Marcelo Barbosa “esperava mais um disco” antes de hiato do Angra
Marcelo Barbosa, guitarrista do Angra, falou em participação ao Ibagenscast, como ele foi pego de surpreso pelo anúncio do hiato que a banda fará. Ele diz iniciando a conversa falando sobre uma possível volta do Almah:
“É um desejo meu, assim como te falei, o Edu também sinalizou interesse. Então, tem que ver se ele também vai estar disponível, né? E claro, o resto da galera toda. Mas, assim, começa por aí, né?
Não planos, não. Cara, vou ser bem sincero contigo. Pessoalmente, fui pego de surpresa quando não houve, assim, uma conversa tipo “o que vocês acham de fazer uma pausa?”, né? O Rafa meio que definiu com o Felipe e com a Paula, e a gente sentou e eles avisaram, foi meio assim: “O Angra vai fazer mais um tempo e era isso”. Aquilo me pegou de surpresa, foi meio louco, assim, porque eu imaginava que isso fosse acontecer, mas não agora. Eu achava que ia ter mais um disco, mais uma turnê e talvez daqui a 2, 3 anos isso acontecesse.
Então, naquele primeiro momento, que não era nem para ter essa turnê agora, de março até agosto, era para fazer o final do ano. Aí, foi o caminho que a gente foi conversando: “Pô, cara, vamos fazer tipo 20 shows da turnê do Temple of Shadows?”. Vai ter demanda, vamos aproveitar e tocar mais, tal. E essa conversa foi fluindo, virou uma turnê maior.
Eu penso que nesse primeiro momento foi um pouco de “Caraca, beleza, mas e agora?”. Porque querendo ou não, faço muita coisa: sou empresário, dou aula, enfim. Mas tudo isso, nos últimos anos, girou em torno do Angra: tá fazendo turnê ou não tá? Tá gravando ou não tá? Tá reunido ou não tá para compor? Enfim, o Angra foi prioridade durante esses anos, principalmente. Foi virando cada vez mais prioridade, então foi um pouco estranho pensar: “Caramba, como é que vai ser agora?”. O que vai ser a minha prioridade? Como eu faço muita coisa, né? Eu sinto que esse papo é bem íntimo, mas vamos lá. Eu vou fazer 50 anos de idade agora, em abril, o que é bastante simbólico, né? Meio século, vamos colocar aí. Pode não parecer, mas caramba, é bastante tempo, né?
Eu sou um cara que me preocupo muito com o futuro, com a parte financeira, com o poder de me aposentar bem. Não que eu vá me aposentar, acho que não vou me aposentar nunca, mas poder desacelerar sem ter dificuldade financeira, sem ter problemas, podendo manter o meu padrão de vida, que é um padrão relativamente alto.
Sou sócio de algumas empresas, né? E penso que em algumas delas, principalmente o MB Guitar, que é o meu curso online, e as duas escolas físicas, o GTR da SU e da A Norte, além do Pub também, do restaurante. Enfim, mas principalmente essas envolvidas diretamente com música, eu sei que posso potencializar bastante o que a gente vem fazendo lá. Então, acredito que nos próximos 15 anos serão cruciais para a construção de um patrimônio que me permita dar uma segurança para o meu filho, para a minha família, e ao mesmo tempo desacelerar e poder manter o meu nível de vida, fazendo só as coisas que realmente decidi que valem a pena. E o dinheiro vai pesar cada vez menos nas minhas decisões, né?
Eu também acredito que será um momento no qual eu vou gravar novos cursos online, vou traçar novos planos e estratégias para as escolas físicas também. Eu sempre trabalhei muito nesse lado didático, né? Quando entrei no GTR, já tinha um certo… Não vou chamar de fama, mas já era reconhecido como professor de guitarra no Brasil inteiro. Escrevia para revistas, etc. Então, acredito que esse seja um momento para olhar mais para isso também. Por isso que eu falei que, ao fazer 50 anos, me senti feliz em ver tudo o que construí até aqui, mas também é aquele momento de “bom, agora temos que apertar o passo e garantir que…” Eu não quero, cara, não quero passar por coisas que vejo outras pessoas passando, sabe? Tipo assim, pessoas que ganharam muito dinheiro na vida e, sei lá, por não se organizarem, acabaram não conseguindo envelhecer com dignidade. Eu me sinto super jovem, me sinto super novo, não é bizarro pensar que vou fazer 50 anos de idade para mim, mas a real é que é isso, né? A gente precisa estar atento a esses momentos e pensar na vida como algo 360, assim, porque a gente tende a achar que o momento em que estamos vai durar para sempre. E quando falo de momento, falo também do momento financeiro, né? Que a gente vai estar sempre ganhando o mesmo tanto de dinheiro. Isso acontece com várias bandas, né? Os caras ganham cifras milionárias, daqui a pouco não ganham mais nada e estão morando no carro, como já aconteceu com alguns, né?
Eu, graças a Deus, sou uma pessoa muito pé no chão. Sempre mantive uma vida muito boa, mas sempre mantive meus gastos abaixo do que poderiam ser. Então, sempre pude construir um certo patrimônio e penso que agora é o momento de focar mais ainda nisso também. E, graças a Deus, ao longo disso, fui empreendendo e tendo outras fontes de renda que não dependem só de estar em turnê. Se dependesse disso agora, eu teria que procurar outra banda para fazer turnê e não ficar parado, né? Porque, parado, a gente não fica.”