Entrevista: Luis Mariutti: Final do Shaman, Sinistra, Mariutti Team e o futuro

Um dos maiores nomes do baixo do heavy metal nacional, o nosso “Jesus”, Luis Mariutti. Com um currículo que passa por duas das maiores bandas do Brasil, o Angra e o Shaman, entre outros inúmeros projetos, ele bateu um papo com a gente aqui e abordou diversos temas. Confira a conversa completa abaixo.

CONFERE ROCK: Olá Luis, um prazer estar falando com você e desde já agradeço a disponibilidade. Antes de mais nada, queria parabenizar toda a sua carreira brilhante e cheia de pontos altos. Para começarmos, gostaria de saber como foi mais uma vez estar presente em um rompimento do Shaman.

LUIS: Cansativo. Mas me despedi do Shaman no Summer Breeze, fazendo uma homenagem ao Andre, ao lado dos amigos do Viper e do Angra. Fechei esse ciclo e estou seguindo em frente com os projetos do Mariutti Team.

CR: Muitos fãs perguntas o porquê do Shaman não continuar com outro baterista. Há algum motivo específico para que isso não aconteça?

LUIS: O meu motivo é o de já estar com sensação de dever cumprido em relação ao Shaman. Nessa altura da minha carreira eu quero consolidar o nome do Mariutti Team, eu me dediquei muitos anos a bandas que nunca foram minhas, agora eu quero dispor do meu tempo para o meu desenvolvimento pessoal e isso não tem a ver com ninguém além de mim mesmo. O meu legado está aí, meus sucessos consolidados, não preciso provar nada pra ninguém, agora eu quero me provar.

CR: A banda fez o que provavelmente, será o seu último show, no festival Summer Breeze Brasil, se juntando a membros do Angra e Viper. Como foi a preparação e o momento desse show, com o sentimento de fechar um ciclo da sua vida.

LUIS: O show foi emocionante, eu não puder estar presente no ensaio geral, mas ensaiei as músicas em casa e cheguei com o espírito pronto para me despedir naquele show. Eram apenas 3 músicas para Viper, 3 Angra e 3 Shaman, sendo a Carry On uma jam, mas o festival estava lotado e eu toquei 4 músicas com muita entrega, me senti honrado por tudo que vivi e feliz em dividir com amigos aquele momento.

CR: Você está integrando a banda Sinistra, com grandes nomes da cena metal brasileira.  Como esse time de peso foi reunido e de onde surgiu a ideia da banda?

LUIS: o Nando me convidou em 2018 para fazer parte da Sinistra. Ele e o Edu já vinham trabalhando nas músicas, e quando me mostrou o material achei muito interessante, por ser diferente de tudo que eu já tinha feito, seria um desafio e acabei aceitando, convidamos o baterista Rafael Rosa e, desde então trabalhamos as músicas, gravamos clipes, lançamos o disco e estamos fazendo uns shows bem legais.

CR: A Sinistra foi apresentada ao público em 2020, mas ao longo do tempo acabou ficando um pouco no “escuro”, lançado alguns singles, mas sem uma resposta concreta do que acontecera. O que ocasionou essa longa espera para vermos o disco?

LUIS: Pandemia. O disco seria lançado com os shows de abertura para o Sammy Hagar que faríamos em março/2020 quando estourou a pandemia. Aí teve o disco do Shaman, o disco solo do Edu e ficamos aguardando o melhor momento e agora estamos na estrada divulgando o material.

CR: O Sinistra tem o diferencial de ter as letras em português em uma sonoridade heavy metal tradicional. Por que esta opção na hora de escrever?

LUIS: Letras em português não são nenhuma novidade, o metal nacional começou com muitas letras em português. A Sinistra tem em suas letras a verdade do Nando e isso que é o diferencial da banda, ele canta e nós tocamos com verdade. Eu penso que uma música boa faz a pessoa querer cantar em qualquer língua, como é o caso do Rammstein.

