Resenha: Bruce Dickinson – “The Mandrake Project” (2024)

Demorou muito, dezenove anos, para ser mais exato, para que o mundo voltasse a testemunhar um novo álbum solo de Bruce Dickinson. Desde o mediano “A Tyranny of Souls” que o talentoso vocalista-historiador-esgrimista-piloto de avião só se ocupava com o Iron Maiden. Também pudera, desde que retornou à Donzela, em 1999, a rotina tem sido puxada, com turnês e álbuns novos. Mas enfim, “The Mandrake Project“, o álbum de número sete da carreira fora do Iron Maiden que Bruce havia deixado, digamos, hibernando.

Somente no ano passado que Bruce conseguiu um pouco mais de espaço em sua agenda super lotada com o Iron e conseguiu fazer turnês, inclusive vindo ao Brasil e prestando uma homenagem ao Deep Purple. Também deu uma palestra durante a primeira edição do Summer Breeze Brasil, em abril de 2023. E o novo e aguardado álbum, sairá no próximo dia 1 de março. Nós já temos ele aqui e vamos trazer nossas impressões para você, caro leitor.

Bruce se reuniu novamente com seu parceiro de longa data, Roy Z, que infelizmente não estará tocando na próxima turnê anunciada pelo vocalista. E desta vez, a banda se reuniu a Bruce Dickinson e Roy Z, este tocou as guitarras e o baixo. Na bateria, um músico contratado, Dave Moreno, que toca no Tribe of Gypsies desde 2005 e um tecladista igualmente contratado, o italiano Mistheria. O play é composto por dez canções em 58 minutos e conta com algumas das faixas mais extensas já gravadas em um álbum de Bruce Dickinson: “Sonata (Immortal Beloved)” com seus nove minutos, é a campeã.

A bolacha foi gravada no estúdio Doom Room, em Los Angeles e será lançada e distribuída pela BMG. Novamente, a produção ficou a cargo de Roy Z. No quesito produção, o álbum é impecável, tudo certinho, limpinho e o ouvinte consegue identificar todos os instrumentos com clareza absoluta. Entretanto, o trabalho, no geral, está longe de figurar entre os melhores momentos da carreira de Bruce. Não é uma porcaria absoluta, mas deixa um pouco a desejar pelos poucos bons momentos apresentados aqui neste “The Mandrake Project“. Vamos destacar estes bons momentos abaixo:

Rain of the Graves” se destaca pelos riffs poderosos e um belo solo, que aliás é tocado por um convidado especial: Chris Declercq, guitarrista que já tocou ao vivo com Blaze Bayley. “Eternity Has Failed” começa meia-boca e cresce, ficando muito parecido com o Iron Maiden, principalmente na hora do solo. “Mistress of Mercy” é bastante poderosa e faz com que os bons momentos da carreira solo de Bruce sejam lembrados.

Mas temos também momentos não tão bons, como em uma música chata de doer, chamada “Ressurrection Man“, provavelmente a mais chata que Bruce já escreveu desde que resolveu fazer álbuns como um artista solo. A voz dele continua sensacional, mas nesta canção em especial a monotonia tem seu ápice. Monotonia que se repete em boa parte da canção “Shadow of the Gods“, que se salva por um belo momento ali pelo meio da música, onde os riffs pesados dominam e a música cresce, para, porém, terminar chata como começou.

The Mandrake Project” se mostra um trabalho pra lá de mediano. Bruce é capaz de fazer melhor. E a cobrança é sempre dobrada para quem é capaz. E sabemos que quem conseguiu escrever obras esplêndidas como “Accident of Birth” e “The Chemical Wedding” tem expertise para nos oferecer algo bem acima da média. A sensação depois de escutar o mais novo álbum de Bruce Dickinson é de decepção, após quase duas décadas de espera.

NOTA: 7,0

6 thoughts on “Resenha: Bruce Dickinson – “The Mandrake Project” (2024)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *