Resenha: Aborted – “Vault of Horros” (2024)
Ferox e Grier estão aqui para garantir que os próximos quarenta minutos da sua vida sejam tomados por uma verdadeira tempestade sonora, enquanto Sven e sua equipe detonam com uma ferocidade implacável. Por duas décadas, Aborted tem se mantido firme no mundo brutal do grindcore, sem jamais abandonar seu estilo singular. Talvez por isso alguns de vocês não gostem deles, achando que tudo soa igual. Mas, se é o caso, estão enganados.
Ao longo de quase toda a sua existência, Aborted tem sido consistente tanto no conteúdo quanto na frequência de lançamentos, sempre garantindo a dose de agressão temática de terror que faz com que Grier se sinta em casa. A brutalidade do grindcore pode não ser para todos, mas há algo em bandas como Aborted e Pig Destroyer que ressoa profundamente. Enquanto outras, como Dying Fetus, não causam o mesmo impacto, Aborted sempre consegue satisfazer e exaurir ao mesmo tempo. E, como era de se esperar, “Vault of Horrors“, seu novo disco, lançado pela Nuclear Blast e com distribuição no Brasil pela Shinigami Records, não economiza em ataques implacáveis.
Este novo álbum é repleto de participações especiais, com diferentes vocalistas convidados para cada faixa, adicionando uma diversidade vocal à torrente de músicas pesadelo que variam de dois a quase seis minutos.
Começando com “Dreadbringer”, o álbum estabelece o clima com uma atmosfera sombria que explode em uma enxurrada de guitarras e bateria. Quando os vocais marcantes entram, um novo riff surge, pronto para quebrar seu pescoço. No meio da faixa, surgem elementos sinistros que empurram a música para uma construção que combina explosões de trabalho técnico de guitarra mortal com solos melódicos. Outra faixa monstruosa, “The Golgothan“, utiliza atmosferas construtivas e um trabalho de guitarra feroz. As tonalidades assustadoras da introdução levam a música a territórios sympho-death antes que guitarras intricadas perfurem seu ouvido interno e iniciem um headbanging violento. A música continua crescendo até parar abruptamente, momento em que os vocais de Hal Microutsicos (Engulf e Blasphemous) avançam com força.
Entre todas as faixas, “Malevolent Haze” se destaca como a mais brutal e devastadora. Um ataque celestial de blastbeats inicia a faixa antes que o verdadeiro rolo compressor comece. A barragem é implacável, com guitarras e bateria consumindo qualquer energia restante que você possa ter. O único alívio vem quando a música desacelera, arrastando seu corpo exausto pelo lodo até que guitarras limpas e assustadoras criam uma atmosfera de beleza e terror. Um grito rompe o céu, intensificando a construção melódica. À medida que a faixa cresce, os vocais se tornam cada vez mais dolorosos, e a emoção é tão densa quanto sangue coagulado. É uma maneira incrível de encerrar o álbum.
Por outro lado, “Death Cult” é a faixa mais viciante. Diferente das outras mencionadas, ela elimina a atmosfera construtiva e se concentra em um refrão cativante e uma performance vocal poderosa. Utilizando a habilidade vocal de Alexandre Erian do Despised Icon.
Entre as dez faixas, a que perde mais força e carece de um algo mais é “Naturom Demonto“, que soa meio como um ponto nulo. Não porque seja insípida, mas após quase trinta minutos de ataques incessantes, ela não consegue superar as faixas anteriores e pouco faz para preparar o terreno para a faixa final. Contudo, isso não prejudica o impacto geral de “Vault of Horrors“. Nem mesmo a masterização comprimida. Esse caos absoluto parece se beneficiar da falta de dinâmica, elevando o horror. Com certeza irá conquistar lugar em muitas listas de fanáticos do extremo.
NOTA: 7