Resenha: Exhorder – “Defectum Omnium” (2024)
Após um hiato de vinte e sete anos, a banda Exhorder de Louisiana surpreendeu o cenário musical com “Mourn the Southern Skies” em 2019. Apesar de ser um afastamento significativo dos clássicos “Slaughter in the Vatican” e “The Law“, o álbum marcou um renascimento para a banda, apresentando uma nova formação de peso ao lado do vocalista fundador Kyle Thomas. Este trabalho misturou o thrash característico da banda com elementos sulistas, evidenciando uma influência similar à de Pantera e Down. Mas, há um pequeno ponto aqui, o Exhorder quem influenciou o som, não o contrário, ainda que Pantera tenha alcançado mais sucesso comercial com esse estilo. Com o lançamento de “Defectum Omnium“, que saiu pela Nuclear Blast Records e com lançamento pela Shinigami Records no Brasil, fica evidente que a banda ainda não esgotou sua vontade de provar relevância e se reinventar para seus fãs fiéis. Mas, com um lançamento tão impactante cinco anos atrás, será que “Defectum Omnium” representará um avanço ou um retrocesso?
Kyle Thomas assume dupla função em “Defectum Omnium“, comandando o microfone e a guitarra. A formação é reforçada pelo talentoso Pat O’Brien (ex-Cannibal Corpse) nas guitarras, o extraordinário baixista Jason Viebrooks (ex-Grip Inc.) e Sasha Horn (ex-Dr. Fisting’s Trials) na bateria. Com essa formação, Thomas enche o novo álbum de letras insanas e sombrias sobre a decadência do mundo. Por quase uma hora, Exhorder mistura punk, doom, thrash e metal sulista em uma cacofonia intensa. Se você achou o álbum anterior diversificado, ainda não ouviu nada.
“Wrath of Prophecies” abre com a agressividade que se espera de um vocal no estilo Death Angel, mas mesmo sendo uma faixa decente, o minuto final poderia ter sido cortado. “Year of the Goat“, lançado como single, começa com uma introdução de black metal e traz uma nova diversidade nos vocais. O riff evoca uma vibe thrash reminiscentes de “Iconoclast” do Symphony X, com Thomas lembrando muito Russell Allen. É uma faixa sólida, destacada pela inovação vocal.
O disco passeia por momentos mais experimentais, como a faixa título, “Defectum Omnium” e “Three Stages of Truth, que trazem coro em latim, evoluindo para um dos melhores riffs do álbum, alternando entre crescendos e quedas até explodir em um peso brutal. Já “Three Stages of Truth / Lacing the Well” suaviza com guitarras e um baixo calmo antes de um riff distorcido que lembra Korn. A música então flerta com aspectos de Pantera antes de desaparecer abruptamente.
As faixas puramente thrash, como “Divide and Conquer” e “Desensitized”, se destacam pelos riffs potentes e refrões memoráveis, mas acabam seguindo uma fórmula previsível. As tentativas de inovação em outras faixas são, infelizmente, longas e dispersas. “Sedition”, por exemplo, mistura punk e uma atitude animada que soa como Exhorder tentando emular Gwar, mas sem o humor característico.
Embora “Defectum Omnium” não alcance a excelência de “Mourn the Southern Skies“, ele mostra uma banda disposta a sair da sua zona de conforto. Mesmo que nem todas as experimentações funcionem, as performances são sólidas e a ousadia é admirável. A busca por novos territórios musicais pode ter resultados mistos.
NOTA: 7