Resenha: Lynyrd Skynyrd – “Celebrating 50 Years – Live at the Ryman”
Celebrar meio século de estrada é um feito reservado a poucos nomes do rock, e o Lynyrd Skynyrd faz isso com a grandiosidade que sempre marcou sua trajetória. Gravado em 2022 no lendário Ryman Auditorium, em Nashville, o álbum “Celebrating 50 Years: Live at the Ryman”, lançado pela Frontiers Music Srl em parceria com a Shinigami Records, é mais do que um registro ao vivo — é um documento histórico que marca o fim de uma era e reafirma a força de uma das bandas mais emblemáticas do southern rock.
A importância desse disco vai além da comemoração: o show foi a última apresentação do guitarrista Gary Rossington, único membro fundador remanescente, falecido em março de 2023. Sua presença dá ao álbum uma carga emocional única, transformando cada acorde em uma despedida honrosa e cada riff em tributo à própria história do Skynyrd. Desde a abertura com “What’s Your Name”, o grupo mostra que ainda tem gasolina de sobra no tanque.
O repertório é uma viagem pelos maiores clássicos da banda, equilibrando energia e nostalgia. Faixas como “Workin’ for MCA”, “You Got That Right”, “Down South Jukin’”, “That Smell”, “Gimme Three Steps”, “Sweet Home Alabama” e a inevitável “Freebird” formam o esqueleto do setlist, que atravessa décadas sem perder relevância. Nos momentos mais introspectivos, como “Tuesday’s Gone” e “Simple Man”, o grupo entrega interpretações emocionantes, guiadas pela voz firme de Johnny Van Zant, que honra o legado do irmão Ronnie com respeito e autenticidade.
O show ainda conta com participações especiais que reforçam o espírito de celebração. Nomes como Jelly Roll, Brent Smith (do Shinedown), Marcus King e John Osborne (dos Brothers Osborne) se unem à banda para reinterpretar os hinos do southern rock com vigor contemporâneo. O resultado é uma mistura de gerações, onde tradição e renovação caminham juntas. A formação atual — com Rickey Medlocke, Mark Matejka, Peter Keys, Michael Cartellone e Keith Christopher — mantém o som coeso e poderoso, preservando a tríade de guitarras e os teclados marcantes que definem a sonoridade do Skynyrd.
Em termos de produção, o álbum equilibra com competência o peso do palco e a clareza de estúdio. O público do Ryman, sempre audível entre os intervalos e refrães, se torna parte essencial da experiência, reforçando a sensação de comunhão entre banda e fãs — algo que sempre esteve no DNA do Lynyrd Skynyrd.
Por ser uma celebração, “Celebrating 50 Years: Live at the Ryman” não traz grandes surpresas no repertório, e nem precisa. O foco aqui é a celebração de uma história que ultrapassa o meio século sem perder relevância. O disco funciona como uma cápsula do tempo, onde cada música ecoa a resiliência de uma banda que sobreviveu a tragédias, mudanças e décadas de transformações na música.
Mais do que uma simples gravação ao vivo, este lançamento é uma homenagem à persistência, à paixão e ao legado de Gary Rossington e seus companheiros. Para os fãs de longa data, é um registro comovente; para os novos ouvintes, uma porta de entrada perfeita para entender por que o Lynyrd Skynyrd é um dos nomes mais reverenciados da história do rock americano. “Celebrating 50 Years: Live at the Ryman” é, em essência, um brinde ao espírito imortal do southern rock — fiel, honesto e orgulhosamente indomável.
