Rush: 44 anos do eterno clássico “Moving Pictures”

Há 44 anos, em 12 de fevereiro de 1980, o Rush lançava “Moving Pictures”, o oitavo e o mais bem sucedido álbum da carreira do maior power-trio que esse planeta já conheceu e que é assunto do nosso bate-papo desta quarta-feira.

“Moving Pictures” marca a continuação da transição do som da banda, iniciada no álbum anterior, o não menos excelente “Permanent Waves”. Nos anos 1980 eles deixariam um pouco as guitarras do Rock Progressivo de lado, priorizando os sintetizadores e um som mais radiofônico. Porém, essa paassagem se deu com um grandioso disco e nós vamos te contar um pouco da história desse discaço.

“Permanent Waves”, já havia aumentado a reputação da banda e os caras nem tinham a obrigação de se superar, porém, acertaram em cheio, criando um álbum emblemático e muito importante para toda a cena. Em junho de 1980, eles encerraram uma turnê que passou pelos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido e a ideia era gravar um álbum ao vivo. Porém, durante a turnê, algumas novas ideias foram surgindo e eles mudaram os planos, resolveram gravar o aniversariante do dia e o álbum ao vivo acabou sendo o maravilhoso “Exit… Stage Left”, de 1981.

Então entre outubro e novembro de 1980, o trio se reuniu no “Le Studio“, em Quebec, na companhia de Terry Brown, que atuou como co-produtor. Uma curiosidade é que a música “Red Barchetta” foi gravada em um take só. Eles enfrentaram problemas com os equipamentos no estúdio, o que levou a um atraso de três dias no encerramento das sessões. E assim nasceu o disco mais aclamado do trio, que iremos destrinchar a partir das linhas abaixo:

Temos 40 breves minutos e uma sensação única: um disco que, das sete músicas, as quatro primeiras são simplesmente estupendas. “Tom Sawyer“, com aquele clima lindo, um peso como poucas vezes fora ouvido na sonoridade do Rush, é quem abre os trabalhos e da melhor forma. Os teclados e sintetizadores de Geddy Lee ditam o ritmo, mas a guitarra e a bateria não ficam para trás, assim como o baixo cavalgado que acompanha o solo é espetacularmente lindo. Abertura melhor não poderia haver. E a lembrança deste redator que vos escreve é do show que a banda fez no Maracanã, no já longínquo ano de 2002, que virou o CD/DVD “Rush in Rio”, foi com esta mesma “Tom Sawyer” que o melhor trio do mundo abriu a apresentação. Geddy Lee utilizou um baixo Fender ao invés do seu conhecido Rickenbacker para gravar esta faixa e o resultado foi ótimo. Ele voltou a utilizar esse mesmo baixo doze anos depois, ao gravar o maravilhoso “Counterparts”.

“Red Barchetta” explora as harmonias e a banda beira a perfeição, com destaque para a dupla Geddy Lee e Neil Peart, essa que foi a cozinha mais entrosada e cirúrgica da história do Rock. A letra fala sobre carros e a música caiu como uma luva no mercado estadunidense.

Se alguém lhe perguntar qual é o maior instrumental da história do Rock, e quiçá da música, responda sem pensar: “YYZ“. Uma música forte e que levantava até defunto quando a banda a executava ao vivo. Novamente, o espetáculo à parte é de Geddy Lee no baixo. E para quem não sabe, o título da música remete ao aeroporto de Toronto, cidade natal dos caras, já que depois de tantas turnês cansativas, a banda se sentia aliviada por estar de volta em casa quando avistava a sigla YYZ em seus bilhetes aéreos. A música nasceu de uma brincadeira entre Neil Peart e Geddy Lee e depois Alex Lifeson entrou na jogada, abrilhantando tudo com seu solo.

“Limelight” acalma os ânimos trazendo mais melodia em uma música não menos importante. Um som cheio de clima e competente, com o selo de qualidade do Rush. A letra trata de particularidades de Neil Peart, em que ele tenta entender essa relação entre fã e ídolo, concluindo com sua insatisfação com a fama e a perda da privacidade, tipicamente comum para as pessoas famosas. “The Câmera Eye” tem uma longa intro e aqui a banda já dá uma pequena amostra do que se tornaria a sua sonoridade durante os anos 1980, com muitos sintetizadores e um breve afastamento do Rock Progressivo, que abordamos no início deste texto. Em que pese o fato de esta música ser a mais longa do álbum, com mais de 10 minutos.

