Intenso e arrasador, o Machine Head faz uma estreia inesquecível no Rio

FOTOS: Ian Dias
Para começo de conversa, quero deixar que nunca fui fã do Machine Head. Sei lá, sempre tive a impressão que a banda era meio pretenciosa com umas composições longas e apesar de admirar a postura do seu líder, Robb Flynn, em diversos momentos controversos, a banda meio que passou longe de mim e poder conferir o show deles foi uma forma de eu confirmar se eu realmente estava certo ou não.
Aproveitando um bom momento em termos de shows internacionais e nacionais que estamos passando aqui no Brasil, até o túmulo do Ro.., digo, Rio de Janeiro, parece ter voltado a rota dos grandes eventos. Em um único final de semana, tivemos Roger Waters (leia aqui a resenha)_,PlanetHemp, L7, Black Flag e, no palco sagrado do Circo Voador, a estreia em terras cariocas do Machine Head.
Após a entrada triunfal e cheia de marra de Robb no palco, “Imperium” deu início a 2h30 EXATAS de um dos melhores shows de 2023, sim, vocês leram bem e vou explicar porque todas as impressões ruins que tinha da banda foram por água abaixo.
Presenciei um dos melhores frontman do Heavy Metal atual dando um show de simpatia. Ao meio a brutalidade, sorrisos e reverência ao público carioca que compareceram em um bom número e mais uma vez mostraram que quando os fluminenses estão no clima, nenhuma plateia chega perto em relação simbiose artista/público. E tenho dito!
O desfile de clássicos como “Ten Ton Hammer“, “Locust”, “Old” foram executados ao meio de incontáveis rodas abertas ao longo do espetáculo, na verdade eu acho que elas nunca pararam de acontecer.
Uma coisa que pude perceber, principalmente nas músicas novas, é a influência latente do Metalcore o que não incomodou nem um pouco. “CHOKE ON THE ASHES OF YOUR HATE” e “UNHALLOWED” caíram nas graças dos fãs e o meu momento preferido do show com a mais radiofônica “Is There Anybody Out There?” que além de ser maravilhosa, mostrou uma tônica pouco dita: os backing vocals perfeitos do baixista Jared MacEachem. Aliás, além de cantar e tocar muito, Jared não parou um minuto sequer no palco com uma performance digna de nota.
Nos últimos shows do Machine Head, a banda estava tocando o cover de “Hallowed Be Thy Name” do Iron Maiden, mas nessa noite eles resolveram fazer uma enquete coma plateia entre “Whiplash” do Metallica, “Seasons In The Abyss” do Slayer, a improvável “All The Small Things” do Blink 182 e a já citada “Hallowed Be Thy Name” e deu a clássica música do Slayer, não antes deles brincarem e tocarem um pedaço de “All The Small Things” e nem preciso dizer que eles receberam “vaias” e a brincadeira rendeu boas risadas. Ah, a versão de “Seasons In The Abyss” foi simplesmente arrasadora!
Após a seminal “Old”, Robb Flynn dedicou “Aesthects Of Hate” ao seu “irmão” Dimebag Darrell, guitarrista do Pantera falecido em 2004 em momento realmente emocionante para descambar em “Darkness Within“, outra cheia de emoção com Robb pedindo para os presentes guardarem os celulares para apreciarem e refletirem a mensagem dessa canção com atenção. A maioria respeitou, mas alguns idiotas continuaram a filmar, mesmo com o pequeno protesto da maioria para seguir o que o vocalista pediu. Finalmente cheguei à conclusão é que poucos caras são tão de verdade como Robb Flynn. Nada dele parece encenado, podem acreditar. O discurso antes de “Darkness Within” foi de coração aberto, com o cara se mostrando vulnerável como todos nós que temos problemas graves de depressão, alcoolismo e vício em drogas. Inesquecível e real.
From This Day” e a traulitada clássica “Davidian” encerraram de forma brilhante o show, antes de definitivamente tocarem a saideira com “Halo” e se despedirem diante de um público exausto, porém satisfeito pela entrega do Machine Head no seu debut no Rio de Janeiro e sem medo de errar ou me contagiar levianamente, a banda ganhou um fã. Como é bom estar errado nesse caso e tenho certeza absoluto que todas as vezes que o Machine Head estiver na cidade, eu estarei por lá. Brilhante e inesquecível, meus amigos.
Nossos agradecimentos ao Marcos Franke pela cortesia e o credenciamento.

2 thoughts on “Intenso e arrasador, o Machine Head faz uma estreia inesquecível no Rio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *