Resenha: Mick Mars – “The Otherside of Mars” (2024)

Mick Mars não prometeu revolucionar o mundo em sua estreia solo. Mas o título do registro, “The Other Side of Mars” entregava o seu propósito. A ideia era entregar outro lado do guitarrista longe do cabaré circense do Mötley Crüe.

E é aí que está o primeiro de muitos acertos que o disco traz, pois eis aqui um dos melhores trabalhos de Mick em toda sua carreira, ao se ver livres de amarras estilisticas e incorporar diversos elementos em sua música para criar um disco pesado, obscuro, com um gostinho doce de vingança e em ponto de bala.

Loyal to the Lie” é quem abre o registro e abre com força e vigor lá nas alturas. A ponte para o refrão é esmagadora, com Mars soando mais pesado que nunca e o groove da bateria de Ray Luzier do Korn, é a amarra perfeita aqui. Jacob Bunton explode em um refrão de arena e marcante com vocais que caem feito uma luva e de cara temos um cartão de visitas espetacular. Claro que você verá traços do velho Mars por ali, como o riff grotesco de “Broken on the Inside“, uma das mais pesadas do disco, invocando momentos alá Alice in Chains, e Bunton explorando sua voz em diversas nuances. “Alone” é mais lenta, com andamento climático e uma balada obscura, quebrando a porradaria das duas primeiras, mas assumindo o papel de balada, daquelas profundas e cortantes, principalmente em seu belo refrão. Segue a paulada com a moderna e alternativa “Killing Breed“, com Brion Gamboa assumindo os vocais, em uma faixa dominada por sintetizadores e teclados no refrão, invocando o gótico no andamento. Passamos pela melosa “Memories” e chegamos na pegajosa “Right Side of Wrong” que incendeia o ouvinte, com dobras vocais nos versos e outro refrão grandioso, que mesmo ouvindo a faixa pela primeira vez, é difícil não querer cantarolar cada nota. Mars completa o andamento com um solo curto, mas certeiro. “Ready to Roll” é grandiosa, muda completamente seu andamento robusto dos versos para algo cheio no refrão, explosivo e cheio de vigor, que colocará a plateia para cantar junto sem dúvida! “Undone”, traz Gamboa de volta aos vocais, e é algo que traça rumos mais modernos e em meio a riffs sujos, há tempo para um refrão que me fez pensar ser cantado por John Corabi e como o que já é bom, seria ainda mais potencializado se na garganta do ex parceiro de Mick. Mars brilha por aqui descarregando seu arsenal em “passeios” rítmicos cheios de feeling e sabendo dosar o peso com o melódico! “Ain’t Going Back” é o prólogo perfeito, com groove perfeito e um Luzier se esbaldando em seu melhor estilo, e dando espaço para a instrumental “LA Noir” que encerra o registro.

Mick Mars é honesto e sem alarde, entregou um disco não veio com grandes promessas de seu idealizador, mas ao invés disso, ele botou pra jogo e deu aquela batida de trivela para um gol de classe e mostrando que ainda há fogo e vitalidade correndo na veia! É rock n’ roll baby, nada mais! Deleite-se!

NOTA: 8

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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