Resenha: Blind Guardian – “Somewhere Far Beyond” – Revisited
“Somewhere Far Beyond“, lançado em 1992, é um daqueles álbuns que definiram uma era do metal melódico. O Blind Guardian, liderado pelo vocalista Hansi Kürsch, já demonstrava sua capacidade de mesclar complexidade e melodia de forma única, criando um clássico absoluto dentro do power metal. Agora, mais de 30 anos depois, a banda traz Somewhere Far Beyond – Revisited, lançado pela Nuclear Blast Records e distribuído pela Shinigami Records, é uma reinterpretação do álbum que, para muitos, é um dos maiores marcos de sua carreira. Mas será que revisitar esse passado glorioso realmente faz jus à sua importância ou acaba sendo um exercício de nostalgia?
A proposta de regravar um disco com tanto peso histórico tem seus riscos. Por um lado, há a possibilidade de oferecer algo novo, aprimorando a sonoridade e modernizando a produção. Por outro, pode cair na armadilha de apenas tentar reproduzir a magia original sem conseguir capturar sua essência. No caso de Somewhere Far Beyond – Revisited, a banda optou pela segunda opção: o álbum foi refeito praticamente nos mesmos moldes, com uma sonoridade mais limpa e polida, mas sem grandes mudanças na estrutura das músicas.
Os riffs de guitarra continuam intensos, as linhas de bateria seguem complexas e Hansi Kürsch ainda domina com sua voz poderosa, capaz de alcançar aqueles agudos imponentes que marcaram sua carreira. A maior diferença está na produção, que agora soa mais nítida e cristalina, um contraste com o aspecto mais cru e abrasivo do original de 1992. Isso é particularmente evidente em faixas como The Bard’s Song – In the Forest, onde a melancolia das melodias ganha uma nova textura, quase etérea, sem perder a força emocional.
Contudo, há algo de imutável no desempenho da banda, especialmente quando se observa a interpretação de Black Chamber, uma das faixas mais desafiadoras do disco. Embora o domínio técnico de Kürsch seja inegável, falta algo da energia espontânea e da garra juvenil que tornou aquele álbum de 1992 tão impactante. A vitalidade que se ouvia naquela gravação original, com seus pequenos deslizes e sua urgência, parece ter se suavizado ao longo dos anos, substituída por uma versão mais polida e menos efervescente da banda.
Este é, sem dúvida, um disco feito para os fãs mais hardcore do Blind Guardian. Aqueles que querem sentir novamente o sabor da juventude de Somewhere Far Beyond poderão encontrar prazer nesta nova versão, mas não há muita novidade aqui. A reinterpretação soa mais como um tributo à própria obra do que uma tentativa de expandir ou evoluir. E, embora a produção impecável seja um ponto positivo, a sensação que fica é a de que o álbum de 1992 já era perfeito da maneira como foi feito — uma regravação, portanto, parece quase desnecessária.
No fim, Somewhere Far Beyond – Revisited é uma celebração do legado de uma das maiores bandas do metal, mas, ao mesmo tempo, evidencia a dificuldade de revisitar um clássico sem alterar o que já estava certo. Para quem conhece o original, essa regravação soa mais como uma curiosidade ou uma peça de colecionador. Não há nada de errado com a versão de 1992, então, talvez a grande pergunta seja: até que ponto faz sentido reviver algo que já estava perfeito?
Ouvia muito esse album em fitas cassetes da época, bons tempos aqueles!!!! Interessante dar uma roupagem nova em termos sonoros para os clássicos, muita gente não gosta!!!! Blind Guardian, Helloween e Stratovarius são os grandes representantes do metal melódico…na minha singela opinião!!!! Valeu!!!!