Marko Hietala – “Roses From the Deep” (2025)

Superar desafios pessoais e transformar dor em arte é sempre poderoso — e é exatamente isso que Marko Hietala fez. Quando o músico decidiu se desligar do Nightwish no final de 2020, citando anos de desgaste emocional e problemas de saúde mental, parecia que ele se afastaria indefinidamente da cena musical. Embora ninguém acreditasse que esse afastamento seria definitivo, seu retorno foi cauteloso. Agora, cinco anos depois, ele ressurge com força total. Seu primeiro projeto solo, o álbum “Pyre of the Black Heart” (lançado na Finlândia como “Mustan sydämen rovio”), já mostrava uma proposta ousada, misturando metal sinfônico, rock progressivo, elementos de folk e o peso do hard rock. Livre das exigências da antiga banda, Hietala teve espaço para aprofundar e refinar essa sonoridade com seu mais novo trabalho: “Roses From the Deep”, lançado pela Nuclear Blast em parceria com a Shinigami Records, um álbum que prova que ele está em sua melhor forma criativa.

Logo nos primeiros segundos do disco, sente-se um clima de liberdade e energia. A faixa de abertura, “Frankenstein’s Wife”, é um turbilhão teatral que lembra os momentos mais épicos de Meatloaf, com o vocal intenso de Hietala liderando uma jornada sonora cheia de coros grandiosos e um ritmo decadente e sensual que remete mais a Dio do que a Dokken. É um começo marcante para um álbum que equilibra confissão e excentricidade.

Outro destaque é “Proud Whore”, com sua atitude debochada e pegada de funk rock sujo, cheia de harmônicos inspirados em Kiss e uma vibração de metal cru e rouco. A faixa é carregada de ironia e explora o lado mais brincalhão do artista, enquanto mantém sua assinatura musical progressiva. Em contraste, “Two Soldiers” mergulha em delicadeza: uma canção com violões suaves, orquestrações cinematográficas e notas de piano delicadas que criam a base perfeita para a entrega emocional de Hietala.

A faixa central do disco, “Dragon Must Die”, é uma explosão de criatividade — unindo riffs de metal progressivo, elementos de space rock psicodélico e uma pitada de folk com alegria e intensidade. Já “The Devil You Know” mistura a robustez do Deep Purple com a fluidez instrumental do Jethro Tull, entregando uma experiência sombria com toques psicodélicos. A canção “Tammikuu” traz uma base de rock rústico com momentos grandiosos de orquestra sinfônica, destacando-se ainda mais com um solo de sintetizador absolutamente insano no final.

A banda que acompanha Hietala neste projeto mostra domínio técnico e versatilidade, dando vida a cada faixa com energia e precisão. O encerramento, com a emocionante balada “Roses from the Deep”, entrega uma última dose de emoção e teatralidade, finalizando o álbum com um solo progressivo vibrante que celebra a jornada até aqui.

Com este lançamento, Marko Hietala prova que está não só recuperado, mas criativamente renovado. “Roses from the Deep” é um retorno triunfante e uma afirmação de que ele ainda tem muito a oferecer ao mundo do rock e do metal.

NOTA: 8 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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