Resenha: Meshuggah – “obZen” (2008)

Em 2008, o Meshuggah já rodava o mundo como uma banda no mínimo “estranha”, e no melhor sentido da palavra. E foi nesse ano que eles lançaram “obZen”, seu sexto disco de estúdio, e relançado pela Atomic Fire e trazido ao Brasil pela Shinigami Records.

Nesta obra, a banda pratica algo “mais curto”, mas soa com a sua complexidade costumeira e que continua assombrando com o seu peso.

A abertura é sanguinária, “Combustion” é o cartão de visita e já começa com dois pés furiosos na porta. Densa, com andamentos lunáticos e uma virtuose monstruosa, o som é de uma manada de mastodontes correndo em debandada. “Electric Red” é cadenciada e segue dando um tempo na agitação e abre espaço para algo hipnotizante na sequência. “Bleed” da continuidade e é simplesmente uma das músicas mais malucas já compostas no mundo da música pesada. Conhecida entre os bateristas como “o terror”, a faixa traz o gênio das baquetas e um dos maiores de seu tempo, Tomas Haake, em tempos que parecem verdadeiras acrobacias em tantas viradas e um bumbo latente e tão preciso que parece feito por uma máquina! É realmente monstruoso e hipnotizante a execução de tudo aqui. “Lethargica” é guiada pelo baixo e é outra de complexidade insana. A faixa título chega parecendo um tanque de guerra sem rumo, com a “espessura” do muro de concreto de peso de sua introdução. O disco perde um pouco de força nesse momentos, com algumas músicas que acabam por não soarem tão destacadas por conta das anteriormente vistas, até chegarmos em “Pravus”. De novo voltamos a loop hipnótico em forma de música e é simplesmente IMPOSSÍVEL você ficar parado com cada nota reproduzida nesse monstro em forma de som! Há uma determinada parte após a metade, onde os músicos se unem para criar algo que soa até bizarro de tão brutal que a sequência chega até nós! O disco fecha com a apoteose em “Dancers To A Discordant System“, com uma veia que invoca uma mistura como se o Primus se chocasse com o Lamb of God e é simplesmente animalesca essa mistura!

Em “oBzen”, talvez o Meshuggah soe um pouco mais econômico do que em outros momentos, mas isso não diminui o impacto que é esta obra e todo o seu poder de fogo. Se você é daqueles mais lineares dentro do metal, definitivamente essa banda não é para você, mas se está em busca das peripecias do gênero, saiba que esses caras sabem fazer isso, e sabem muito bem.

NOTA: 9

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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