Aí chega a música favorita de toda a carreira do Rush para este redator que vos escreve: a sombria “Witch Hunt“. Com riffs perfeitos e uma atmosfera perfeita, essa música ganhou meu coração quando eu a conheci no ao vivo “A Show of Hands“. Ao vivo ela fica ainda mais pesada. A curiosidade é que os teclados da intro foram gravados por Hugh Syme, o cara que criou a arte da capa. Aliás, ele trabalhou em todos os álbuns do Rush, a partir do terceiro álbum, “Caress of Steel” (1975).

“Vital Signs” fecha o álbum em uma canção mais pop, com flertes com Reggae, principalmente nas guitarras de Alex Lifeson. Não que seja uma música ruim, mas está um pouco só abaixo das demais, sendo até covardia compará-las com as clássicas deste belo disco, ela não faz o disco deixar de ser maravilhoso e merecedor da homenagem de hoje.

“Moving Pictures” não só deixou o seu legado, como tem diversas conquistas: alcançou a 1ª posição do “Canadian Albums Charts“; enquanto que na “Billboard 200” e na “UK Albums Charts“, chegou ao 3º posto; na Holanda, o álbum alcançou a 19ª posição, 32ª Suécia e 34ª na Holanda. Foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido, 4 vezes Platina no Canadá e 5 vezes Platina nos Estados Unidos.

O álbum tem mais conquistas: a revista “Kerrang!” colocou o aniversariante do dia na posição número 43 da lista dos “100 Maiores Álbuns de Heavy Metal de Todos os Tempos“; a “Rolling Stone” colocou o disco em 10º lugar na lista dos “Discos Favoritos de Rock Progressivo“; em 2012. A mesma revista elegeu “Moving Pictures” como o 3º maior disco de Rock progressivo de todos os tempos, ficando atrás apenas de “In the Court of king Crimson” e de “The Dark Side of the Moon“, de uns certos King Crimson e Pink Floyd, respectivamente. Este redator discorda desta lista e coloca o homenageado na segunda posição, atrás somente do seu antecessor, “Permanent Waves”, com todo respeito que as duas bandas merecem.

O álbum foi relançado por algumas vezes, sendo a primeira em 1984. Nesta edição, por engano, as primeiras batidas da introdução de “Tom Sawyer” acabaram ficando de fora, fato que foi corrigido depois. Em 1997, o play ganhou uma remasterização digital; em 2011, em comemoração aos 30 anos, foi relançado com dois discos, sendo o primeiro a versão original do álbum e o segundo consistindo em um DVD ou Blu-ray, com o áudio em estéreo, mixado em surround 5.1. Em 2015, “Moving Pictures” ganhou uma versão remasterizada em vinil. E por fim, em 2022, nova edição remasterizada, que conta como bônus um registro da banda tocando ao vivo em Toronto, no ano de 1981.

Em 2014, os leitores da revista “Rhythm“, elegeram o aniversariante de hoje como a melhor gravação de bateria da história do Rock Progressivo. E por fim, o livro “1001 Álbuns Que você Precisa Ouvir Antes de Morrer“, do autor Robert Dimery, listou “Moving Pictures” entre estas pérolas.

Infelizmente a banda não mais existe e com o falecimento de Neil Peart no ano de 2020, as chances de um retorno da banda que já eram nulas. Mas Geddy Lee voltou a tocar com Alex Lifeson. Só nos resta saber se será sob o nome Rush. Então levar adiante esse legado e celebrar “Moving Pictures” não somente no dia 12 de fevereiro, mas por todos os dias de nossas vidas.  Vamos curtir esse play no volume máximo, esses três caras merecem todo o nosso respeito, admiração e reverência.

Moving Pictures – Rush
Data de lançamento: 12/02/1981
Gravadora: Anthem

Faixas:
01 – Tom Sawyer
02 – Red Barchetta
03 – YYZ
04 – Limelight
05 – The Camera Eye
06 – Witch Hunt
07 – Vital Signs

Formação:
Geddy Lee – Baixo/vocal/Teclados/Sintetizadores
Alex Lifeson – Guitarra
Neil Peart – Bateria

Participação especial:
Hugh Syme – Teclado em “Witch Hunt“

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

One thought on “Rush: 44 anos do eterno clássico “Moving Pictures”

  • fevereiro 12, 2025 em 8:44 pm
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    Confesso que só fui conhecer a banda por causa da série Profissão Perigo que passava na Globo de antigamente, onde ali na intro tocava o clássico ¨Tom Sawyer¨e assim começou a minha vida no Rock do Rush!!!! Marcou muito esse album clássico, valeu!!!!

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