Motörhead: há 16 anos, banda lançava “Motorizer”
Há 16 anos, nós vivíamos em um mundo onde o Motörhead ainda existia e, consequentemente, Lemmy ainda estava vivo. Nosso papo desta segunda-feira vai tratar de “Motorizer“, o álbum de número 19 da carreira dessa banda que deixou muitas saudades.
Esse é o 11° e último disco que o Motörhead gravou pela Steamhammer. A banda já começava a se encaminhar para o seu final e os próximos álbuns seriam lançados pelo próprio selo criado por eles. “Motörizer” foi concebido dois anos após seu antecessor, “Kiss of Death” e com um álbum ao vivo, “Better Than Dead: Live at Hammersmith“, entre eles.
Para a gravação do aniversariante do dia, o trio se reuniu em dois estúdios: o “Studio 060” e o “Sage and Sound”, na companhia de Cameron Webb, que já acompanhava a banda desde o álbum “Inferno” (2004). As gravações ocorreram entre o final de 2007 e o início de 2008. A mixagem ocorreu no “Maple Studios” e a masterizacão foi em Hollywood, no “Capitol Mastering”.
Quanto a capa, foi a primeira do disco desde “Overnight Sensation” (1996) sem a colaboração do artista Joe Petagno. Mark De Vito e traz um brasão temático do Motörhead, dividido em quatro pedaços, sendo um para cada membro e um para toda a banda. Eles revelaram a imagem no site oficial no dia 11 de junho. Lemmy apareceu no programa Friday Rock Show, da rádio BBC, onde apresentou “Runaround Man“, “Rock Out” e “The Thousand Names of God“. Sobre esta última, ele deu a seguinte definição:
“É completamente estranho, o título… É sobre soldados sendo enganados para ir para a batalha, para homens de negócios. Não é mais uma causa.”
Colocando a bolacha para rolar, “Runaround Man” traz aquela sonoridade do Motörhead com a qual estamos habituados: o Rock ‘n’ Roll visceral, com bons riffs de guitarra e com uma base bem simples, reta, mas competente. “Teach You How to Sing the Blues” é outra canção forte e que garante ao disco uma pegada bem enérgica.
“When the Eagle Screams” é suja e pesada e o baixo distorcido de Lemmy é o grande responsável por isso. Boa faixa. “Rock Out” é curta, grossa e rápida, lembrando os tempos da clássica “Ace of Spades“. Sem sombra de dúvidas, o ponto alto do álbum, com riffs precisos de Phil Campbell e batidas firmes, alternadas com belas viradas do excelente baterista Mikkey Dee.
“One Short Life” dá uma quebrada no ritmo acelerado das faixas anteriores, trazendo um blues pesado e com timbragem bem suja. Em “Buried Alive“, a velocidade retorna e as palhetadas de Phil Campbell são as protagonistas nesta bela música, que abre a parte final deste maravilhoso play. Temos ainda um solo à lá Iron Maiden, muito interessante.
“English Rose” é a faixa de número sete e as influências bluesy retornam, casadas ao Rock ‘n’ Roll do qual a banda jamais abriu mão em sua carreira. Phil Campbell nos brinda com mais um belíssimo solo de guitarra. O Rock visceral retorna em “Back on the Chain“, onde temos bons riffs. “Heroes” é pesada e densa, uma música mais arrastada e que ajuda a manter o nível do álbum bem acima da ionosfera.
As duas faixas finais, “Time is Right” e “The Thousand Names of God” se diferem entre si. A primeira devolve o clima festivo do Motörhead, com uma música não muito rápida, mas certeira, enquanto que a última é mais cadenciada, com bons riffs mantendo a selo de qualidade que Lemmy e seus asseclas sempre fizeram questão de trazer a tona.
Em 39 minutos temos sem sombra de dúvidas um dos melhores disco do Motörhead dos anos 2000. Não há uma música sequer que possamos dizer que seja ruim. A sensação é ótima e ao final a vontade é de botar o play para rolar novamente.
O álbum foi bem recebido pela crítica e público, apesar de não ter sido um sucesso absoluto de vendas, mas conseguiu boas colocações nos charts mundo afora: 5° na Alemanha, 9° na Finlândia, 10° na Suécia, 11° na Noruega e na Suíça, 13° na Áustria, 16° na Hungria. No Reino Unido, alcançou a 32ª posição, sendo a melhor desde o álbum 1916 (1991). Na “Billboard 200“, chegou a 82ª posição. Nas subcategorias destes dois charts, o álbum foi ainda melhor. No Reino Unido, ficou em 2° na categoria de álbuns de Rock e Heavy Metal. Já na Billboard, ficou em 5° na categoria dos álbuns independentes, 11° na categoria de álbuns de Hard Rock e 14° no Top Tastemaker.
De “Motorizer” em diante, o Motörhead lançaria ainda mais três álbuns e a saúde de Lemmy foi piorando, o que impossibilitou uma extensão da banda por mais tempo. Mas por tudo que Lemmy fez pelo Rock e Metal, o Motörhead merece ser celebrado todos os dias. Hoje é dia de colocar essa bolacha para rolar no volume máximo e celebrar o legado deixado por essa fera chamada Lemmy e seu Motörhead. Pois como eu sempre digo aqui, eu ouço gente morta!
Motörizer – Motörhead
Data de lançamento – 26/08/2008
Gravadora – Steamhammer
Faixas:
01 – Runaround Man
02 – Teach You How to Sing the Blues
03 – When the Eagle Screams
04 – Rock Out
05 – One Short Life
06 – Buried Alive
07 – English Rose
08 – Back on the Chain
09 – Heroes
10 – Time is Right
11 – The Thousand Names of God
Formação:
Lemmy Killmster – baixo/ vocal
Phil Campbell – guitarra
Mikkey Dee – bateria