Edu Falaschi em BH: celebrando a carreira em um espetáculo recheado de clássicos

A noite do dia 12 de janeiro de 2023 marcou o retorno do Edu Falaschi e a Vera Cruz Tour a Belo Horizonte, MG. Após 5 meses desde o show na qual a banda fez sua primeira apresentação tocando na íntegra os álbuns “Rebirth” do Angra e “Vera Cruz”, dessa vez Edu e banda fizeram um set variado que percorreu os últimos 20 anos da carreira do vocalista.

Em meio há vários dias bem chuvosos em BH, a noite de quinta se iniciou com o céu estrelado e já dava indícios que seria especial. Dessa vez Edu se apresentaria no Cine Theatro Brasil Vallourec trazendo seu cenário completo e com o retorno do Aquiles Priester na bateria após sua ausência devido a turnê americana que ele fez com o W.A.S.P.

O início do show estava marcado para as 21hrs. Sem muito atraso e com a casa lotada, as 21:12hrs começaram a sair dos PAs o som da intro “In Excelsis”, faixa de abertura do álbum “Rebirth”. Até esse momento a bateria do Aquiles estava coberta com um pano preto, último “item” do cenário que ainda não havia sido revelado. Próximo do fim da intro a gigante bateria prateada é revelada juntamente com a entrada dos músicos para a execução de “Nova Era”. Aquiles Priester (bateria), Diogo Mafra (guitarra), Fábio Laguna (teclados), Raphael Dafras (baixo) e Roberto Barros (guitarra) foram ovacionados pelo público enquanto mandavam ver nos seus instrumentos. Edu Falaschi entra na sequencia e é recebido com muitos gritos e sorrisos dos presentes.

É muito diferente assistir a um show de Heavy Metal em um teatro. Ver todo mundo se agitando sentadinho nas cadeiras é bem interessante, e o que não faltavam eram pessoas tocando suas “air drums”. Por conta disso, aquele empurra-empurra que acontece na primeira música por conta da euforia do público ficou restrito a braços levantados, ficando mais fácil de prestar atenção no som e identificar qualquer falha. E é aí que trago o primeiro ponto positivo da apresentação: por não ter uma banda de abertura e todos equipamentos terem tido o tempo necessário para serem ajustados durante  o dia, desde a primeira música o som estava bem equalizado e soando bem nítido. Claro que a acústica do teatro sofre algumas alterações por conta da presença das pessoas e ajustes precisam ser feitos. Mas no geral, o que ouvíamos era um som cristalino e que em momento algum ocorreu uma microfonia sequer. Gostei do formato, só não consigo imaginar um show de bandas mais extremas num local como esse. Mas certamente seria uma experiência única…

Na sequencia emendaram “Fire With Fire”, faixa presente no álbum “Vera Cruz” e que na primeira metade da turnê contava com o Fábio Caldeira (Maestrick) fazendo os vocais. Para esta apresentação a banda não contou com Fábio e Raíssa Ramos nos backing vocals. Vale comentar a melhora na voz do Edu desde o primeiro show da turnê que tive também a oportunidade de ver no ano passado. Em 2022 o vocalista sofreu muitas críticas por conta da sua performance, mas como o próprio disse, é natural que seu desempenho vá evoluindo a medida que os shows vão acontecendo. Posso dizer que sim, Edu entregou uma atuação vocal muito boa, não diria sem falhas, mas dentro do esperado diante de todos os problemas já conhecidos que ele enfrentou ao longo dos anos.

“Acid Rain” foi recebida com muitos gritos eufóricos e foi seguida por “Sea of Uncertainties”. Roberto Barros deu um show a parte nas guitarras e se mostrou mais seguro do que nunca, enquanto Diogo Mafra rodopia e se diverte muito enquanto executa tanto solos quanto as bases de guitarra. Seu carisma é gigantesco! Antes da próxima música Edu agradece a todos pela presença e por mais uma vez lotar a casa, em plena noite de quinta. Ele também brincou com o fato do show ser no teatro, mas que talvez esse seja o local ideal para seu público já que, assim como ele, um agora cinquentão, estamos ficando velhos e seja melhor curtir um show sentados. Brincadeiras a parte, ele agradeceu a todas as gerações de fãs, desde aqueles que o acompanham desde a fase do Symbols ou os novos que estão chegando. Foi legal ver vários pais que levaram seus filhos para curtir o evento.

