Elvenking – “Reader of the Runes — Luna” (2025)
“Reader of the Runes — Luna”, novo capítulo do Elvenking, encerra a trilogia conceitual iniciada com “Divinations” (2019) e continuada por “Rapture” (2023). Após um começo promissor, a expectativa era alta para este desfecho, mas o resultado acabou ficando no meio do caminho, revelando um álbum competente, porém aquém do potencial que a banda já demonstrou em outras ocasiões. Distribuído no Brasil pela Shinigami Records, “Luna” confirma tanto as virtudes quanto os vícios do grupo, em um trabalho que transita entre momentos brilhantes e outros bastante questionáveis.
Há pontos fortes inegáveis: a capacidade do Elvenking de criar melodias pegajosas continua firme, com passagens folk metal cuidadosamente costuradas ao longo do disco. A banda sabe dosar, na maior parte do tempo, pequenas doses de agressividade — os já conhecidos “rosnados” — com arranjos bem construídos e cheios de personalidade.
Músicas como “On These Haunted Shores” e “Throes of Atonement” são bons exemplos disso, apresentando ótimas interações entre os guitarristas Aydan e Headmatt, além do trabalho sempre marcante do violinista Lethien, todos criando juntos uma tapeçaria rica em melodias e atmosferas. A abertura com “Luna” seguida de “Gone Epoch” também merece elogios, com a primeira faixa funcionando como um choque de energia e a segunda trazendo um refrão irresistível. Quase todas as faixas do disco oferecem pelo menos um ou dois momentos de destaque.
Por outro lado, essas virtudes acabam sendo prejudicadas por erros que poderiam ter sido evitados. Alguns detalhes soam como escolhas duvidosas — por exemplo, a insistência em mudar o tom do último refrão para forçar um clímax dramático, recurso que não soa mais tão eficaz. Em outros casos, os problemas são mais graves: a faixa de abertura, “Season of the Owl”, desperdiça um início empolgante — com cantos marcantes, ritmo acelerado e guitarras afiadas — ao cair em um refrão extremamente deslocado, como se viesse de outra música.
Há ainda canções que parecem retiradas de álbuns completamente diferentes, como “The Weeping”, mais lenta e introspectiva, ou “The Ghosting”, que flerta tanto com a sonoridade do In Flames em “Clayman” que faz lembrar imediatamente “Only for the Weak”.
Por fim, a longa “Reader of the Runes – Book II”, com seus onze minutos, decepciona ao tentar costurar partes díspares e transformá-las em algo épico. A banda chegou a comentar que queria criar sua própria “Rime of the Ancient Mariner” ou “Alexander the Great”, mas o resultado lembra mais a fase confusa do Iron Maiden nos anos 90, quando juntar várias seções parecia sinônimo de progressividade.
No fim das contas, depois de abrir esta saga com força e criatividade, o Elvenking termina a trilogia de forma frustrantemente morna. “Luna” não chega a ser um desastre, mas também não faz jus ao talento de uma banda que já provou poder entregar muito mais.