Metallica: há 36 anos, era lançado o álbum “… And Justice for All”

Há 36 anos, em 7 de setembro de 1988, o Metallica lançava seu quarto álbum: e “…And Justice for All” era muito mais do que simplesmente um disco de estúdio. Era a banda tentando se recuperar de um golpe duríssimo que o destino aplicou à banda: a morte de Cliff Burton, em um acidente de ônibus, dois anos antes, na Suécia. Hoje esse álbum é assunto do nosso bate-papo neste feriado de independência.

A banda recrutou o jovem Jason Newsted, que tocava no Flotsam & Jetsam. O cara era fanático pelo Metallica e impressionou aos músicos por saber cada nota das músicas da banda quando da sua audição. Parecia ser a pessoa mais indicada para o posto… Mas as coisas não eram tão simples assim.

Pois bem, como se sabe, o cara ficou na banda até o ano de 2001, e antes de gravar o álbum homenageado de hoje, gravou um disco de covers com seus novos companheiros, o “Garage Days…Re-Revisited“.

…And Justice for All” é sim, um excelente disco, embora muita gente considere que o Metallica acabou em “Master of Puppets“, o que é uma grande tolice. Os elementos Thrash Metal aqui se mantém intactos e em alguns momentos, temos aqui alguns dos riffs mais rápidos já compostos por James Hetfield. Em algumas passagens, soam muito mais Thrash do que o anterior. O problema de “…AJFA” é a produção, que simplesmente limou o baixo da gravação. É simplesmente impossível escutar o trampo do estreante Jason e isso é um crime inafiançável. Esse é o maior pecado deste disco em minha opinião. Porque as músicas são fantásticas.

Em entrevista recente, James teve a chance de se redimir pela falha em deixar o baixo inaudível, mesmo que ele não tenha sido (diretamente) o culpado por tal imoralidade. Mas ele preferiu dar a seguinte declaração:

…AJFA” é o disco em que a banda mais ousou em termos de complexidade e extensão das músicas. Todas elas com no mínimo 5 minutos de duração, com ápice de quase 10 minutos, como no caso de “To Live is to Die“. Mas em nenhum momento essas músicas soam pedantes ou com algum tipo de excesso. Pelo contrário, não há uma música sequer ruim neste disco.

O álbum fora gravado no estúdio “One on One“, em Los Angeles, entre os meses de janeiro e maio de 1988, com produção de Flemming Rasmussen, a essa altura, já parceiro de longa data da banda e que só não havia produzido o disco de estreia. Seria o último trampo do produtor junto ao Metallica. “…AJFA” foi lançado pela “Elektra“.

Os temas líricos abordados nesta obra giram em torno das injustiças no sistema das leis, supressão de liberdades, guerra, intensidade e ódio
Os temas líricos abordados nesta obra giram em torno das injustiças no sistema das leis, supressão de liberdades (o metaleiro Bolsominion vai achar que James Hetfield escreveu “Eye of Beholder” para criticar o ministro Alexandre de Moraes), guerra, intensidade e ódio. Uma curiosidade é que a música “To Live is to Die“, recebe o vocal de James Hetfield na parte final, recitando a letra, que fora escrita por um poeta alemão chamado Paul Gerhardt, Essa música é na verdade um medley das partes se baixo que foram gravadas, mas nunca utilizadas por Cliff Burton e por isso ele é creditado como autor.

O álbum tem 9 músicas, cada uma mais raivosa que a outra. A duração é de 65 minutos, até então, não só o álbum mais extenso, mas também o que tem as músicas mais extensas da banda. A faixa mais curta é “Dyers Eve“, com 5 minutos. É o Metallica experimentando uma interessante mistura entre Thrash e Metal Progressivo. Lars Ulrich tem de longe a sua melhor performance tocando bateria na banda, o que motivou uma teoria de conspiração de que não teria sido ele o responsável pela execução. James Hetfield e Kirk Hammet estão arrasadores com seus riffs. Uma pena a patifaria que fizeram com Jason Newsted.