Uma volta ao tempo e que conseguiu me emocionar, foi quando Edu anunciou que iria tocar uma do EP “Hunters and Pray” do Angra. Pensei que essa era a hora que veríamos “Bleeding Heart”, mas não, foi a vez de “Caça e Caçador”. Execução digna de respeito com a batidas “abrasileiradas” na bateria do Aquiles e o Fábio Laguna brilhando no teclado e backing vocals. Sem tempo pra descanso, “Frol de la Mar/Crosses” e “Temple of Hate” são executadas. Nesta última mais um espetáculo do Roberto Barros desfilando solos com a técnica do two hands e mais uma vez Edu mostrando que os problemas na voz reduziram bastante. No baixo, Raphael Dafras mostra por que pode se considerado um dos melhores baixista de power metal do Brasil.

“Heroes of Sand” colocou todo mundo pra cantar junto e veio seguida de mais uma pedrada, “Mirror of Delusion”. “Ego Painted Gray”, faixa presente no “Aurora Consurgens”, outra grata surpresa. Agora sim era a vez de “Bleeding Heart” e o espetáculo do público que, além de cantar cada palavra, acendeu as luzes dos celulares fazendo com que o próprio Edu decidisse registrar aquele momento. Aqui já passávamos da metade do show e fomo agraciados com mais duas do Angra, “Arising Thunder” e “Angles and Demons”.

Neste momento o show foi interrompido para a apresentação da banda. Edu como sempre tece elogios a cada um dos músicos, reservando um agradecimento especial ao Aquiles que estava de volta para completar a turnê. Neste momento Aquiles desceu da bateria e pegou o microfone, fazendo um discurso em prol do metal nacional e se lamentando pelo fim do Shaman. Após sua fala ele apresentou o Edu que, com o violão nas mãos, começou a tocar e cantar “Make Believe” do, classico do Angra. O público foi a loucura! Mas logo ele interrompeu e disse que essa era só uma pequena homenagem ao eterno maestro Andre Matos e que está preparando algumas surpresas para o futuro. Daí já emendou a intro de “Rebirth”, cantada em uníssono por todos. Até a metade da música somente Edu, Aquiles e Fábio estavam no palco, algo bem representativo. Chegando ao fim, a intro “Deus Le Volt!” veio seguida da já esperada “Spread Your Fire” arrancando gritos de todos. Era possível ver a felicidade de todos da banda por estarem ali fazendo esse show, exceto a do Aquiles que nesse momento usava a sua característica máscara de polvo (risos).

Posso dizer que foi um show memorável e que a técnica e emoção tomaram conta de todo o teatro. Ver Edu e banda tocando por quase duas horas em plena forma é como um resgate dos tempos em que o Angra alcançava (ou voltava) o seu auge ao lançar o “Rebirth”. A conclusão e que sim, a noite que se iniciou especial, terminou de maneira mais que satisfatória com um espetáculo que correu sem nenhum problema. Vida longa ao Edu Falaschi!

Setlist:

  1. In Excelsis / Nova era
  2. Fire with Fire
  3. Acid Rain
  4. Sea of Uncertainties
  5. Caça e Caçador
  6. Frol de la Mar / Crosses
  7. Temple of Hate
  8. Heroes of Sand
  9. Mirror of Delusion
  10. Ego Painted Gray
  11. Bleeding Heart
  12. Viderunt te Aquae / Arising Thunder
  13. Angels amd Demons
  14. Rebirth
  15. Deus Le Volt! / Spread Your Fire

Renan Castro

Um engenheiro que se divide entre realizar cálculos complexos e a escrever sobre música. Mineiro de Belo Horizonte, berço de grandes nomes do metal como o Sepultura e Overdose, fui apresentado ao som pesado aos 12 anos de idade. Sempre tive o sonho de escrever resenhas de álbuns de Heavy Metal e poder divulgá-las para os apreciadores do estilo, por isso criei a página Nerd Banger no Instagram. Com grande foco no cenário nacional, faço o que posso para apoiar os artistas do nosso Brasil!

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