Resenha: DGM – “Endless” (2024)

“Endless” é um álbum que marca uma virada importante na carreira de DGM. Como aponta o guitarrista Simone Mularoni, esse é o primeiro álbum conceitual real da banda, que se arrisca a explorar novas texturas e dinâmicas, misturando a grandiosidade do rock progressivo clássico com a assinatura única do grupo. Se no passado DGM se destacou por sua energia imbatível, em “Endless”, lançado pela Frontiers Records e distribuído pela Shinigami Records eles abraçam a reflexão e a introspecção, resultando em um trabalho mais melódico, porém igualmente impactante.

O álbum conta a jornada imaginativa de um homem em busca de respostas para as escolhas que moldaram sua vida, uma temática profunda que atravessa suas faixas. A eterna dúvida sobre o que teria sido da vida caso diferentes caminhos tivessem sido tomados é o cerne da narrativa, e a música se torna o veículo perfeito para essa exploração emocional.

A primeira faixa, “Promises”, é uma afirmação sólida das qualidades de Marco como vocalista. Sua performance é, sem dúvida, uma das mais impressionantes do gênero, e ao lado da banda, ele é capaz de criar uma atmosfera densa e emocional. A inclusão da flauta, uma adição inesperada ao som da banda, traz uma nova camada de complexidade à música, enquanto os teclados continuam a ser um elemento essencial na criação de paisagens sonoras expansivas. A habilidade da banda em transitar entre momentos de calmaria e explosões de energia é uma das suas maiores forças.

“The Great Unknown” traz uma energia mais urgente e direta, com riffs pesados e batidas de bateria poderosas. A faixa tem uma vibe positiva e resoluta, reminiscente de clássicos do rock progressivo, como o trabalho do Kansas, e é mais uma demonstração da destreza de Simone Mularoni na guitarra, cujos solos são executados com precisão e emoção. Já “The Wake” oferece um contraste interessante, com um toque mais suave, mas mantendo a intensidade através de harmonias vocais densas e ganchos bem trabalhados.

“Solitude” se destaca por sua abordagem mais intimista. A banda mostra uma incrível sensibilidade ao explorar o lado mais sutil da composição, com uma contenção que contrasta com as passagens mais monumentais do álbum. “Final Call”, por outro lado, é uma explosão de energia, com um refrão cativante que vai direto ao ponto e mantém o ritmo acelerado o tempo todo, enquanto a faixa “Blank Pages” apresenta uma balada poderosa, onde o piano lidera a melodia e Marco demonstra toda a sua versatilidade vocal.

O grande final do álbum fica por conta de “…Of Endless Echoes”, uma faixa épica de 14 minutos que encerra o disco de forma memorável. A música se desvia por várias mudanças de tempo e tonalidade, mantendo a coesão e a intensidade da narrativa até o último segundo. Poucas bandas conseguem fazer um épico tão fluido e emocionante, e DGM se mostra mais uma vez uma força imbatível no cenário do rock progressivo.

Lembro-me de quando recebi um álbum anterior do DGM e fiquei surpreso com sua musicalidade impressionante e sua habilidade em criar composições que vão além das convenções do gênero. “Endless” reafirma essa impressão, mostrando que a banda não é apenas mais uma banda de rock progressivo com tendências AOR, mas sim músicos de altíssimo nível, capazes de entregar um trabalho onde a musicalidade se encontra com a composição em uma harmonia impecável. Esse é, sem dúvida, mais um esforço impressionante na carreira de DGM, e um álbum que será lembrado como um marco na história do rock progressivo moderno.

NOTA: 7

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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