CR: Nos fale um pouco sobre o Mariutti Team, a sua idealização e o foco do projeto nos dias de hoje

LUIS: O Mariutti Team foi criado em 2010 por mim e pela Fernanda, quando iniciamos as aulas de Muay Thai em São Paulo. Criamos o time para graduar alunos, entrar em competições e conseguimos nos desenvolver muito bem, tendo o nosso time reconhecido na Tailândia. Em 2016 quando decidi voltar para a música, unimos as duas coisas. Começamos o nosso canal no Youtube e depois as coisas foram se desenrolando, hoje somos a maior comunidade do metal nacional, temos um portal – mariuttiteam.com com membros e conteúdo exclusivo, um Zine, fazemos produções. Não existe limite para o Mariutti Team.

CR: Você junto a Fernanda, mantém um Zine dentro do Mariutti Team. Como é em tempo de internet e tantos veículos manter esse formato em circulação.

LUIS: O Zine é principalmente E-zine, a maior parte dos nossos leitores lê online, seja baixando no site, lendo grátis no kindle, ou recebendo nos grupos de whatsapp. Porém o zine impresso existe e está crescendo muito! Esse trabalho é fruto de muita perseverança, a Fernanda teve um sonho e hoje estamos chegando na 29ª edição, temos 13 colaboradores, um processo de revista, super organizado, com impressão de extrema qualidade e com muitas bandas querendo participar. O metal no Brasil começou com o zine, eu tenho vários zines antigos onde o Angra saia, é como o vinil, quem gosta de itens de colecionador, vai adorar o nosso zine. O apoia.se/luismariutti é revertido para a produção do zine e os apoiadores que fazem a diferença recebem a revistinha em casa, e é demais a sensação de nostalgia. Nós vendemos na loja do site e agora abrimos anúncios nas páginas, para assim conseguirmos seguir. É um trabalho que nos enche de orgulho.

CR: No ano passado, vocês realizaram um evento chamado de “Festa da Firma”, contando com alguns convidados e muito metal rolando durante. Nos conte um pouco da idealização desse projeto.

LUIS: Essa foi a segunda Festa da Firma na verdade, é a nossa confraternização de fim de ano, reunimos os amigos, os fãs, tocamos boas músicas e nos divertimos, mas ano passado foi especial porque iniciamos o primeiro, Melhores do Ano. Reunimos as bandas que saíram no zine de 2022 em uma votação no nosso site e presenteamos com troféu o primeiro lugar e quadrinhos os segundo e terceiro lugar na votação. Foi uma super festa! Gostamos de trazer experiências das antigas para essa nova geração e essa premiação é um exemplo disso.

CR: Já foi realizado um minifest na data de seu aniversário! Será que podemos esperar um festival e escala maior com bandas convidadas em algum momento?

LUIS: O Mariutti Metal Fest surgiu como uma forma de comemorar o meu aniversário, eu sempre quis fazer um show tocando as músicas da minha carreira com os amigos que tocaram comigo nas bandas, e eu tento sempre fazer isso, misturar os fãs com os seus ídolos e comemorar o meu aniversário. A terceira edição foi online e presencial ao mesmo tempo, os 50 fãs que lotaram o estúdio Red Star em pinheiros, curtiram o show que está no meu canal do youtube e depois comeram salgadinho e tomaram jack daniels comigo. Eu gosto de reunir pessoas, acredito que essa é uma das minhas melhores qualidades. E estamos sempre pensando coisas novas e difentes, quem sabe novos festivais irão surgir.

CR: Para finalizarmos, nos conte os seus planos para o futuro.

LUIS: Estou preparando meu disco solo que vai sair na feira da música no Stand Mariutti Team no final de setembro, tenho feito muitos workshops, shows com bandas locais, tenho uns eventos para fazer com o meu irmão Hugo, como eu disse estou sempre pensando novidades para o Mariutti Team, então não deixem de se inscrever no meu canal, me seguir nas redes sociais, virar membro no portal Mariuttiteam.com, assim não fica de fora de nenhuma novidade! Obrigado Marcio, até breve pessoal

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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