James Hetfield pondera sobre as suas letras para o Metallica

James Hetfield conversou com o “The Metallica Report”, onde ele ponderou sobre as suas letras que escreve para o Metallica. Ele diz:

“Para mim, que não estudo muito literatura — nunca, na verdade — todos os livros que você deveria ler quando criança, eu não li, mas pego um livro e folheio. Geralmente vejo palavras que são interessantes, e isso é por curiosidade. E eu, eu diria que, vindo de um background gráfico, a aparência de uma palavra é quase mais importante. Como ‘Lux Æterna’ — quão legal é isso? Tem um X nele, e então o A e E juntos. Quão legal. É quase como parece.

Quanto a Tom Waits ser apenas um mestre artesão em letras, pintando um quadro em uma frase, isso me interessa, e dá trabalho. Eu vi Tom meio que viver isso. Era seu vocabulário também. Ele conseguia sentar e falar assim. Eu não consigo.

Ter acesso às fontes e dicionários e coisas assim hoje em dia é tão bom. Quer dizer, alguém me envia algo e eu olho para uma palavra e não sei o que é. Eu destaco, procuro. Ei, ótimo. Eu entendi. Eu folheio livros só para ver palavras legais e as coloco em uma pequena pilha e descubro onde elas pertencem. Então é como construir um veículo, construir algo, colecionar muitas palavrinhas. E como elas se encaixam? O que isso realmente significa? Isso é o suficiente para um assunto? Então eu vou e assisto a uma banda como Green Day, e eles têm algo simples — ‘conheça seu inimigo’ ou ‘você conhece seu inimigo?’, algo assim. É, tipo, é tão cativante e ótimo, que fica na sua cabeça, mas isso não é realmente genialidade literária. Então ‘genialidade’ é outra palavra que eu acabei de inventar. E há momentos em que eu invento palavras só para passar uma mensagem também.

Para mim, colocar palavras na música é como outro instrumento”, explicou James. “Então, se ‘e’, ‘o’, ‘se’, essas coisas atrapalham, simplesmente livre-se delas. Você só quer que as palavras substanciais entrem ali e passem a mensagem e sejam vagas o suficiente. Mas eu não sou um contador de histórias. Eu não sou isso.”

James ainda refletiu se ao longo desses anos todos escrevendo para o Metallica, ele se sente mais amadurecido na escrita:

“Eu acho que sim. Sim. Eu fiquei desanimado quando fizemos ‘Load’ e ‘Reload’ com a quantidade de músicas. Havia 45 músicas para as quais eu tinha que escrever letras e eu pensei: ‘Espere um minuto. Eu tenho que escrever letras para 45 músicas. É loucura.’ Todas essas 45 músicas não seriam tão potentes quanto uma letra realmente bem escrita — para mim. E estar mais confortável com coisas que eu acho que trazem o ponto. Sim, nós temos — Lars  e eu, coprodutores, Greg Fidelman, coprodutor. Eu chego com as letras. Eles vão lê-las. E eles vão apenas, ‘Oh, sim, essa palavra. Eu não tenho certeza.’ É, tipo, ‘Bem, deixa eu cantar. Deixa eu botar pra fora.’ Até algo como ‘Inamorata’ ‘Resentimento como um câncer cresce.’ Ele é, tipo, ‘Ah, a palavra ‘câncer’. Não, você não pode cantar isso. É muito…’ Tipo, cara, vamos lá. Quer dizer, eu não estou tentando ganhar nenhum prêmio de PC por nada. Câncer é uma palavra poderosa pra caralho. É odiada, e aplicá-la a algo dá a ela esse poder.

Vou escrever o que preciso escrever. Vou ouvir você e sua opinião sobre isso. Se não soar bem, eu entendo, mas não vou colocar uma palavra fofa só para rimar ou algo assim. E às vezes isso é necessário. Rimar pode ser mais importante do que o contexto em certos lugares, mas quero que as palavras sejam tão poderosas quanto possível.”

O Metallica continua este ano a sua turnê M72. Se espera que a banda passe pelo Brasil em 2025.