Rush: 44 anos de “Permanent Waves”

Há 44 anos, em 14 de janeiro de 1980, o Rush, maior power-trio da história da música, lançava “Permanent Waves“, o disco de número sete da discografia desta banda amada por todos nós e que é assunto do nosso bate-papo por aqui hoje.

O disco já demonstra uma transição na sonoridade da banda, porém, as guitarras e o lado progressivo ainda falariam alto em determinados momentos. Outra mudança notada foi no conceito deste álbum, diferente dos anteriores que eram mais conceituais, cujas letras eram mais voltadas para a ficção científica, no aniversariante do dia eles optaram por uma roupagem mais direta, sem necessariamente descaracterizar a essência deles, o que faz desta obra ainda mais especial.

Após a conclusão da turnê do álbum “Hemispheres“, na qual a banda tocou por oito meses entre o Canadá, Estados Unidos e Europa e os trabalhos de composição do vindouro álbum se iniciaram ainda em junho de 1979. Assim, o trio se reuniu no “Le Studio“, na província de Quebec, entre os meses de setembro e outubro de 1979, com produção da própria banda em parceria com Terry Brown. Por algum tempo, após a gravação, o guitarrista Alex Lifeson senriu-se inseguro com o disco e evitava ouvi-lo. Ele alegava não ter apresentado nenhuma ideia nova. Obviamente ele viu depois que havia exagerado; Como pode alguém achar ruim um disco que começa com “The Spirit of Radio“, “Freewill” e “Jacob’s Ladder“?

Vamos então sem mais delongas colocar a bolacha para rolar e destrinchar o que se passa nos breves 35 minutos de obra-prima: A abertura não poderia ser melhor, as viradas estupendas de Neil Peart anunciando a clássica “The Spirit of Radio”. Uma música calma, porém divertida e já com um prenúncio dos sintetizadores que Geddy Lee passaria a utilizar na década de 1980. Perfeita. “Freewill” dá sequência ao clássico play, em mais uma música que se tornou hino. Ela é densa e tem uma atmosfera única. Sem falar no espetáculo que a dupla Geddy Lee e Neil Peart dão na parte antes do solo, brilhantemente estrelado por Alex Lifeson. Por anos ela foi a minha preferida do Rush.

Chega o rock progressivo e denso com “Jacob’s Ladder” e impressiona o peso que Geddy Lee colocou nesta música, o baixo é o instrumento que conduz toda a canção, que é perfeita, não precisava tirar nem colocar nada além do resultado final desta composição. Temos duas músicas com menores pitadas de Rock Progressivo, que são “Entre Nous” e “Different Strings”, que são, podemos dizer, mais acessíveis às rádios. A primeira é bem interessante, levada completamente no violão, enquanto que a segunda é bem melancólica.

Mas o final é épico com “Natural Science”. Com todo respeito que eu tenho pelas bandas gigantes de Rock Progressivo, mas se alguém me pedir para definir o estilo com uma música, a escolhida é essa em questão. Que sonzeira. Geddy Lee usando e abusando de escalas maravilhosas em seu baixo; Neil Peart quebrando tudo com suas viradas. Também temos Alex Lifeson fazendo o seu melhor. Detalhe é que ao vivo ele melhorou o solo nesta música. É de longe uma das mais complexas e completas deste power trio que nos deixa com muitas saudades.

O álbum, embora curto, é certeiro e esse final é o que há para os apreciadores de uma música de excelente qualidade, coisa que poucas bandas na história conseguiram. E o feito do Rush é potencializado pelo fato de serem não três caras, e sim três super heróis. Porque a sonzeira que eles faziam era uma coisa inalcançável para um ser humano comum.

Na época do lançamento, “Permanent Waves” foi muito bem recebido pela crítica e pelos fãs, se tornando o disco de maior sucesso até então. Alcançando o 3º lugar nas paradas em seu país natal e no Reino Unido. Foi certificado pela RIAA com o disco de ouro, por alcançar a marca de 1 milhão de cópias vendidas nos Estados Unidos. Isso com certeza alavancou a banda para grabar seu sucessor, o igualmente fabuloso “Moving Pictures”, mas isso é tema para outra data, quando chegar o aniversário deste clássico.

Nos charts pelo mundo, o álbum ficou em terceiro no Reino Unido, quarto na “Billboard 200“. Na Noruega alcançou a posição de número 21, 26 na Suécia e na Holanda alcançou a posição de número 31. Em 2020, quando do lançamento da edição comemorativa dos 40 anos, o disco chegou a posição de número 47 na Alemanha e 65 na Suíça. O álbum foi certificado com Disco de Ouro no Reino Unido e Platina nos Estados Unidos e Canadá.

Minha relação com este “Permanent Waves” é mais que especial, pois é o meu favorito do Rush. Então nestas ocasiões, fica difícil separar o lado emotivo do analítico e talvez nem seja essa a intenção aqui, pois estamos reverenciando 42 anos de um disco que envelhece cada vez melhor. E como não há a possibilidade de testemunharmos uma reunião da banda, só nos resta escrever e enaltecer o legado deixado por estes monstros do Rock. Hoje é dia de fazer um culto de adoração a esse disco maravilhoso.

Permanent Waves – Rush
Data de lançamento – 14/01/1980
Gravadora – Anthem

Faixas:
01 – The Spirit of Radio
02 – Freewill
03 – Jacob’s Ladder
04 – Entre Nous
05 – Different Strings
06 – Natural Science

Formação:
Geddy Lee – baixo/ vocal/ sintetizadores
Alex Lifeson – guitarra/ violão
Neil Peart – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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