Megadeth: 27 anos do lançamento de “Cryptic Writtings”

Na década de 1990, o Heavy Metal andava bem em baixa. O álbum preto do Metallica foi o grande lançamento, antes de Sepultura e Pantera tomarem conta da cena. Mas isso não significa que não tivemos bons álbuns lançados neste período. Nosso papo hoj  é sobre um dos álbuns deste período: “Cryptic Writtings“, do Megadeth, lançado há 27 anos, em 17 de junho de 1997.

Esse disco era o ápice da fase em que a banda se distanciava do Thrash Metal que consagrou o Megadeth. Era também o último disco gravado com a formação clássica. Nick Menza saiu em definitivo depois do lançamento e a frustração fora ainda maior quando de sua morte, havia a possibilidade do seu retorno para o lineup.

A banda vinha do aclamado “Youthanasia” e oprodutor Max Norman assinou a produção, juntamente com Dave Mustaine, e assim todos foram para o estúdio “The Track Room“, em Nashville. Também foram utilizados o “The Castle”, na cidade de Franklin para gravações adicionais e o “Gateway Mastering Studios”, em Portland, onde a bolacha foi masterizada. Foi um dos últimos discos a ser lançado pela “Capitol”, gravadora com quem o Megadeth sairia poucos anos depois, em litígio.

Temos o início com a comercial “Trust“. Mesmo comercial, ela é poderosa, técnica, pesada e um clima como poucas músicas o Megadeth compôs em toda a sua carreira. Tem fãs que torcem o nariz para este som. Puro radicalismo. Lembro-me que na época do lançamento, li um anúncio de uma garota na revista “Rock Brigade” em que ela pedia para que fãs desta música não a escrevessem. Optei em não escrever para esta moça radical… “Almost Honest” tem um clima modernoso, onde o baixo de Dave Ellefson brilha. As guitarras são meio estranhas, mas não comprometem a música.

Use The Man” é uma música mais lenta, embora no final ela fique mais rápida. Fala sobre o vício em heroína e na sua intro traz um trecho da música “Needles & Pins“, na versão da banda The Searches. É uma das minhas favoritas deste disco. Já “Mastermind” traz de volta o clima modernoso ao disco. Com riffs interessantes e uma pegada mais arrastada na primeira parte, crescendo na parte do solo. Muito boa.

Em “The Desintegrators”, temos de volta um esboço do Thrash Metal. Uma música bem a cara do Megadeth, rápida, agressiva e ríspida. Os riffs com o selo de qualidade de Dave Mustaine, aliados ao baixo pesadão de Ellefson. Música maravilhosa. “I‘ll Get Even” é uma balada que acalma os ânimos depois da música destruidora que a antecedeu. E ela é agradabilíssima de se escutar, enquanto que “Sin” é vistosa, pesada, moderna, linda. Aqui eu destaco a bateria precisa do nosso saudoso Nick Menza.

A Secret Place” é melódica e ao mesmo tempo pesada e densa, fazendo dela uma combinação perfeita, enquanto que “Have Cool Will Travel” é uma música mais calminha, sobretudo em seu refrão. A diferença entre essas duas músicas fazem uma conexão perfeita no disco. Ai temos o riff cavalgado de “She-Wolf“, um dos melhores já compostos por Dave Mustaine. Essa música é outra que se destaca neste play e as influências de Iron Maiden se mostram latentes no dueto de guitarras ao final da música. Perfeita.

Vortex” traz novamente a trilha moderna em que o Megadeth estava se enveredando neste disco. Com uma pegada Prog incrível, ela é também pesada e densa, linda e poderosa. “FFF“, as iniciais para “Fight For Freedom” fecha o disco com chave de ouro, em que seu instrumental é, digamos, uma releitura de “Motorbreath“, lançada pelo Metallica em seu debut, “Kill ‘Em All” com algumas diferenças, o solo muitíssimo bem executado por Marty Friedman, o baixo de Dave Ellefson com muito peso. Ela é bem curta e grossa, então, no meu caso, eu não vejo problemas em repetí-la à exaustão.

E chegamos ao final de um disco curto, porém, interessante, em que pese o fato de ter o Megadeth pelo terceiro álbum consecutivo se distanciando do que fora produzido no seu supra-sumo, o inquestionável “Rust in Peace“. Um álbum que eu tenho o maior carinho, por ter sido o segundo disco dos caras que conheci e foi aí que eu passei a gostar da banda e a procurar pelo material mais antigo.

Cryptic Writtings” saiu em três edições: esta que o redator tem em suas mãos, que é a mais conhecida, com as doze faixas e a capa cinza; e edição japonesa, com uma faixa bônus, “One Thing” e a versão remixada, lançada mais tarde, com uma capa preta, que inclui versões alternativas para as músicas originais, como por exemplo, a versão em espanhol para “Trust” e faixas gravadas em apresentações ao vivo.

Nosso aniversariante de hoje foi bem recebido em seu lançamento e estreou na 8ª posição da “Billboard”, além de ter sido certificado com disco de platina, em 1998. Além disso, rendeu uma passagem pelo Brasil, no qual a banda se apresentou na versão brasileira do “Monsters of Rock” no ano de 1998, ao lado de Slayer, Manowar, Korzus, Dorsal Atlântica, entre outros.

Apesar de meio desprezado por pequena parcela dos fãs, trata-se de um bom álbum de Heavy Metal e que envelhece bem, sendo hoje o tema de nossa crônica, recebendo as justas homenagens. O Megadeth segue bem, obrigado, inclusive, tendo retornado recentemente ao nosso país, para uma apresentação única em SP no mês de abril deste ano. Hoje é dia de ouvir esse play no volume máximo.

Cryptic Writings – Megadeth
Data de lançamento – 17/06/1997
Gravadora – Capitol

Faixas:
01 – Trust
02 – Almost Honest
03 – Use The Man
04 – Mastermind
05 – The Desintegrators
06 – I’ll Get Even
07 – Sin
08 – A Secret Place
09 – Have Cool Will Travel
10 – She-Wolf
11 – Vortex
12 – FFF

Formação:
Dave Mustaine – vocal/ guitarra
Dave Ellefson – baixo
Marty Friedman – guitarra
Nick Menza – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

One thought on “Megadeth: 27 anos do lançamento de “Cryptic Writtings”

  • junho 22, 2024 em 11:04 pm
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    “Monsters of Rock” de 1998 marcou muito, lembro!!!! Valeu!!!!

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