Resenha: Drowned – “Brasil Visceral” (2025)

Depois de três anos, o Drowned está de volta, com “Brasil Visceral”, o mais novo full-lenght dos mineiros, que já contabilizam 10 álbuns em seus mais de 30 anos de estrada.

O Drowned é uma das bandas que não tem vergonha de se posicionar de um lado (no caso, o da esquerda, que significa estar do lado do bem-estar comum) da história, e em “Brasil Visceral“, eles dão um recado mais que direto para aqueles que insistem em pedir anistia para os que atentam contra a democracia.

O novo álbum foi lançado na última terça-feira (14), através da parceria entre os selos Cogumelo e Voice Music. Talvez a grande novidade por aqui seja no idioma escolhido por eles: o inglês foi deixado de lado, e à exceção da faixa “This Message is for You” e da instrumental “Sem Lugar de Fala”, todas as outras onze canções são cantadas em português, o que vai facilitar e muito o entendimento.

Não faltam críticas ao governo anterior que foi responsável direto por mais de 700 mil mortes por COVID-19, além de ter negligenciado a questão da fome, uma vez que muitos brasileiros comeram pé de frango ou partiram para pegar ossos de boi, que eram jogados fora por alguns frigoríficos Brasil afora. Então, é óbvio que esse disco não vai cair nas graças da turma que canta o hino nacional para o pneu na porta do quartel, o que não preocupa nem um pouco aos integrantes da banda.

As críticas pertinentes também surgem contra a bancada da bala (“A Bancada do Pistoleiro“), à polícia (“Positivo Inoperante“), aos maus tratos às mulheres (“Misoginia em Cristo“), ao neopentecostal que não coloca em prática aquilo que prega (“Deus me Livre de Deus“) e aos já comuns casos de injúria racial (“Expresso 1888“). Na questão da mensagem, o Drowned foi muito bem, e se colocou como uma das grandes bandas, ao lado de nomes como Ratos de Porão, Surra, Dorsal Atlântica, Ira!, Titãs, Violator, Desalmado, entre outros. Sim, caro leitor, há muita coisa boa na música pesada, nem todos são anti-democratas.

A sonoridade também está caprichadíssima. Quem conhece a banda, já sabe o que esperar. O velho e bom Thrash/ Death Metal, com riffs nervosos, algumas passagens melódicas, e o vocal inconfundível de Fernando Lima. Muitas faixas já eram de conhecimento de muitos, pois a banda lançou diversos singles. A produção está boa e quem já acompanha a banda desde os primórdios não irá se decepcionar.

Destaque também para a embalagem, em digipack e a arte gráfica bem legal, que é obra do vocalista Fernando Lima, que já trabalhou em álbuns do Chakal e Overdose. O Drowned foi muito bem em sua nova empreitada, sem medo de se expor e mostrando que o Brasil não é um país para amadores. Uma pena que grande parte do público do meio Heavy Metal não está preparado para escutar as verdades que a banda está dizendo há algum tempo. Eles estão de parabéns. Seria tão bom se a maioria fosse assim como eles.

NOTA: 9.0

https://drownedmetal.bandcamp.com/album/brasil-visceral

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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