Entrevista – Martin van Drunen (Asphyx)
Batemos um papo com o vocalista da banda Asphyx, Martin van Drunen, e a jornalista Tamira Ferreira, falou sobre os shows no Brasil, temáticas da banda e muito mais. Confira o bate papo abaixo:
Confere Rock: Como você está?
Martin van Drunen: Oh, estou bem. E você, como está?
CR: Estou ótima, muito obrigada pela entrevista.
Martin: Obrigado pela entrevista você também. Quero dizer, sem vocês (a imprensa) não podemos fazer isso.
CR: Sim, estou muito feliz que você aprecie nosso trabalho.
Martin: Sim, quero dizer, se não fosse por toda a imprensa de metal do mundo, você sabe, não teríamos nenhum reconhecimento. Então isso funciona para ambos os lados.
CR: Mas às vezes as pessoas não entendem isso, infelizmente. O que deixa o nosso trabalho muito difícil. Mas obrigada por apreciar.
Martin: De nada, é um prazer.
CR: Vocês estão voltando para o Brasil depois de nove anos. Foi a primeira viagem. Como estão as expectativas para esse retorno?
Martin: Bem, a expectativa é bastante alta, muito boa, porque da última vez foi fantástico. Eu realmente gostei. E, sim, nove anos é simplesmente muito tempo.
Mas é sempre muito difícil organizar porque, os caras da banda, todos eles têm seus trabalhos, então é preciso muito planejamento. E, claro, pessoas decentes que estão interessadas em reservar os shows e fazer tudo acontecer.
Finalmente, agora, somos capazes de fazer isso. Então, sim, realmente ansioso por isso.
CR: Tem dois shows aqui no Brasil. Não sei se vocês já tocaram em Belo Horizonte da última vez, mas é um ótimo lugar, vocês vão gostar.
Martin: Sério? Sim, porque as pessoas nos disseram: “Por que vocês não tocam em BH?”. E nós respondemos: “Bem, não foi reservado”. Mas, sim, fizemos alguns shows realmente bons em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília. Especialmente Brasília foi estranho, porque não esperávamos nada de lá, mas foi realmente uma loucura. Foi legal! Então, é muito bom estar especialmente em Belo Horizonte, porque muitas pessoas nos disseram que realmente temos que ir lá. Estamos ansiosos para isso.
CR: Sim, é ótimo. A comida lá é ótima, minha família é de lá, temos a melhor comida.
Martin: Sério? Eu deveria tentar.
CR: Sim, sério
Martin: Porque eu pensei que toda a comida no Brasil era fantástica.
CR: Sim, temos uma comida fantástica. No norte é diferente do sul, e acho que essa é a minha favorita, desta região. Então você deveria experimentar. Tem muito queijo, eu não sei se você gosta de queijo, mas sim, você vai amar!
Martin: Sim, eu gosto muito de queijo! Obrigado pela recomendação. Vou realmente tentar. Estou ansioso por isso.
CR: Belo Horizonte também é muito bonita, mas, às vezes, é meio difícil sair para conhecer, então vou recomendar a comida para vocês.
CR: Eu quero perguntar: como vocês estão se preparando para esse show? Como está a setlist? O que podemos esperar depois de todos esses anos?
Martin: Bem, o que precisamos fazer para manter todo mundo satisfeito é uma boa mistura desde o primeiro álbum até o último. Assim, todos podem curtir algo.
Mas, honestamente, por não estarmos aí há tanto tempo e por sermos uma banda antiga, acho que vamos ter que colocar mais músicas antigas no setlist do que estamos acostumados a fazer em alguns shows na Europa. Acho que isso faz sentido.
Mas, sim, normalmente será uma boa mistura de material antigo e novo. Assim, todo mundo vai curtir algo.
CR: Isso parece ótimo. Você disse que se divertiu muito aqui no Brasil da última vez. O que acha? As pessoas sempre comparam os fãs europeus com os sul-americanos. Como foi para você quando veio ao Brasil? Quando ouviu os fãs brasileiros, como se sentiu? Foi diferente? Como foi a experiência?
Martin: A questão é que acho que os fãs são mais calorosos e, de certa forma, mais fanáticos. Acho que é isso. Acho que é a temperatura do sangue, que é um pouco mais alta aí do que na Europa.
Uma boa comparação seria com o sul da Europa: países como Portugal, Espanha, Itália ou Grécia. Dá para compará-los com os brasileiros. Agora, se você for para o norte, como Suécia ou Finlândia, é um pouco diferente. Claro, nada contra isso.
