Entrevista: Yasmin Amaral (Eskröta) fala sobre Rock in Rio, Knotfest, mulheres no metal e muito mais

Foto: Carla Cristina

Batemos um papo com Yasmin Amaral, vocalista e guitarrista da banda Eskröta, onde ela falou sobre a passagem da banda pelo Rock in Rio, a vindoura apresentação no Knotfest Brasil, Eloy Casagrande no Slipknot, mulheres no metal e muito mais. Confere só a conversa logo abaixo.

Confere Rock: Olá, obrigado por nos ceder algum tempo para falar conosco, e antes de mais nada, gostaria de parabenizar a banda pela conquista de estar no palco do Rock in Rio.

Yasmin: Nós que agradecemos a oportunidade e o espaço!

CR: Para começarmos, vamos falar desse grande dia, onde outras garotas passaram por ali sendo as poucas representantes femininas do dia, como a Crypta e Amy Lee com o Evanescence. Como foi estar ali representando as mulheres e como é importante para o Eskröta estar no palco de um dos maiores festivais do Brasil?

Yasmin: Para nós é muito emocionante e a realização de um sonho. Pode parecer clichê, mas de fato é muito representativo na nossa história, um sonho que se realizou, poder passar nossa mensagem em um festival tão grande quanto este e no nosso país. Apesar de terem sido poucas mulheres nos palcos, esse foi um dia em que o rock mostrou como as mulheres ocupam diferentes espaços na cena nacional e internacional, além de como isso deve ser celebrado.

CR: A cantora Pitty deu uma declaração sobre a falta de artistas mulheres do rock no palco principal. No pop, vimos grandes representantes do estilo passando por ali, tendo duas eras se encontrando com Cindy Lauper e Kate Perry. Como você vê essa diferenciação entre os estilos e suas representações?

Yasmin: Eu vejo que as mulheres vêm dominando a música há muito tempo, ganhando destaque, cada vez mais espaço, apesar da discrepância de faturamento e o próprio sexismo da indústria. Porém, o rock vem sofrendo com a perda de público e isso afeta diretamente as mulheres do nosso segmento, nós estamos resistindo, pois não é fácil trabalhar tão duro para saber que o nosso estilo não será prioridade e, muitas vezes, os festivais sequer pensam em incluir “rock” na sua programação, quanto mais “mulheres do rock”. Todo mundo sai perdendo, porém as mulheres acabam sendo ainda mais afetadas com isso, a falta de representação acaba não educando as pessoas de que mulher também pode fazer rock. Entende? Isso volta há tempos atrás, quando eu era pequena e ouvia as pessoas dizendo que “rock era coisa de menino”, pois não viam as mulheres dominando o estilo. A mensagem da Eskröta também é sobre isso.

CR: Em breve, vocês estarão em outro grande festival, a segunda edição do Knotfest Brasil. Conte-nos um pouco sobre a preparação deste show, e como é estar no palco na mesma noite do Slipknot!

Yasmin: Esse foi um dos maiores “sustos” que tomamos esse ano. Quando a notícia se concretizou, nós nos abraçamos e já sentimos a responsabilidade de entregar um show legal, pelas pessoas que acreditam na gente, pelos nossos fãs, mas também por nós mesmos, para provarmos que nós podemos fazer um show ainda mais incrível, ter acesso a uma estrutura maior e arrebentar. Como o Rock In Rio veio antes, acabou que já fizemos um “ensaio” de como é estar em um palco com esse peso, mas ainda assim, Slipknot é unanimidade na banda e estamos muito ansiosas com esse show.

CR: E por falar no Slipknot, hoje nós temos um representante brasileiro compondo a banda, Eloy Casangrande. Como você vê a importância desses feitos, assim como Kiko Loureiro em seu período no Megadeth, para a cena metal do Brasil?

Yasmin: Eu, particularmente, acho muito legal ver como as pessoas lá de fora abraçam o Brasil como uma potência no metal, com esses ícones que lançamos para o mundo. Porém, volto a bater no ponto anterior, sempre que há uma substituição de músico em bandas gigantescas, muito raramente pensam em colocar uma mulher, isso é triste. De qualquer forma, eu sou do time “Banda do Eloy”, porque é engraçado como o Slipknot já se consolidou e todo mundo já sabe disso, mas o brilho que o Eloy trouxe tem um prazer diferente para o brasileiro que aprecia a música pesada.

CR: Vamos falar um pouco sobre o último trabalho do Eskröta, “Atenciosamente, Eskröta”. Qual é o conceito por trás do nome, me passa a impressão de um “recado dado”, estou certo?

Yasmin: Exatamente, é assim que finalizamos uma carta, usando o “Atenciosamente” e a Eskröta escreveu esse álbum pensando em cada música como um recado, lembrando quem somos. Até por isso, o álbum é todo em português, queríamos relembrar aqueles que nos acompanham sobre as coisas que realmente são importantes de abrir os olhos e trazendo as mulheres cada vez mais pra frente.

CR: Vocês vão embarcar ainda em diversos shows pela América do Sul, na Argentina, Uruguai e Chile. Como é estar chegando a esses países?

Yasmin: Nesse momento, acabamos de chegar na Argentina, ainda não fizemos nenhum show, mas desembarcamos e já deu pra sentir como será o desafio. Nós somos uma banda de estrada, conquistamos muitas coisas no Brasil e agora estamos maduras para dar o próximo passo para fora do nosso país, mas é aquele trabalho de formiguinha, aos poucos, sem vaidade e ego, totalmente “faça você mesma” e estamos felizes de poder fazer isso juntos, em um momento tão bom.

CR: A Eskröta é uma banda nova, com 7 anos de caminhada e já alcançou grandes voos como os referidos festivais, shows ao lado de grandes nomes já consolidados, inclusive alguns dos próximos ao lado do Napalm Death. Como é para você olhar para tantos frutos em um relativo curto tempo?

Yasmin: Muitas vezes nós ficamos desanimadas, assim como toda banda, nós já ouvimos muito “não” ou “não é o momento” e essas realizações vêm para nos lembrar que vale a pena, não só por ser um “grande festival”, mas porque isso te abre a cabeça para mostrar o quanto a gente fez para chegar até aqui, o momento em que falaram “sim”. Então, foram 7 anos de estrada, estamos só no começo, mas estamos gratas por ter tido essa oportunidade nesse momento.

CR: Quais os planos para 2025?

Yasmin: Podem esperar que 2025 vai ser o ano de estabelecer algumas mudanças, que já estamos nos preparando há tempos. Vem álbum novo, vem turnê na Europa, além de um show completamente diferente e pensado com muito carinho.

Nosso muito obrigado pela entrevista, mais uma vez, e todo o sucesso do mundo ao Eskröta!

Agradecimentos a Catto Comunicação pelo apoio na realização da entrevista!

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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