Resenha: Ocean Groove – “Oddworld” (2025)
Após mais de uma década de carreira, os australianos do Ocean Groove estão de volta com força total e seu quarto trabalho de estúdio, “Oddworld”, que marca uma nova fase da banda ao ser lançado pelo selo SharpTone Records e distribuído pela Shinigami Records. Com 14 anos de trajetória, o grupo — formado pelo vocalista Dale Tanner, o guitarrista Matt Henley, o baixista Twiggy Hunter e o baterista Sam Bassal — agora conta novamente com o reforço de Luke Holmes (vocais) e Matthew Kopp (guitarra), que retornaram para as gravações em estúdio.
O álbum carrega a essência irreverente da banda, misturando o peso do metalcore com elementos de hip hop e uma pegada retrô, tudo costurado por uma energia provocante. Desde a abertura com “OG Forever” até o interlúdio “No Offence Detected”, o disco traz aquele típico charme australiano que cativa, preparando o terreno para a intensa “Cell Division”, onde o lado mais sombrio e experimental do grupo se manifesta com força.
A sonoridade do OCEAN GROVE aqui remete fortemente às influências de bandas como LIMP BIZKIT, principalmente na contagiante “Fly Away”, que se destaca pelo refrão explosivo e pela liberdade que oferece ao ouvinte — seja para pular no mosh pit ou se soltar na pista. No entanto, a partir desse ponto, o disco assume uma direção mais introspectiva e psicodélica, com uma atmosfera densa que distorce e desorienta.
A faixa “Raindrop”, por exemplo, tinha potencial para ser mais suave, mas acaba sobrecarregada pelos vocais intensos, que obscurecem os demais elementos da produção. Ainda assim, há acertos claros, como em “Last Dance”, onde a banda aposta em uma abordagem mais minimalista e refinada, criando momentos de respiro antes de retomar a intensidade.
“Oddworld” se diferencia de álbuns anteriores pela sua tonalidade mais sombria e pelo aceno constante à nostalgia. A canção “My Disaster” é um ótimo exemplo disso, remetendo à sonoridade de ícones como o LINKIN PARK. Contudo, o álbum caminha sobre uma linha tênue entre homenagem e repetição. Mesmo com faixas agitadas como “Sowhat1999”, feitas para agitar o público em um show, a identidade da banda por vezes se dilui — como ocorre em “OTP”, onde a tentativa de flertar com o trap metal soa deslocada para os fãs mais antigos, embora possa agradar aos admiradores de nomes como BLACKGOLD.
No fim das contas, o nome “Oddworld” traduz bem o espírito do álbum: uma terra estranha dentro do universo do OCEAN GROVE. É uma obra que tenta romper padrões, mas por vezes acaba seguindo caminhos mais convencionais. A tentativa de experimentação é válida e merece reconhecimento, mas o resultado final deixa uma sensação de que algo essencial se perdeu no processo. Ainda assim, é um retrato honesto de uma banda em transformação, tentando encontrar seu lugar em um mundo também em constante mutação.
NOTA: 7