Blind Guardian: “The God Machine” (2022)

O Blind Guardian como uma das maiores referências, se não a maior, do power metal e seus admiradores se entusiasmaram a cada lançamento que a banda anunciava e aplaudiam de pé seus registros. Mas após os anos 2000, a banda foi criando forma diferentes de compor e aos poucos foi deixando de lado aquilo que os tinha tornando uma sensação e um destaque em meio a diversas bandas que povoaram os anos 90 provindas do estilo.

Obviamente, a banda continuava com um diferencial que era o seu vocalista Hansi Kursch, que ao contrário da maioria, não apostava somente em agudos, mas trazia uma voz mais agressiva e rasgada. Porém, a música foi ganhando blocos acima de outros e causou certa confusão no ouvinte, que ficava em dúvida sobre onde a banda queria realmente acertar o seu tiro.

Trabalhando em novo momento, a banda lança agora em 2022 o seu mais novo álbum, “The God Machine“. Aos fãs mais antigos, o disco acertará, pois muitos dos traços de outrora estará por ali. E quanto aos fãs mais novos, ali está sua parcela de apreciação também, pois a banda não deixa de lado todo o som que tinha trabalhado e consegue fazer uma mistura de ambos, onde nasce algo enxuto, espalhado por 9 faixas, que não são uma odisseia sonora.

Lançado pela Nuclear Blast e trazido ao Brasil pela Shinigami Records,  o disco tem menos de uma hora e por isso consegue criar uma boa dinâmica, até mesmo aos que não são tão fanáticos pelo estilo ou mesmo pela banda, o que é meu caso. Mas com certeza é aos fãs que o Blind Guardian direciona o trabalho e vai assim reestabelecer sua conexão com aqueles que tenham torcido a cara ao grupo por conta de suas escolhas passadas.

Abrindo com “Deliver Us From Evil“, música agressiva e com bons riffs, o chamariz é a voz de Kursch que soa muito bem encaixada nesse tipo de música. “Damanation” traz a banda de “At the Edge Time“, com uma música rápida nos versos e refrão grande, cheio de corais e vozes sobrepostas. “Violent Shadows” é uma das mais pesadas e bem feitas músicas do disco. Dona de bons riffs e até vocais próximos a guturais, a música é direta e atinge fácil seu proposito. A música havia sido apresentada ao vivo em 2020 e ganhou de imediato os fãs e agora no disco, não mudou. “Archtects of Doom” é uma das músicas mais pesadas que o Blind Guardian já fez em sua história, se não a mais. Com uma letra ácida falando sobre conflitos que permeiam nossa sociedade atualmente, é um grande destaque do disco, mostrando como a banda pode soar pesada quando resolve apostar nesse lado. O trabalho fecha com “Destiny”, que soa mais cadenciada e com bom groove, cumprindo bem o papel de encerramento.

Talvez este seja o Blind Guardian que há muito os fãs esperavam rever e que com certeza, traz novamente mudanças ao seu currículo e cria um dos seus discos mais consistentes, saindo dos padrões que os estabeleceram, mas ainda conseguindo manter a identidade e sem apelar para minutos ou músicas desnecessárias.

NOTA: 8

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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