Difícil destacar uma só canção, uma vez que todas, sem exceção, são verdadeiras epopeias do Thrash Metal e 36 anos depois, seguem como referência para quem quer montar uma banda e escrever novas canções. “One” é definitivamente o grande hit do play, música com a qual a banda gravou seu primeiro videoclipe, mas há também outros bons momentos como em “Harvester of Sorrow“, “The Shortest Straw“, “Blackened” e algumas delas ainda são lembradas nos shows da banda atualmente.

Após a audição, a sensação é de que você esteve em um tsunami do Thrash Metal. E quem esperava escutar as linhas de baixo de Jason Newsted teve que esperar por mais três anos; só lhe dariam um pouco de espaço no “Black Album”. O disco beira a perfeição, não fosse essa verdadeira, digamos, trapaça, não só com o músico, mas também para com os fãs. O Youtuber Rob Scallon gravou certa vez um vídeo interessante chamado “…And Justice for Bass” em que ele toca algumas linhas de baixo de todas as oito faixas deste disco. Ficou interessante, como você pode ver abaixo.

Há também no YouTube uma gravação deste álbum remixado, com as linhas de baixo, chamado “…And justice for Jason“, aliás, um ótimo título. Óbvio que não foi produzido pela banda, mas dá para sentirmos a diferença do quão seria melhor o disco se houvesse o baixo contido nele.

…And Justice for All” vendeu mais de 8 milhões de cópias só nos Estados Unidos. Em 2017, ele foi eleito o 21º melhor álbum de Metal de todos os tempos pela revista “Rolling Stone“. Ele figura na lista dos 200 álbuns definitivos no “Rock and Roll Hall of Fame“.

Nos charts, o álbum atingiu o topo nas paradas finlandesas. Na Alemanha ficou em 3°; 4° no Reino Unido, 5° na Suécia, 6° na “Billboard 200“; 7° na Suíça e na Polônia, 8° na Espanha e na Noruega, 9° em Portugual, 12° na Áustria, 13° no Canadá, 16° na Austrália; 19° na Holanda, 22° na Hungria, 25° na Bélgica, 36° na Nova Zelândia, 48° na Irlanda, 56° na Itália, 92° no México e 130° na França. Foi certificado com Disco de Ouro na Nova Zelândia, Noruega e Reino Unido; Platina na Argentina, Polônia, Finlândia e Suíça; Duplo Platina na Austrália e na Alemanha, Triplo Platina no Canadá e oito vezes Platina nos Estados Unidos.

A partir daqui a banda tomaria rumos que seriam completamente daqueles que os fãs da banda esperavam. Lançariam um álbum que consolidou a banda no mainstream (Black Album) e depois cometeria alguns equívocos. Podemos dizer que “… And Justice for All” é o último álbum verdadeiramente Thrash Metal do Metallica. É um álbum que envelhece muito bem, obrigado e hoje se faz digno de toda a celebração.

… And Justice For All – Metallica
Data de lançamento – 06/09/1988
Gravadora – Vertigo/ Elektra

Faixas:
01 – Blackened
02 – …And Justice for All
03 – Eye of the Beholder
04 – One
05 – The Shortest Straw
06 – Harvester of Sorrow
07 – The Frayed Ends of Sanity
08 – To Live is to Die
09 – Dyers Eve

Formação:
James Hetfield – vocal/guitarra
Lars Ulrich – bateria
Kirk Hammet – guitarra
Jason Newsted – baixo (foi creditado, mas teve suas partes limadas)

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

One thought on “Metallica: há 36 anos, era lançado o álbum “… And Justice for All”

  • setembro 9, 2024 em 4:10 pm
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    Ouvia muito em vinil esse clássicos, bons tempos aqueles!!!! Um dos melhores albums dos caras, valeu!!!!

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