Resenha: Benediction – “Ravage of Empires” (2025)

Cinco anos após o competente retorno com “Scriptures” em 2020, o Benediction está de volta para reforçar sua posição entre os pilares do death metal britânico. Com uma carreira iniciada no final dos anos 80, os caras de Birmingham ajudaram a moldar o gênero no Reino Unido ao lado de nomes como Bolt Thrower e Cancer. Agora, em “Ravage of Empires”, seu nono disco de estúdio, o grupo reafirma sua identidade com um trabalho sólido, direto ao ponto e carregado de personalidade.

Este novo capítulo traz Dave Ingram nos vocais, acompanhado pelos guitarristas de longa data Peter Rew e Darren Brookes, além da adição do baixista Nik Sampson. Juntos, eles evocam aquele som cru e encorpado que marcou discos como “Subconscious Terror”, “The Grand Leveller” e “Transcend the Rubicon”. Com 11 faixas e 47 minutos, “Ravage of Empires” entrega uma porrada nostálgica e sem rodeios, apostando em riffs poderosos e batidas que remetem ao auge da cena britânica dos anos 90.

Desde a abertura com “A Carrion Harvest”, a banda mostra que ainda tem fôlego para entregar agressividade com consistência. O álbum caminha por diferentes velocidades, variando entre pedradas mais aceleradas como “Genesis Chamber” e momentos mais cadenciados como “Deviant Spine” e “Psychosister”, esta última com uma estrutura rítmica quebrada que pode causar estranhamento, mas ao mesmo tempo reforça a disposição do grupo em não soar repetitivo.

Entre os destaques, faixas como “Beyond the Veil (Of the Gray Mare)”, “Empires of War”, “Crawling Over Corpses” e “The Finality of Perpetuation” se sobressaem com aquele groove seco e cavalgado típico do Benediction, resgatando o espírito dos velhos tempos sem parecer mera repetição. A faixa de encerramento, “Ravage of Empires”, fecha o disco com força e reafirma o domínio da banda sobre sua própria fórmula: simples, eficaz e devastadora.

A produção ficou novamente nas mãos de Scott Atkins — conhecido pelos trabalhos com Sylosis, Cradle of Filth e Man Must Die — que acerta na medida ao modernizar o som sem descaracterizá-lo. O resultado é um disco que mantém a essência do death metal britânico tradicional, mas com um peso e clareza que o deixam perfeitamente adaptado ao cenário atual.

“Ravage of Empires”, lançado pela Nuclear Blast em parceria com a Shinigami Records, é um disco que não pretende reinventar a roda — e ainda bem por isso. Ele se apoia nos pontos fortes que fizeram do Benediction uma lenda: riffs diretos, vocais marcantes e uma pegada que mistura brutalidade e groove na medida certa. Pode não ser inovador, mas é aquele tipo de álbum que faz você querer subir o volume e mergulhar de volta nos tempos dourados do death metal. E isso, por si só, já vale muito.

NOTA: 7

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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