Resenha: Sylosis – “A Sign of Things To Come” (2023)

Desde que nasceu lá por volta de 2008, o Sylosis é uma força um pouco difícil de classificar em um único grupo. Já foram chamados de thrash, metalcore, groove metal ou até de death metal melódico. A verdade é que nenhum desses rótulos serviria para definir a banda, porém, ela bebe de todas essas vertentes.

Eles entregaram este ano sua mais nova coleção de registro, “A Sign of Things To Come“, lançado pela Nuclear Blast Records e distribuído no Brasil pela Shinigami Records. O novo disco apresenta melhores e mais consistentes momentos do que seu anterior e o toque de modernismo é a cereja de bolo em um produto muito bem entregue.

A abertura com a “muro de concreto” “Deadwood” já coloca o ouvinte em alerta, com guitarras estrondosas e vocais agressivos. O final segue uma linha mais melódica que traz o tom moderno a música, que ainda assim, continua uma porradaria brutal e mostra um começo incendiário. A faixa título já vem na bota e com seu tom obscuro na abertura, é escolha certa para batizar o registro. A música é mais baixa e menos estrondosa que a anterior, e começa mostrar que o disco não irá seguir uma única fórmula pronta ou algo do tipo. “Pariahs” é metalcore fluindo em seus versos, caindo em uma espiral de riffs e breakdows no refrão, caindo em porradaria do metal mais moderno. “Poison For the Lost” tem uma veia do thrash enjaulados nos versos agitados e certeiros, e a quebra em ritmo mais pausado na sequência provocam tom de desafio ao ouvinte, que fica curioso pelo que virá na sequência. O refrão segue mais linear e apresenta bom resultado. “Descent” e “Absent” apresentam uma dobradinha marcada, cravada e lembram ares do As I Lay Dying. O refrão limpo da primeira é um acerto em cheio, que pareceu faltar em algumas canções passadas. A segunda, começa mais sombria e descamba para um momento arrastado e denso, com os vocais se alterando para dar o drama perfeito às linhas executadas. “Eye For an Eye” é uma das mais enérgicas faixas do disco e explode com uma força visceral, como um arrasa quarteirão, brutal e sem voltas. A intro é insanidade tal com riffs massacrantes e uma bateria avassaladora. Mais uma vez, o refrão dramático em tom mais limpo é certeiro e cai como uma luva para o registro. Sem dúvidas uma das melhores, se não a melhor do disco. “Judas” e sua introdução melancólica e densa são o carimbo de que a segunda metade do disco é ainda melhor que a primeira. É fácil pensar nas rodas de mosh que essa música pode causar. O refrão de quarteirão é mais uma vez certeiro, sem a intenção de soar repetitivo, mas já tomando a liberdade para isso, é algo que enriquece a música. E se você ainda é um dos que torcem a cara para essas misturas, só lamento. “Thorns” me levou a momentos do In Flames e uma faixa mais “freada”, porém não menos que as demais, ao contrário, carregada de carisma. O encerramento vem com “A Godless Throne“, com teclados climáticos dando o fundo e tom macabro ao registro.

Ainda que falte algumas pequenas lapidações em músicas da primeira metade, o Sylosis acerta em cheio em seu novo material, e como dito, coloca o metal pesado exatamente onde ele deve estar na atualidade, e mesmo que alguns mais tradicionais ainda torçam o nariz para essa nova abordagem, que mais materiais assim possam ver a luz do dia.

NOTA: 8

 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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