João Gordo fala sobre mudança de vida após quase morrer
Em uma entrevista ao Uol, João Gordo, vocalista do Ratos de Porão, falou sobre suas mudanças de hábitos em busca de uma vida mais saudável após quase morrer. Ele disse:
“Não estava conseguindo emagrecer, velho. Não estava conseguindo, estava conseguindo, e estava vendo minha vida cair por terra. Eu tava fodido. Eu tenho que tocar, eu não vou conseguir fazer mais turnê. Não cabe mais no avião se eu for fazer turnê, eu morro.
Lá, há um ano atrás, eu estava com 169,800 kg, cara, e agora estou com 127 kg. Eu vou fazer 60 anos agora, cara. Eu já aprontei para caramba, eu tô vivo por sorte, cara. Não foi Deus, não foi sorte mesmo, cara, tá ligado? Porque por Deus já teria morrido faz tempo, cara. E esse projeto meu é entrar aos 60 anos, né, com qualidade de vida, né, e ficando o mais tempo possível aqui junto com os meus filhos, né, com a minha família. Porque se eu ficasse doidão, gordão, doidão bebendo pra caramba, não durava muito, cara. Isso é fato.
Eu acho que parar de beber é essencial, velho. Eu já até tentei várias vezes, desde que…, a minha vida inteira que eu fui sempre muito louco, cara, tá sempre, po, tentei parar de beber, parar de fumar. Aí para uma, começa a outra.
Quando o Jabá morreu, o Jabá levou a música “Beber Até Morrer” a sério, que ele morreu de cirrose, né? Foi muito triste, cara, tá ligado? Eu chegar ali na frente dele, ali, e abraçar o Jão, que é o meu companheiro de banda há 40, 41 anos que eu tô com ele, e abraçar ele e falar assim, cara, quem vai primeiro aí, né? Meu, qual será o próximo Alvo da América? Falei para ele, cara, eu ou você, cara. Não quero ver você ali, você também não quer me ver ali, cara? Acho que esse foi o ponto x que aqui na minha cabeça desgraçada deu um… eu acho que acordei um pouco, cara.
Eu só joguei xadrez, cara, joguei videogame minha vida inteira, cara, fumei maconha e bebi, tá ligado, fiz outra coisa. Eu acho que não tinha muita saída, né? Acho que eu senti a necessidade, né, de perder esse peso. Isso tá se refletindo nos palcos, né, é o maior resultado disso tudo de desse desse Box dessa condição física. Não é para bater nos outros, cara. Se for bater nos outros, vou bater nos outros com pedaço de pau, tá ligado? Não vou dar porrada, tá ligado? E aí a melhor coisa no palco, saca, microfone na mão, tá ligado, e ali só é uma hora de gritaria. Saca, não me mexo muito, não dou pulos lindos que nem o Juninho, mas pô, eu tava antes era modo Joey Ramone, cara, ficava ali assim, não saía do lugar, cara. Agora já é um pouco diferente, como não como carne, eu tenho que comer bastante coisa que substitui, né, proteína, né? Então vai feijão, beringela, tá ligado, como muito humus, abacate, essas coisas assim, cara, saca? Meu, é o menos carboidrato possível, tipo agora eu, eu voltei na médica, a médica parabéns, você tá com 127 kg, eu já entrei para enfiar o pé na jaca, né? Aí já saí de lá e não consegui engrenar o meu regime de novo ainda, cara, eu como pouco, mas tô comendo coisa errada, tô comendo requeijão, tá vegano, os bagulho que engorda, tá ligado? É difícil, cara, mas eu tô conseguindo, eu achava que ia morrer lá em 2000, sabe, que eu tava doidão, sabe, com drogas não publicáveis. E muito gordo, cara, tava com 200 kg, nunca esperei chegar aos 60 anos. Eu tô aqui, a minha última dor é a dor no sacro, não é no saco, não, é no sacro, tá ligado? Eu fico sentado mais de 20 minutos, mais doendo, meu cu, uma merda, saca? E pô, é assim, cara, ficando velho, 60 anos velho, cara, cheirei pó a vida inteira, pinga, cachaça, desgraceira, sem dormir, turnê. Chegou a hora que, né, você sobrevivia até agora, né? Graças à sorte, dá pra carregar mais um pouquinho.”