Resenha: Corey Taylor – “CMF2” (2023)

Corey Taylor prometeu que seu novo disco solo, “CMF2”, seria o maior disco de rock deste e do próximo ano. Todos sabemos que o vocalista tem uma queda por hipérboles, seja para anunciar uma máscara nova do Slipknot ou contar alguma história sua.

Porém uma coisa é certa no novo disco. Taylor é sem dúvida alguma um dos maiores ícones do seu tempo, e hoje é um cara amadurecido e consegue jogar em um liquidicador todas as suas influências e brinca com auto referências que fazem desta sua segunda empreitada solo um trabalho muito mais consistente e norteado do que o bagunçado primeiro episódio.

A abertura com “The Box” é uma espécie de folk, e que mostra que as coisas assumiram um tom diferenciado, e como uma abertura de um conto fantástico, Corey convida, “enjoy the show“. “Post Traumatic” chega em crescendo e é uma das canções mais brutais e energiscas que tem a assinatura do homem. Com versos raivosos e um instrumental visceral, a música explode em um refrão certeiro que irá martelar na sua mente por dias. Destaque para a linha de baixo pesada e groovada. “Talk Sick” ganha traços do Nirvana, e Corey não esconde sua influência do movimento grunge, em mais um refrão de arena! “Breath of Fresh Smoke” já passa para outros lados, trazendo um pop country e um linda balada nesse ritmo, que mesmo após duas sequências pesadas, não passa invisível e é uma música “road” e pronta para estourar nos rádios. “Beyond” é outra conhecida do público e traz o peso de volta, tendo seu melhor momento na parte principal e “We Are Rest” é uma investida no punk noventista e Corey acerta em cheio, em uma música carregada de energia e passagens que poderiam figurar em um disco do Green Day em suas eras douradas. “Midnight” é soturnae e certamente irá trazer lembranças aos órfãos do Stone Sour. Pulando a insonsa “Starmate”, chegamos a “Sorry Me“, que lembra a versão acústica de “Vermillion” e traz um Corey em tons baixos nos versos dando peso e um tom sombrio a faixa, não escondendo sua paixão pelo Alice in Chains e impossível não reconhecer os traços da banda de Seattle por ali. “Punchline” é robusta, cadenciada e daquelas músicas que inicialmente seriam para preencher buracos, mas ganha vida própria e funciona perfeitamente em sua execução. “Someday I’ll Change Your Mind” é bonitinha, mas soa interminável na sua melosidade exagerada e desnecessária, sendo mais um momento apagado. “All I Want is Hate” é o Corey desenfreado e enfurecido, em uma das mais rápidas e pesadas faixas do álbum, e dona de passagens que são verdadeiras insanidades musicais, e deveria ter encerrado o disco, mas ainda há tempo para “Dead Flies“, que mesmo sendo uma boa música, não faria falta.

Com tudo isso, Corey Taylor cria um momento musical incrível, sem amarras e completamente livre para jogar na empreitada, tudo o que o compõe como o amadurecido artista que é hoje em dia. E diante de toda sua história, carreira e referências, conforme a própria capa do disco ilustra, ele não decepciona e entrega musicalidade em alta e de boa qualidade.

NOTA: 8

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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