Acho que a principal diferença é a temperamental, mais “sangue quente”.
Mas isso é muito legal! Às vezes, só temos que nos acostumar, porque realmente ficamos sobrecarregados.
Um bom exemplo seria quando fazemos shows na Alemanha. Às vezes, eu tenho tempo para ir até a multidão e conversar rapidamente ou tirar uma selfie. Na Alemanha, todos esperam educadamente sua vez. Mas, no Brasil, as pessoas começam a empurrar, todo mundo quer ser o primeiro.
Aí, eu tenho que interromper e dizer: “Não, não, não, calma. Todo mundo vai ter sua vez.” Um pouco de paciência faz bem!
CR: Bem, vocês começaram no final dos anos 80. Como você vê a cena extrema ao longo dos anos?
Martin: Mudou bastante. Todo o gênero evoluiu. Começamos com death metal old school e, de repente, surgiram as coisas técnicas e brutais. Depois, apareceu o black metal.
A atmosfera e o jeito das coisas mudaram, mas o metal sempre será metal. Até as bandas mais jovens ainda têm a mesma atitude que nós tínhamos.
As influências mudaram, mas o espírito é o mesmo. A internet e as redes sociais também mudaram muito o cenário. Antes, escrevíamos cartas à mão. Agora, tudo passa por e-mail ou MP3s. Isso torna as coisas mais confortáveis, mas talvez um pouco menos pessoais.
CR: Você está ouvindo bandas novas?
Martin: Sim, mas é muita coisa para acompanhar. Quando tocamos em festivais, às vezes ouvimos uma banda e pensamos: “Uau, esses caras são bons!”. Aí, perguntamos sobre eles ou compramos seus CDs.
Descobrimos algumas bandas assim, como Fida, da Itália, Moulder, dos EUA, e Necrofagore, do Peru. E, claro, sempre amei meus heróis mais antigos, como Venom e Motörhead. Isso nunca vai mudar.
CR: Você gosta de trabalhar com ficção científica nas suas letras. De onde vem essa inspiração?
Martin: Não é só ficção científica, mas também fantasia. Tenho fascinação por esses temas, como por exemplo, as histórias dos ABC Warriors. Algumas músicas, como “Waste of Time”, vêm daí.
Também tenho interesse por coisas mais mundanas, como a Segunda Guerra Mundial. Agora, estou mais interessado em história da China, por exemplo. São interesses amplos, e a ficção científica é apenas um deles.
CR: Você conecta essas temáticas com algo pessoal?
Martin: Sim, às vezes, inconscientemente, coloco minha raiva ou frustrações nas letras. Um exemplo é a música “War Droid”, onde o androide destrói civilizações que ele considera indignas de existir. Talvez isso reflita minha raiva por certos eventos na Terra.
CR: Vocês também abordaram temas como símbolos ocultos. Isso foi algo que vocês acharam interessante ou apenas seguiam uma tendência da época?
Martin: Na verdade, isso era mais coisa do antigo vocalista, Theo Loomans, que faleceu. Eu não tinha muito interesse nesse tema. Embora ainda toquemos o material antigo, não é algo que eu pessoalmente explore nas letras.
Eu acho que no fim das contas essa questão do satanismo é sobre o que você acredita. Se você acredita em Deus, também acredita do Diabo. Eu não acredito em nenhum dos dois.
CR: Por fim, você pode deixar uma mensagem para os fãs brasileiros?
Martin: Claro! Espero que muita gente compareça, especialmente em Belo Horizonte. Estamos muito animados por voltar. Obrigado a todos os fãs brasileiros pelo apoio ao longo dos anos. Nos vemos em novembro e espero voltar mais vezes! Muito obrigado!
Serviço:
Asphyx, The Troops of Doom e Evilcult em Belo Horizonte
Data: 08/11/2024
Local: Mister Rock
Endereço: Av. Teresa Cristina, 295 – Prado, Belo Horizonte – MG
Horário: Abertura 19h00 / Show 19h30
Preço: a partir de R$175 (meia/promo)
Ingressos online: https://www.clubedoingresso.com/evento/asphyx-thetroopsofdoom-evilcult-belohorizonte
Asphyx, The Troops of Doom e Evilcult em São Paulo
Data: 09/11/2024
Local: Carioca Club
Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 – Pinheiros, São Paulo – SP
Horário: Abertura 16h30 / Show 17h00
Preço: a partir de R$175 (meia/promo)
Ingressos online: https://www.clubedoingresso.com/evento/asphyx-thetroopsofdoom-evilcult-saopaulo