Blind Guardian em BH: Reafirmando sua majestade

Belo Horizonte viveu no último domingo, dia 19 de novembro, uma noite mágica, quente e inesquecível! O show da lendária banda alemã Blind Guardian foi épico, uma verdadeira jornada através de clássicos da carreira sendo executados juntamente das músicas do seu mais recente álbum, o “The God Machine” (2022). A atmosfera no local estava eletricamente carregada de energia, e, todos os presentes na Autêntica, casa de shows que recebeu a banda, estavam prestes a vivenciar um espetáculo que ficará marcado na memória para sempre.

Logo ao adentrar na casa de shows já era possível ver os instrumentos no palco, que já estava preparado para receber os músicos, um palco simples e com um belo backdrop com a imagem da capa do último álbum. Palco simples para dar espaço a grandiosidade dos músicos Hansi Kürsch (vocal), Andre Olbrich (guitarra), Marcus Siepen (guitarra), Frederik Ehmke (bateria), e os músicos de turnê, Kenneth Berger (teclados) e Johan van Stratum (baixo). Pontualmente as 20:30, as luzes se apagaram, a multidão rugiu em antecipação e, então, come a sair dos PAs uma introdução épica seguida de uma tempestade de riffs poderosos, com a banda entrando no palco e iniciando com “Imaginations From the Other Side”. O palco ficou pequeno tamanho a grandiosidade sonora.

Logo após o fim da primeira música, Hansi conversa com o público e apresenta cada um dos músicos de uma forma muito descontraída e relacionando cada um deles com personagens famosos do universo nerd, como por exemplo, comparando o guitarrista André Olbrich ao Qui-Gon Jinn, o Jedi mestre de Obi-Wan Kenobi na saga Star Wars, e o guitarrista Marcus Siepen ao Geralt de Rívia da série The Witcher, isso por conta da sua cabeleira esvoaçante e toda branca. A jornada musical continuou com “Blood of the Elves”, levando a todos para um lado mais pesado e envolvente. A execução impecável dos instrumentos e a voz poderosa de Hansi Kürsch fizeram com que cada nota ressoasse nos corações dos presentes. Em seguida, as batidas intensas de “Nightfall” ecoaram, transportando-nos para um mundo onde a escuridão se encontra com a luz em uma dança hipnotizante. A música foi cantada por todos.

A noite estava muito quente e, enquanto a chuva resolveu dar as caras na capital depois de uma semana de calor intensa, o que se via eram rostos felizes e molhados, mas não da chuva, mas sim do suor que escorria da cara de felicidade de cada um que estava presenciando o espetáculo. O show ficou mais intenso quando executaram “The Script for My Requiem” e “Deliver Us From Evil”, músicas que levaram a plateia à loucura. Cada acorde, cada palavra cantada, era como um feitiço que nos conectava diretamente à essência da música do Blind Guardian.

O primeiro momento acústico ficou por conta da “Skalds and Shadows”, trazendo um dos pontos mais belos da noite, mas o ápice veio mais a frente. “Time Stands Still (At the Iron Hill)”, outro grande clássico da banda trouxe muita nostalgia enquanto “Secrets of the American Gods”, uma das melhores faixas do seu último álbum, mostrou o quanto o Blind Guardian ainda tem de lenha para queimar. A cada novo lançamento a banda consegue mostrar por que é uma das maiores bandas de Heavy (power) Metal do mudo. Antes de iniciar a próxima, essa sim, o grande ápice do show, Hansi perguntou se o público gostaria de fazer o serviço dele e cantar a próxima música. Já era certo que iriam tocar “The Bard’s Song – In the Forest”. Foi um momento de comunhão entre a banda e os fãs, um interlúdio emocional  no qual a música foi cantada em uníssono por todos, nesse momento o verdadeiro show ficou por conta da plateia. Lágrimas e suor se misturavam no rosto dos presentes em um momento que até a pessoa com o coração mais gélido possível, iria se emocionar. Na sequência, para não deixar ninguém esfriar, executaram “Born in a Mourning Hall” e a última antes do bis, “Traveler in Time”.

O público estava em êxtase quando a banda voltou para fechar a noite, entregando performances inesquecíveis de “Sacred Worlds”, música grandiosa e que ganha muito mais poder ao vivo. Quando anunciaram “Lord of the Rings”, o que se viu foi um mar de celulares registrando uma das músicas mais populares e que é um dos motivos pelo qual muitas pessoas chegaram até a banda. Quando Hansi anunciou que tocariam “Valhalla”, o público começou a gritar “Majesty, Majesty, Majesty!!!”, não deixando nem o vocalista terminar sua fala. Logo ele diz: “podemos fazer um acordo então, vamos tocar “Majesty” e deixamos de tocar as duas que ainda faltam, estão de acordo?”. Claro que o público não iria se calar, daí os dois guitarristas foram até o pé do ouvido de Hansi, que logo fez um sinal de positivo para o público. E assim tocaram “Majesty, enquanto uma grande roda de mosh se formava. Assim que acabaram de tocá-la, todos começaram a cantar a plenos pulmões o refrão de “Valhalla”.  Os músicos ficaram parados olhando e admirando o que estavam vendo. “Vocês realmente conseguem o que querem, é por isso que amo o Brasil” disse Hansi. Após mais uma boa interação entre público e banda, fecharam com “Mirror Mirror” levando todos à loucura. Cada música executada foi como um capítulo de uma história fantástica, e quem estava presente testemunhou um espetáculo, não existe outro adjetivo.

O saldo do show foi extremamente positivo com uma banda tecnicamente perfeita, som cristalino e sem nenhum problema técnico (nem uma microfonia sequer ocorreu) e músicos muito carismáticos. Talvez essa tenha sido uma das melhores interações entre banda e público que eu tenha presenciado até hoje. O Blind Guardian não apenas presenteou os fãs com uma noite de música excepcional, mas também os levou a uma jornada através dos seus clássicos nessa turnê que reúne músicas novas e antigas, onde a magia da música se fundem perfeitamente. A “The God Machine Tour” já passou pelo Rio de Janeiro e Belo Horizonte, os próximos shows serão em Curitiba (21/11), Porto Alegre (23/11), São Paulo (25/11 e 26/11) e Brasília (28/11).

Setlist:

  1. Intro / Imaginations From the Other Side
  2. Blood of the Elves
  3. Nightfall
  4. The Script for My Requiem
  5. Deliver Us From Evil
  6. Skalds and Shadows
  7. Time Stands Still (At the Iron Hill)
  8. Secrets of the American Gods
  9. The Bard’s Song – In the Forest
  10. Born in a Mourning Hall
  11. Traveler in Time
    Bis:
  12. Sacred Worlds
  13. Lord of the Rings
  14. Majesty
  15. Valhalla
  16. Mirror Mirror

 

Renan Castro

Um engenheiro que se divide entre realizar cálculos complexos e a escrever sobre música. Mineiro de Belo Horizonte, berço de grandes nomes do metal como o Sepultura e Overdose, fui apresentado ao som pesado aos 12 anos de idade. Sempre tive o sonho de escrever resenhas de álbuns de Heavy Metal e poder divulgá-las para os apreciadores do estilo, por isso criei a página Nerd Banger no Instagram. Com grande foco no cenário nacional, faço o que posso para apoiar os artistas do nosso Brasil!

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