Resenha: The Halo Effect – “March of Unheard” (2025)

The Halo Effect surgiu como uma resposta direta ao distanciamento sonoro que o In Flames adotou a partir do disco “Reroute to Remain“, lançado em 2002. Embora esse novo caminho tenha produzido trabalhos relevantes, como o bem-recebido “Foregone”, de 2023, muitos fãs ainda guardam saudade da fase mais melódica da banda, representada por álbuns como “The Jester Race“, de 1996.

Foi com essa nostalgia em mente que, por volta de 2021, cinco ex-membros do In Flames uniram forças para formar The Halo Effect. A nova formação inclui o vocalista Mikael Stanne, o baixista Peter Iwers, o baterista Daniel Svensson e os guitarristas Niclas Engelin e Jesper Strömblad – todos com raízes profundas no icônico som de Gotemburgo. O álbum de estreia do grupo, “Days of the Lost” (2022), foi celebrado exatamente por isso: trazer de volta a essência do melodeath sueco clássico.

Agora, com o lançamento de “March of the Unheard“, que chega pela Nuclear Blast e distribuído pela Shinigami Records, o quinteto eleva ainda mais sua proposta. O segundo disco aprofunda a estética do debut, entregando uma experiência ainda mais fiel à sonoridade original que os consagrou, ao mesmo tempo em que apresenta nuances mais ambiciosas. Segundo Stanne – que também lidera o Dark Tranquillity – a estreia nasceu do desejo de fazer algo espontâneo e divertido, mas o sucesso inesperado gerou uma expectativa que influenciou a produção do segundo trabalho. Engelin complementa: “Me senti mais seguro agora. Este álbum é mais progressivo, tem mais guitarras, mais riffs – é mais de tudo”.

O disco segue explorando temas como individualidade e identidade dentro do metal, mantendo a coerência com a proposta inicial da banda. A faixa de abertura, “Conspire to Deceive“, já estabelece o tom: guitarras entrelaçadas, atmosfera melancólica e riffs agressivos remetem diretamente ao auge da cena de Gotemburgo, com Stanne alternando vocais furiosos com passagens mais reflexivas.

Outros destaques como “Detonate”,A Death that Becomes Us” e “What We Become” seguem essa fórmula com pequenas variações, oferecendo momentos de maior acessibilidade e melodias marcantes. Entretanto, é nos desvios criativos que o álbum encontra sua força maior. “Our Channel to the Darkness“, por exemplo, inicia com um trecho acústico sombrio que remete diretamente às raízes do estilo. Em “Cruel Perception“, arpejos delicados acrescentam profundidade emocional, enquanto “This Curse of Silence” se destaca pelo uso inesperado de piano, corais angelicais e até banda marcial, trazendo um toque grandioso e cinematográfico ao trabalho.

Outras canções como “Forever Astray” e “Between Directions” mostram Stanne explorando vocais mais limpos, algo que funciona muito bem dentro do contexto do álbum. Já “Coda”, uma faixa acústica e contemplativa, serve como encerramento perfeito, refletindo os temas abordados ao longo do disco e dando um ar de conclusão elegante.

Apesar de um equilíbrio um pouco maior entre vocais guturais e limpos poder beneficiar ainda mais a obra, essa é uma observação subjetiva. Interessante notar que tanto “March of the Unheard” quanto “Coda” evocam elementos de “Dead Eternity“, clássico do In Flames, cuja melodia também foi reaproveitada em “Acoustic Medley“. Coincidência ou homenagem deliberada, o fato é digno de nota.

No fim das contas, “March of the Unheard” é não apenas uma sequência digna de “Days of the Lost“, mas uma evolução clara. O The Halo Effect reafirma sua identidade própria ao mesmo tempo em que honra o legado que ajudou a construir. Para fãs da era dourada do In Flames ou amantes do melodeath sueco em geral, este disco é uma celebração do que tornou o estilo tão marcante.

NOTA: 7 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

2 thoughts on “Resenha: The Halo Effect – “March of Unheard” (2025)

  • maio 8, 2025 em 11:04 am
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    Essa arte acima me lembra muito a arte do Angra Ømni, ou é impressão minha. Abraços

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    • maio 8, 2025 em 8:37 pm
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      Realmente a arte lembra a capa do Ømni, valeu!!!!

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