Resenha – Torture Squad – “Devilish” (2023)
Eu pensei em várias formas de começar esse texto, mas fiquei tão impressionado com as três primeiras faixas de “Devilish”, novo disco do Torture Squad, que não encontrei forma melhor do que já falar diretamente da monstruosa abertura com “Hell Is Coming“. Faixa que começa com quebradas e ares de citra, mas logo descamba em uma bordoada visceral. A guitarra de Rene Simionato soa com uma agressividade tão aflorada que ganha vida própria, e a cozinha com o baixo de Castor e a brutal bateria de Amílcar Cristófaro, é de uma presença tão grande que arrepiam em sua execução. Mayara Puertas se impõe como uma das vocalistas nacionais mais brilhantes amadurecendo e usando o todo que sua voz tem, em diversas camadas diferentes realmente assombrosas. Os quase sete minutos da música viajam em progressões.”Fluke” da seguimento e traz um riff monstro no início e logo cai em um bate cabeça monstro, cheio de vigor e insanidade. “Buried Alive” é um dos destaques, trazendo a participação de Andreas Kisser do Sepultura em uma descarga visceral de energia e poder, com Amílcar espancando a bateria, que é quem dita as regras e o “coice” de Castor no baixo é certeiro. Correndo o risco de soar repetitivo, mais uma vez é preciso apontar o poderio do vocal de Mayara que de novo passeia por camadas em sua voz. O solo é insanidade pura! “Warrior” é algo mais cadenciado, um quase “rock n’ metal”, e é dedicada ao mestre Rickson Gracie, uma das maiores lendas do jiu-jitsu. “Sanctuary” é uma bordoada desnorteada do puro suco de death metal, mas rica em tantas progressões e mudanças de andamento que chegam a dar nó na cabeça do ouvinte. A próxima, “Uatumã”, é um momento grandioso do disco, trazendo um apelo em sua letra para o desmatamento desenfreado da Amazônia nos últimos anos, em forma de uma música robusta e forte, que conta com a participação de diversos ilustres nomes como Victor Rodrigues (Tribal Scream), e antigo vocalista do Torture, Suzane Hecate (Miasthenia), e João Luiz (Golpe de Estado), além de contar com as falas do líder indígena Raoni Metuktire. Daí para frente, nos deparamos com “Thoth”, cadenciada e truncada, “Mabus”, single do disco, “Find My Way“, mais melódica em seu início, mostrando uma temática acústica grandiosa.
O Torture Squad acerta em cheio em dos lançamentos nacionais mais brutais e bem executado de 2023, que merecidamente irá figurar entre listas de melhores de ano. Fora alguns interlúdios mais ao final que acabam não acrescentando. Ouça no máximo.
NOTA: 8
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