Resenha: Rotting Christ – “Pro Xristou” (2024)

Após cinco longos anos, os gregos do Rotting Christ estão finalmente de volta com “Pro Xristou“, o 14° full-lenght desta banda, capitaneada pelos irmãos Themis e Sakis Tolis. O álbum foi lançado em 24 de maio, pelo selo francês Season of Mist e que ganhou versão brasileira através da Urubuz Records, que inclui capa em slipcase e pôster.

Neste novo álbum, cuja tradução significa “Antes de Cristo”, os irmãos mantiveram a ideia do conceito do álbum antecessor, “The Heretic” e conforme a própria banda havia comunicado à imprensa, trata-se de uma homenagem aos pagãos, que, segundo eles, resistiram à chegada do cristianismo, destruindo valores, tradições e conhecimentos do mundo antigo. O álbum chega no momento em que a banda acaba de celebrar seus 35 anos de existência.

O play foi gravado no início de 2023, em Atenas, no Deva Sounds Studios, com produção de Sakis Tolis, que além de vocalista, toca guitarra, baixo, escreveu as letras e as músicas. A mixagem foi realizada no Fascination Street Studios, em Örebro, Suécia, no mês de junho do ano passado, pelo renomado produtor Jens Borgen (Arch Eneny, Borknagar, Crypta, Carcass, Amorphis, Amon Amarth, entre outros).

A capa, merece também um destaque à parte. Belíssima, é intitulada “Destruction” e faz parte da série “O Curso do Império“, de Thomas Cole. A obra foi desenhada originalmente entre os anos de 1833 e 1836 e retrata o crescimento e queda de uma cidade imaginária, sendo “Destruction“, como o título sugere, a destruição do império e cai como uma luva na temática da banda, que gira pela queda do período pré-cristão.

Musicalmente, “Pro Xristou” traz elementos do Black Metal, aliados ao Gothic, com muitas passagens atmosféricas e bem diferente do Black Metal old-school. Então se você procura algo que soe como o Black Metal da primeira geração norueguesa, esta não é uma boa opção. O álbum é composto de dez canções, em 46 minutos e entre as melhores passagens, podemos citar as músicas “The Apostate” traz belos riffs, combinados com um coral que dá um ar épico à canção, que tem uma atmosfera muito interessante, “La Lettera del Diavolo” é rápida, traz um blast-beat e contrasta com refrão sinfônico, “Pix Lax Dax” tem ótimos riffs, sem deixar de lado a aposta no clima atmosférico e “Yggdrasil“, que no álbum está grafado ᛦᚵᛑᚱᛆᛋᛁᛚ, também tem riffs interessantes.

O trabalho de produção é de excelente qualidade, deixando tudo perfeitamente compreensível, sem espaço para ruídos e sujeira no som. Até quem não tem o Black Metal como estilo favorito pode vir a gostar do álbum. Não é à toa que o Rotting Christ é o maior nome do Metal da terra dos filósofos gregos, Platão, Sócrates e Aristóteles, e também é um dos nomes mais relevantes da cena Black Metal em todos os tempos.

A conclusão é de que valeu e muito a pena esperar cinco anos para vislumbrarmos mais uma bela obra, que traz a poesia pagã em forma de música. Só não podemos contar ao headbanger conservador brasileiro sobre as letras que a banda trata, para que eles não sejam cancelados (contém ironia, obviamente). Ótimo play.

NOTA: 8.0

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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