Como Dave Grohl foi parar em “No One Knows” do Queens of the Stone Age

Após quase dez anos “aposentado” como baterista em tempo integral, Dave Grohl, que se concentrava nas guitarras e vocais do Foo Fighters desde que o Nirvana tinha tido seu trágico fim, o músico voltou ao posto em 2002.

O músico entrou no estúdio junto do Queens of the Stone Age, para a gravação do terceiro disco da banda, “Songs For The Deaf”, e não contente, ainda saiu em tour com o grupo promovendo o álbum.

Dave tocava bateria no estúdio dos registros do FF, mas encarar uma turnê no posto, era novidade, e acabou gerando certo “ventos fortes” em sua banda, quando deu a notícia de seu giro com outro grupo. Dave recorda:

O que ficou estranho conosco foi que estávamos gravando um disco e simplesmente não estava dando certo, o que seria o nosso 4º álbum de estúdio, ‘One by One’ (2002)”, Simplesmente não parecia bom, não parecia satisfatório e não estávamos gostando de como estava ficando. Nesse ínterim, o meu amigo e frontman do Queens of the Stone Age, Josh Homme, tinha acabado de dispensar o seu baterista e ele me disse: ‘Cara, eu tenho somente 02 semanas e você poderia simplesmente vir até o estúdio e tocar bateria no disco que estamos gravando?’

Eles eram a minha banda favorita e eles são incríveis. Somos bons amigos e nos conhecemos há muito tempo desde os anos 90. Eu pensei: ‘Sim! Eu vou tocar bateria em um álbum do QoTSA’. Então, eu gravei aquele disco com eles e foi meio que o oposto do que estávamos fazendo no FF. O que estávamos fazendo era: ‘Tudo bem, vamos apenas abaixar o volume desse baixo e etc’, mas a coisa com o Queens era apenas esse raio coletivo: ‘Vamos fazer isso e pronto!‘”

Homme e seu produtor, Eric Valentine, tinham um som específico em mente para a bateria: alto, agressivo e imediato. Eles queriam que a bateria explodisse, mas tinham um problema, a batida dos pratos poderia atrapalhar durante o processo de mixagem, então, surgiu uma ideia: por que não gravar a bateria e os pratos separadamente?

E Grohl era a pedida certa nesse momento, com esses requisistos. Pads foram montados na bateria que ele usaria, para que não se perdesse durante suas apresentações, após o bom resultado, ambas partes foram mixadas e unidas, para que tudo desse certo.

Dessa ideia, uma das principais canções do álbum “Songs For The Deaf”, a música “No One Knows”. 

Dessa forma, o próprio Foo Fighters usou a tecnica de separação de partes de sons, e foi assim que a banda gravou a música “Subterranean” conforme é mostrado no DVD “Sonic Highways” (2014), onde Grohl tocava a parte dos pratos, e o talentoso Taylor Hawkins, ficou responsável por fazer as linhas da bateria.

A passagem por ali, quase pôs fim ao FF, como Dave disse em um documentário da banda:

“Na época, me peguei falando sobre o FOO FIGHTERS, tipo: ‘Por que ainda estou fazendo isso? Eu realmente quero fazer mais isso?’ E então, comecei sentir a pressão para continuar com a banda e fiquei: ‘Mas que porra isso daqui! Não foi por isso em primeiro lugar que comecei com o FOO FIGHTERS’. E então, você começa a falar: ‘Blá, blá, blá’ e com aquela vontade de mandar todo mundo se foder, sabe? Numa certa hora, decidi que iria acabar com o grupo, mas 03 meses depois, fiquei pensando: ‘Sinto falta de vocês, caras’. E então, nos reunimos novamente e foi o que aconteceu conosco naquele período”.

O acordo era para que somente um show fosse tocado por Grohl:

“No final do show, Mark Lanegan – que era um dos vocalistas da banda na época (ex-SCREAMING TREES) – havia me dito: ‘Cara, seria uma pena se esta fosse a única vez que iremos fazer um show juntos…’ Tipo, realmente gravamos um disco que foi muito inspirado e logo depois iria chutar a porra da bunda de todos?”.

Voltei para o pessoal do Foo fighters e lhes comuniquei que iria fazer uma turnê com o Queens of the Stone Age. Eles ficaram chateados comigo e me disseram: ‘OK, tchau então’

Esta situação se transformou em algo que não terminaria bem e o Coachella Festival estava chegando… FF se apresentou neste festival e o Queens tocaria no outro dia do mesmo festival, e eu pensava que aquele seria o último show do Foo

Então, eu me apresentei nas 02 bandas e de alguma forma todo mundo ficou bem… Depois daquilo, nós continuamos com o Foo Fighters”.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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