Belphegor.
A abertura com “Gasmask Terror” já mostra a receita em ação: explosões de black metal que gradualmente cedem espaço a passagens mais melódicas, com solos ágeis que, ainda que curtos, acrescentam dinamismo. A faixa-título, “Conjuring the Dead”, aposta em um groove arrastado que lembra Morbid Angel, deslizando para um peso cadenciado no estilo Behemoth e até com breves toques atmosféricos próximos ao Cradle of Filth.
Ainda assim, nem tudo mantém o mesmo impacto. “In Death” abre de forma empolgante, mas se acomoda em uma pegada que lembra demais o melodeath. “Rex Tremendae Majestatis” inclui bons momentos acústicos, mas soa como uma repetição da fórmula da própria banda. Felizmente, outras faixas compensam: “Black Winged Torment” é um ataque veloz e épico em pouco mais de três minutos, enquanto “Flesh Bones and Blood” entrega guitarras com guinchos que remetem ao Gojira. Já “Lucifer Take Her!”, com menos de três minutos, talvez seja o ponto mais brutal do disco, reunindo riffs enegrecidos e vocais viscerais em uma catarse assustadora, seguida pela igualmente eficiente “Pactum in Aeternum”.
O grande destaque de convidados fica por conta de “Legions of Destruction”, que conta com participações de peso de Glen Benton (Deicide) e Attila Csihar (Mayhem), reforçando a atmosfera infernal do álbum.
No fim das contas, “Conjuring the Dead”, lançado pela Nuclear Blast e distribuído pela Shinigami Records, não é um divisor de águas na discografia do Belphegor, mas cumpre bem seu papel: é brutal, bem produzido e consistente. Os fãs de longa data encontrarão aqui exatamente o que esperam, enquanto novatos podem usar este disco como uma boa porta de entrada para o universo profano e extremo da banda austríaca.
NOTA: 7